Tipos marcados pela violência emergem em contos

Universo sombrio povoa as histórias de “As Coisas Que Perdemos no Fogo”, de Mariana Enriquez


Quando a argentina Mariana Enriquez empunha a caneta para escrever sua ficção, parece que as nuvens escurecem, o dia se dissipa, o medo se espalha. Se o turista está habituado a visitar uma Buenos Aires de largas avenidas, cafés acolhedores, cinemas e teatros abarrotados, tango ressoando a cada esquina, a cidade que sai da imaginação da escritora de 44 anos é marcada por casas e ruas abandonadas, frequentadas por prostitutas, viciados, crianças solitárias. Pior: nos contos de Mariana, é comum aparecerem corpos mutilados, pessoas que simplesmente desaparecem, luzes que se acendem e se apagam sozinhas. É esse universo sombrio que povoa as curtas histórias de “As Coisas Que Perdemos no Fogo”, livro lançado agora pela Intrínseca.
Em uma literatura tão notadamente marcada pelo romance policial como a argentina, Mariana Enriquez prefere o terror ou, melhor dizendo, o horror. “Trata-se de um gênero que me agrada muito”, conta ela, por telefone, desde a capital argentina, voz doce e sossegada. “Porque é o que oferece mais risco para um autor, que dispõe de liberdade para utilizar uma linguagem muito mais apta para entender a vida moderna do que outros gêneros aparentemente mais realistas. Você pode fazer o que quiser em um conto de terror”.

Fonte: Site de O Liberal Online (Texto e foto)

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