Carne Fraca: entenda o que pesa contra cada frigorífico
Considerada a maior operação da história da Polícia Federal, a Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, desmantelou um esquema de pagamento de propina envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura e empresários do ramo alimentício para relaxar a fiscalização e conseguir a liberação de licenças. A operação teve como alvos frigoríficos de pequeno porte e as gigantes BRF e JBS, que sentiram reflexos em suas ações, que tiveram uma forte desvalorização na Bolsa de Valores ao longo do dia.
Diante das informações de que produtos estragados estavam sendo liberados ao consumo, o governo precisou se mobilizar para tranquilizar a população e avisar que “não há razão para pânico”, pois nem todas os frigoríficos do país estavam envolvidas nos casos investigados. Por fim, tomou como providências a interdição de três frigoríficos — um da BRF e dois da Peccin — e o afastamento de 33 funcionários. Entenda o que pesa especificamente sobre cada empresa.
BRF
A empresa se tornou alvo por irregularidades no frigorífico de Mineiros (GO), fabricante de carne de aves, e pelo envolvimento no esquema do seu gerente de Relações Institucionais, Roney Nogueira dos Santos, alvo de mandado de prisão preventiva. A ele foram atribuídos os crimes de corrupção, passiva e ativa, concussão, peculato, prevaricação, advocacia administrativa, falsificação e adulteração de substância ou produtos alimentícios e lavagem de dinheiro.
O inquérito traz indícios — não muito claros — de que material impróprio foi utilizado na produção de alimentos da BRF. É citado especificamente um diálogo entre Santos e um fiscal do Ministério da Agricultura, em julho de 2016, em que ele fala sobre “reprocessar” aproximadamente 700 quilos de mortadela considerada inadequada.
Diálogos interceptados pela PF também mostram o envolvimento de outro diretor da BRF — André Baldissera. Ele aparece conversando com um interlocutor identificado como Fabrício sobre a retenção de contêineres na Europa. Com base nos áudios, a investigação concluiu que as autoridades sanitárias da Europa haviam identificado no carregamento “traços de uma das variações da bactéria salmonella” e, por isso, havia vetado a entrada dos alimentos.
O que diz a BRF
A empresa divulgou uma nota, ressaltando que “cumpre as normas” e tem “rigorosos processos e controles”. “A BRF informa que (…) está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”, diz o texto.
Mandados
Roney Nogueira dos Santos (gerente de Relações Institucionais e Governamentais): prisão preventiva
André Baldissera (diretor): prisão preventiva
José Roberto Pernomiam Rodrigues Júnior (vice-presidente): prisão preventiva
Luis Guaraná (funcionário): condução coercitiva
Sede da empresa: mandados de busca e apreensão
Unidade de Mineiros (GO): interdição
André Baldissera (diretor): prisão preventiva
José Roberto Pernomiam Rodrigues Júnior (vice-presidente): prisão preventiva
Luis Guaraná (funcionário): condução coercitiva
Sede da empresa: mandados de busca e apreensão
Unidade de Mineiros (GO): interdição
Sede da empresa (busca e apreensão)
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