1º Festival 'As Amazonas do Cinema' está com inscrições abertas



Programação propõe imersão no trabalho de mulheres dos estados brasileiros que compõem a Amazônia e também dos países atravessados pela região


Grande novidade da 6ª edição do Amazônia Doc – Festival Pan Amazônico do Cinema, o 1º Festival "As Amazonas do Cinema" está com inscrições abertas. A programação propõe uma imersão no cinema feito por mulheres cis e trans dos estados brasileiros que compõem a Amazônia e também dos países atravessados pela região conhecida como Amazônia Legal e Sul-Americana. O regulamento para a submissão dos filmes está na plataforma Filmfreeway, que pode ser acessado aqui.
Além de uma mostra competitiva de curta, média e longa-metragens, a iniciativa de protagonismo feminino traz ainda uma oficina e debates sobre o pensamento e a presença das mulheres no campo do cinema. Para a diretora geral do Amazônia Doc, Zienhe Castro, a iniciativa é uma forma de valorizar o trabalho da ala feminina no segmento. "Acredito que o audiovisual é uma linguagem muito potente e que o uso dessa linguagem contribui pra reverberar o movimento feminista, potencializar nossas conquistas e fortalecer nossas lutas, e assim nos dar maior visibilidade; inclusive os Festivais de Cinema com maior participação de mulheres tornam-se uma forma excepcional para ampliar e promover nosso discurso", avalia.
Na primeira edição, o festival rende homenagens a uma grande escritora paraense, cujo legado é indiscutível para a cultura brasileira. "Estamos desenvolvendo o Troféu Eneida de Moraes, que não era uma mulher do cinema, mas foi uma mulher da literatura, importante militante política e cultural e ainda fundadora do MIS-PARÁ, em 1971, ano que ela faleceu. Achamos que é uma mulher plural, multifacetada, que representa todas as linguagens", pontua Zienhe.
"Acredito que Eneida está para nós mulheres da Amazônia paraense como Leila Diniz está para as mulheres cariocas. Somos todas Eneidistas", compara a diretora, que também é idealizadora da iniciativa.
Zienhe Castro anunciou o adiamento para data incertaZienhe Castro, diretora e idealizadora do Festival Amazônia Doc 3 em 1 (Divulgação)


Protagonismo  feminino nas telonas


A participação feminina em diversos setores do audiovisual vem crescendo, mas ainda o segmento ainda mostra-se preconceituoso e desequilibrado. "Percentualmente os números de mulheres diretoras ainda são bem reduzidos. É necessário refletir mais, discutir mais e fazer mais para mudar essa realidade. E esse festival reafirma a potência das narrativas feitas por mulheres", aponta a produtora e artista visual Carol Abreu, que coordena o 1º Festival "As Amazonas do Cinema".
Crítica de cinema e jornalista, Lorenna Montenegro também coordena a programação e destaca que, mesmo entre dificuldades, as mulheres têm conquistado seu espaço e desenvolvendo trabalhos expressivos no meio do caminho. "As mulheres vêm desconstruindo o olhar normativo que ainda domina a cena audiovisual brasileira, mas que na região amazônica vem se fortalecendo com viés cultural e ancestral. Isso é algo que reverbera de uma forma potente em filmes realizados, pelo menos desde meados dos anos 80. Temos os documentário de Edna Castro feitos naquela época e Jorane Castro, que possui uma filmografia de vídeos artísticos, assim como ficção, em curta e longa-metragem, sempre tendo questões femininas como eixo central", pontua.
Carol Abreu cita ainda nomes de mulheres de destaque no cinema paraense, entre elas, "Zienhe Castro (Promessas em Azul e Branco), Jorane Castro (Ribeirinhos do Asfalto) , Adriana Oliveira (Batalha de São Braz), Luciana Medeiros (Série de animação Os dinâmicos) e Joyce Cursino (Elenão!)". 

Apesar de que o Amazônia Doc só ganhou um espaço voltado para as mulheres em 2020, a presença feminina no festival é forte. Zienhe lembra que, em 2019, durante o processo de construção da 5ª edição, surgiu o desejo criar algo específico para as mulheres.  "Dei-me conta de que era só eu cercada de homens na organização e curadoria do Festival e isso me deixou muito incomodada. Resolvi convidar outras mulheres para abraçarem o Festival em vários setores da produção do projeto. Acabamos construindo uma edição com forte presença da mulher, foi o começo de tudo", relembra.

No ano passado, todo o júri e a programação de mesas e palestras foram compostos por mulheres e a programação rendeu homenagens à crítica de cinema Luzia Miranda Álvares. "Foi lindo e potente! Nesta 6ª edição não podia ser diferente, mantivemos a presença de várias mulheres na organização. A proposta é construir um diálogo amplo e permanente e, sobretudo, construir pontes com as mulheres da cadeia produtiva do cinema desse imenso território Pan-Amazônico", conclui.

O Amazônia Doc – Festival Pan Amazônico de Cinema é uma realização do Instituto Culta da Amazônia em Co-Realizacão com o Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e o Instituto Márcio Tuma. A Produção é da ZFilmes, com parceria do Sesc; Sebrae; Belém Soft Hotel. A iniciativa conta com o apoio cultural da Fundação Cultural do Pará (FCP), por meio do Cine Líbero Luxardo, Funtelpa, Pará 2000 e Distribuidora Estrela do Norte.

Ainda sem data confirmada, a 6ª edição do Amazônia Doc, em versão 3 em 1, será lançada no segundo semestre de 2020.
Fonte: O Liberal/Cinema (Texto e Foto)

Nenhum comentário