Dia Mundial do Livro: Monique Malcher fala sobre leitura e os novos formatos de acesso
Monique Malcher lançou ‘Flor de gume’ em 2020 e ganhou em 2021 o prêmio Jabuti de Literatura


A data de hoje, 23, simboliza mundialmente o “Dia do Livro” e foi criada para estimular o contato com a produção literária. A escritora Monique Malcher reflete a data e explica em entrevista ao Grupo Liberal o que pensa sobre a escrita e os novos formatos de leitura e, também, recomenda nomes de novas autoras e autores para se conhecer: Roberta Tavares, Thiago Kazu, Danna Dantas, Nádia Camuça e Pedro Augusto Baía.
“Não acredito que sozinhos os livros mudem a sociedade, são nossas ações que atuam nessa transformação política”, assim começa a vencedora do prêmio Jabuti de Literatura de 2021 e continua. “E nessa arquitetura os livros guardam questões, assombros e ideias que quando usadas para nossa reflexão são capazes de muito. Não escrevo para oferecer respostas, mas questionamentos, que muitas vezes foram e são meus. O livro é tecnologia ancestral de reflexão, que sobrevive com a ajuda de trabalhadores da palavra que acreditam no poder que ele carrega”,
disse.
Monique destaca a importância de outros formatos de leitura, devido a acessibilidade, mas acredita que a leitura do livro físico, não representa um saudosismo, mas sim, identificação. “As pessoas que se conectam com ele geralmente precisam da materialidade para se sentirem bem. Carregamos amuletos e objetos que nos conectam com o pensar, o livro ainda é esse objeto importante que você dobra, marca, faz anotações. As anotações em um livro é também um diário do leitor, e ao final temos um livro dentro de outro. Amo os audiobooks e os livros em braille, fazem o papel fundamental da literatura: fazer a palavra chegar, não como favor, mas como direito. Esses outros formatos precisam ter no mercado editorial a mesma importância do que o livro que conhecemos. Precisamos de investimentos governamentais para que isso seja realidade. Um sonho seria que todo livro ao publicado tivesse todos esses formatos”, declarou.
Apesar da praticidade e custo baixo dos livros digitais, os impressos continuam encantando e apresentam um novo universo a quem se dedica a folhear as páginas. Em Belém, o projeto Barca Literária, da ONG Comissão Solidária Vila da Barca, localizado nas palafitas da comunidade ribeirinha da Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, há três anos se dedica a levar acesso à leitura a crianças, adolescentes e adultos, realizando uma grande transformação social por meio da educação.
A criadora do projeto, Gisele Mendes, explicou que a biblioteca itinerante tem como uma das missões causar impacto social na comunidade por meio da acessibilidade da leitura.“É maravilhoso estar dentro de um território comunitário levando livros, o toque, o folhear o livro, entender como foi escrito, que pessoas escreveram, valorizar esses produtores, de onde vieram que são realidade muito parecida com a nossa de periferia. E o livro leva a gente para esse mundo encantado de entender o ser humano, quando lemos conseguimos potencializar nosso lugar no mundo”, afirmou Gisele.
Segundo ela, as próprias crianças e adolescentes também conseguem influenciar seus familiares a quererem ler, o que gera a produção de novos leitores. "Muitos dos adultos não tiveram oportunidades, e as crianças despertam esse interesse quando leva o livro para a casa, explica o que está acontecendo. Tudo isso é o início de uma rovulação”, complementou.
Fonte: O Liberal
Texto: Emanuele Corrêa e Amanda Martins
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