A Mostra de Cinema da Amazônia é uma janela para a produção audiovisual regional

 Mostras e festivais de cinema sempre são bem-vindos. Se permitir a experiência de vivenciá-los é uma maneira de se manter atualizado sobre filmes do presente e do passado que muitas vezes não têm chances de exibição em circuitos comerciais de cinema ou na televisão. Uma mostra sobre cinema amazônico, então, certamente tem ainda mais significados e propósitos além do viés cinematográfico. Afinal, o que conhecemos da Amazônia - e especialmente sobre o cinema amazônico? Conhecer o que se produz em Cinema nessas terras é um ato de incentivo cultural para aqueles que se dedicam a pensar, registrar e debater sobre as características da região, seja em filmes de ficção ou documentários.

A Mostra de Cinema da Amazônia é uma iniciativa do produtor Eduardo Souza que tem como uma de suas finalidades trazer mais visibilidade para diversos filmes e cineastas que são pilares fundamentais para a existência de uma cinematografia amazônica. A primeira edição da Mostra aconteceu em Paris, no ano de 2015. Depois, o evento passou por 5 países, 8 estados da Amazônia Legal, exibindo um total de 180 filmes. A edição deste ano é online e começou no último dia 16 com programação que vai até o dia 22 de setembro.

Na programação da edição de 2021, acontecerão lives, entrevistas, exibição de filmes (curtas, médias, longas, documentários) e cinejornais, assim como diversas produções realizadas na Amazônia nas últimas décadas. O destaque desta edição é a exibição de filmes de cineastas importantes que merecem reconhecimento e estudo, como Silvino Santos, Líbero Luxardo, Pedro Veriano (homenageados da mostra), Milton Mendonça, Vicente Cecim e vários outros.

 

Um dos pioneiros do cinema brasileiro, Silvino Santos (1886-1970) foi um cineasta luso-brasileiro que se estabeleceu em Manaus no início do século passado. Durante muitos anos, não teve reconhecimento do seu trabalho no Brasil, mas felizmente tem sido frequentemente citado como um realizador importante do cinema amazônico.. Na Mostra deste ano, serão exibidos dois filmes de sua autoria: No Paiz das Amazonas (1922) e No Rastro de Eldorado (1925). Grande oportunidade! E tem mais.

Líbero Luxardo (1908-1980) foi um cineasta paulista que veio morar em Belém nos anos 1940 para produzir documentários sob encomenda para o então governador do Estado, Magalhães Barata. Líbero foi pioneiro na realização de cinejornais paraenses e dirigiu longas metragens importantes para o fomento do audiovisual paraense a partir dos anos 1960 - como a obra Um Dia Qualquer (1962). Os filmes Belém 350 Anos (1966), Pescadores da Amazônia (1970), Rio Purus (1972), Marajó, Barreira do Mar (1965) e Brutos Inocentes (1973) também fazem parte da mostra.

Pedro Veriano é o nosso mestre da crítica cinematográfica paraense. Mas também filmou vários curta-metragens a partir dos anos 1950. Serão exibidos nesta edição da Mostra os curtas A Visita (1951), O Desastre (1952), Deus de Ouro (1953) e O Brinquedo Perdido (1962).

Milton Mendonça foi um dos pioneiros dos cinejornais no Pará e fez diversos filmes que mostram Belém em diferentes épocas. A mostra vai disponibilizar os cinejornais Feira Nacional da Amazônia (1960), Av. Almirante Barroso Modernizada (1960), Colégio Antônio Lemos (1963), Guarasuco - Nova Indústria (1964), Premiados Fazem Demonstração (1964), entre outros.

Vicente Cecim (1946-2021) é muito conhecido como escritor e tem uma obra cinematográfica muito interessante. Cecim fez muitos filmes em super 8 nos anos 1970, um período de poucas produções no Pará. É um trabalho que merece ser assistido. Como programador do cinema Olympia, elaborei uma mostra de filmes de Cecim em sua homenagem e foi muito gratificante perceber interesse do público pela sua obra. Agora, nessa Mostra, serão exibidos os curtas Matadouro (1975), Permanência (1976), Sombras (1977), Malditos Mendigos (1978), entre outros filmes.

A transmissão da programação da 8ª Mostra de Cinema da Amazônia será feita pelo canal oficial da Mostra no YouTube e os filmes selecionados serão lançados nos dias agendados e ficarão disponíveis por 72 horas. As lives acontecerão todos os dias, às 18h, com convidados especiais.

Assistir esses filmes é uma rara oportunidade de conhecer mais sobre o cinema amazônico que existe e deve se expandir cada vez mais a partir de novos talentos que vêm surgindo na área do audiovisual. Afinal, histórias foram feitas para serem contadas, lembradas e assistidas para sempre.










Texto e Fotos: O Liberal
Edição: Alek Brandão

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