Miércoles de Escritores Internacionales: Romance sob os acordes de um tango argentino
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Felicitaciones Escritor/a
Paulo Vasconcellos
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Reconocimiento Participativo
Dinámica 17
#Aromascafesletrasylocuras
La Voz de Tus Escritos
Miércoles de Escritores Internacionales
Tucumán Argentina
#Aromascaféletrasylocura
Autor: Paulo Vasconcellos
País: Brasil
Cidade: Capanema-Pará
Título: Tadeu e Antonieta uma linda história de amor
Tadeu e Antonieta uma linda história de amor
Avião ainda era coisa assombrosa para a cidade que se apresentava como uma das mais futuristas naquele começo de século
XX. Muito se falava em guerra, mas pouco se sabia sobre isso. As matas desbravadas iam dando forma à cidade que, mesmo desordenada ia se desenvolvendo. Mestre Caldas era o encarregado da estação do trem que duas vezes ao dia passava por lá e pegava os passageiros e as cargas que seriam transportadas para diversas partes. Ao longo dos anos essa era a rotina da cidade que todos diziam em alto e bom tom, que ela seria muito próspera.
A proteção desta cidade era feita por cotias, macacos, veados, cobras, tamanduás e várias espécies de animais silvestres, além de pássaros das mais raras famílias. Num local distante duas léguas dali, morava uma descendente de índios que era conhecida na redondeza como "feiticeira".
Qualquer dor de barriga que alguém sofresse a feiticeira era chamada para "medicar". Porém, ela era enamorada de um rapaz de boa aparência que chegara há bem pouco tempo no lugar.
O nome da feiticeira era Maria Antonieta e ela usava os vestidos coloridos que chamavam a atenção das pessoas. Era moça bonita e cobiçada. Mas, o seu "príncipe encantado" coincidentemente se chamava Tadeu e os dois passeavam abraçados pelos arvoredos da então pequena cidade. Vez por outra, Tadeu se juntava a um grupo de amigos e cantavam serenatas para as moças bonitas nas noites de luar.
O jovem Tadeu ouvia falar que Antonieta era feiticeira, mas não se incomodava e nem opinava em nada. O fato de Antonieta agir e se vestir deu a ela esse pseudônimo que era considerado muito mais como um apelido.
Numa das vezes em que Tadeu estava na casa da jovem, ela recebeu a visita de uma mãe que acompanhava seu filho que sofria com fortes ataques de impaludismo. Ao ver a situação do garoto a "feiticeira" pegou um galho de arruda, benzeu todo o corpo do menino e o deixou em observação por alguns minutos. Enguanto isso, Tadeu dedilhava um violão tentando acertar as notas de uma música. A mãe do menino se retirou da sala da casa de Antonieta e ao se despedir agradeceu a cura de seu filho. E assim se passavam os acontecimentos na localidade se tornando uma rotina.
Passaram- se dois anos e Antonieta e Tadeu ainda namoravam e pensavam em casar. Dona Minervina, mãe de Antonieta era a favor do namoro, mas havia um grande mistério: ninguém conhecia nenhum familiar de Tadeu e nem a sua origem. Ele havia chegado com uma turma de cassacos que desbravavam as matas fazendo picos para a abertura da estrada de ferro. O rapaz era muito querido por todos e trabalhava em um depósito de compra de malva. Aos poucos ele ganhou a confiança do patrão e negociava com os vendedores que iam ao armazém. Tonico era o nome do patrão de Tadeu que viajava constantemente à capital onde ia vender a malva para uma firma especializada no ramo. Em um dos encontros de dona Minervina com seu Tonico na rua principal, ela indagou ao comerciante se ele conhecia a família de Tadeu. Educado, Tonico disse que não, mas que estava ansioso para vê-lo casado com a feiticeira.
_Dona Minervina, Tadeu é um rapaz descente e tem boas intenções com sua filha e acredito que vai ser uma ótima união. Comentou o comerciante.
_É, seu Tonico, mas o senhor sabe, coração de mãe não se engana e tenho um pressentimento que Tadeu não é a pessoa ideal para a minha filha e vou dar um basta nisso tudo e acabar com esse tal casamento.
A mulher foi para a sua casa e chegando lá chamou Antonieta para uma conversa em particular, uma vez que Raimundo Valente, seu marido e pai de Antonieta, aprovava a união dos dois e torcia para eles casarem.
Como Antonieta era filha única, a mãe tinha todos os cuidados que a época previa. Dona Minervina pediu para a filha "deixar" Tadeu porque aquilo não ia dar certo. Obediente a moça esperou seu amado chegar no final da tarde e o romance foi acabado. O jovem Tadeu pediu explicações a Antonieta, mas ela não tinha muito argumento, e falou que sua mãe havia pedido que ela acabasse o romance. Sem poder fazer nada, Tadeu foi embora e ao chegar em seu aposento que ficava atrás do armazém de seu Tonico, o rapaz ficou triste, isolado e com insônia.
Sem demonstrar qualquer reação diferente, Tadeu estava cedo no trabalho e subindo na carroceria do caminhão para ajudar a amarrar a carga e quando puxava uma das cordas, caiu ao chão e bateu a cabeça, desmaiando na hora. Foi um corre-corre tremendo e como não havia médico no lugar, a solução foi chamarem Antonieta. Ela montou em um cavalo e se dirigiu ao armazém onde estava Tadeu. As pessoas que o socorreram colocavam algodão com álcool para ele cheirar, na tentativa de reanimá-lo.
Na chegada de Antonieta ao armazém ela pediu para ficar a sós com o rapaz e foi atendida. Com seu galinho de arruda ela o reanimou fazendo sua reza. Quando ele abriu os olhos deparou-se com a bela Antonieta esboçando um sorriso tímido. Ela perguntou a ele como acontecera o acidente e tudo foi detalhado. Então, Antonieta disse a Tadeu que recebeu aviso através de um susto que tomou na ocasião em que o rapaz havia caído do caminhão e sabia que algo tinha acontecido, foi aí que Tadeu se pôs em pé e agradeceu a amada pelo atendimento. Os dois saíram da garagem e o trabalho continuou. Por sua vez, Antonieta montou no alazão e retornou para sua casa. Chegando lá contou à mãe o fato e se recolheu ao seu quarto, armando uma rede para poder descansar. Depois de cinco dias, Tadeu ainda sentia sequelas da queda, mas não parava de trabalhar, pois aguardava a chegada do patrão que fora à capital vender os produtos.
O casal Antonieta e Tadeu ficou mais próximo, já que ela se encarregara de cuidar de seu paciente até sua total recuperação, sempre destinando rezas com o galho de arruda e fazendo chás de várias plantas e raízes. Em vez de protestar, dona Minervina mudou de ideia e em diversas vezes ajudava a filha nos momentos de preparar os remédios. Só que, Antonieta não considerava aquilo como aceitação de sua mãe, mas tinha esperanças de continuar ao lado de seu amado.
Com a chegada do patrão de Tadeu da viagem a Capital, tudo foi esclarecido e o homem ficou preocupado, mas como sabia da capacidade do empregado, imaginou que mesmo assim tudo estava no seu devido lugar. No dia seguinte seu Tonico chegou ao armazém e encontrou Tadeu com seu caderno de anotações debaixo do braço e como de praxe, exclamou o tradicional bom dia. O patrão sentou-se em uma pequena cadeira e esperou que Tadeu lhe contasse o que acontecera. Depois do relato o rapaz entregou ao patrão a prestação de contas de tudo o que tinha entrado e saído em mercadorias durante a ausência de seu Tonico.
Ansioso, Tonico perguntou a Tadeu, como estava seu romance com Antonieta e o rapaz respondeu que havia acabado. Com a experiência de vida, Tonico falou ao jovem que não se preocupasse pois Antonieta seria sua esposa. De olhos arregalados, Tadeu esboçou um sorriso leve e continuou seu trabalho.
O velho Tonico foi até a bodega de seu amigo Arnaldo e ao conversar com diversos amigos, um dos assuntos foi o acidente envolvendo Tadeu. Ao longo da conversa, eis que chega dona Minervina e cumprimenta a todos. A mãe de Antonieta quis saber se Tonico tinha alguma novidade para lhe falar e diante da afirmativa do comerciante os dois saíram e conversaram na calçada da bodega. Com segurança, Tonico disse a Minervina que o jovem Tadeu era de boa família e que ela ficasse tranquila em relação ao namoro de sua filha com ele. Mas aliviada, Minervina nem chegou a efetuar as compras no estabelecimento e voltou para a casa. Chegando lá, chamou o marido Raimundo até a cozinha e participou a ele que Tadeu era um bom rapaz e que a partir de então ela iria liberar Antonieta para continuar o romance.
A jovem "feiticeira" estava para a escola e quando chegou, notou mudanças no semblante de sua mãe e perguntou o que havia: "A senhora tem algo a me dizer?" Dona Minervina afirmou que sim balançado a cabeça. "Minha filha, você tem meu consentimento e de seu pai também, para namorar Tadeu e tudo aquilo que eu lhe disse antes, faça de conta que nada aconteceu", explicou Minervina. Contente, Antonieta abriu os braços e apertou o corpo da mãe junto ao seu, agradecendo pela compreensão.
Ao final da tarde a jovem escreveu um bilhete e mandou um mensageiro entregar a Tadeu no armazém de seu Tonico. Ao chegar ao local o mensageiro entrou na boleia do caminhão onde Tadeu manobrava para deixar no ponto da viagem que seria pela madrugada.
O rapaz leu o bilhete, agradeceu ao mensageiro e apressou seu serviço, pois iria se encontrar com sua amada. Por volta das 7 da noite, Tadeu já estava na porta da casa de Antonieta e foi muito bem recebido pela quase sogra. Entrou na sala, sentou-se em uma cadeira e depois ouviu os passos no corredor que eram de Antonieta que vinha da cozinha com uma lamparina na mão. Em outra parte da sala já estavam arrumadas três cadeiras que seriam para ela, sua mãe e Romeu sentarem, onde a prosa seria reiniciada. O ambiente era só de alegria, mas Tadeu fazia de tudo para ficar a sós com a amada. Porém, Minervina sentou-se entre os dois e foi o jeito continuar como estava. Duas horas depois o jovem se despediu e foi para a sua casa, caminhando pelas ruas estreitas e escuras que eram a marca registrada do lugar. No meio da viagem Tadeu assoviava canções românticas para o tempo passar, uma vez que morava distante da casa de Antonieta. No outro dia, o rapaz dava sequência ao seu trabalho com muito mais alegria e foi então que teve a certeza de que sua união com Antonieta seria a solução mais viável, considerando o amor como fator principal na consolidação familiar.
Passados seis meses, o jovem Tadeu já havia feito planos de se casar com Antonieta e esperava o dia 12 de junho e para isso convidou seu Tonico e o incumbiu de fazer o pedido oficial aos pais de Antonieta.
Marcada a data do pedido, Tonico e Tadeu foram até à casa da jovem e as formalidades fizeram parte, como mandavam os costume daquela época.
Os pais de Antonieta concordaram e os jovens colocaram as alianças oficializando o noivado. A notícia se espalhou e muita gente considerava o casal como os personagens de uma bonita história de amor, mas nada de comparações com outras histórias. O tempo foi passando e o dia do casamento marcado. Uma semana antes, o lugarejo estava movimentado de forma diferente e não se falava em outra coisa a não ser o casamento da feiticeira com o rapaz que praticamente havia ressuscitado, depois de sofrer um grave acidente.
No dia 12 de junho, às 17 horas, eles subiram ao altar da pequena capela de Nossa Senhora dos Navegantes e perante o Padre Carmelo, disseram sim, tornando-se marido e mulher. Depois da cerimônia houve uma grande festa na casa da noiva com a presença do sanfoneiro Luis Gonçalo que tocou forró à noite inteira. No terreiro da casa foi erguida uma grande fogueira, pois era véspera de Santo Antonio, o casamenteiro.
De acordo com as opiniões de quase todos os moradores da localidade, Tadeu e Antonieta iniciarão suas novas vidas formando um casal exemplar que certamente será muito feliz e com a chegada dos filhos a união familiar tende a crescer ainda mais para a felicidade de todos, em nome do amor.
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