Artista paraense lança 'site-processo' sobre a Amazônia

 

Entre viagens, residências artísticas e experiências na Amazônia e na Europa, o artista criou registros em diferentes linguagens que simbolizam uma intersecção cultural tão profunda quanto os fundos dos rios.

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Entre viagens, residências artísticas e experiências na Amazônia e na Europa, o artista criou registros em diferentes linguagens que simbolizam uma intersecção cultural tão profunda quanto os fundos dos rios. | Divulgação

AAmazônia é reconhecida também por seus rios, espaços encantadores, misteriosos e repletos de peculiaridades. Atento a isto, no final de dezembro, o artista visual paraense Mauricio Igor lançou o site-processo "No Fundo dos rios ou Onde nascem todas as coisas", plataforma virtual aprovada pelo Edital de Artes Visuais da Lei Paulo Gustavo. O site pode ser visitado no endereço https://www.mauricioigor.com/no-fundo-dos-rios

No site-processo, há fotos, vídeos, relatos textuais e imagéticos, além também das obras de Mauricio, gerando ou mesmo sintetizando um interessante e provocativo diálogo entre artes e possibilidades midiáticas.

AAmazônia é reconhecida também por seus rios, espaços encantadores, misteriosos e repletos de peculiaridades. Atento a isto, no final de dezembro, o artista visual paraense Mauricio Igor lançou o site-processo "No Fundo dos rios ou Onde nascem todas as coisas", plataforma virtual aprovada pelo Edital de Artes Visuais da Lei Paulo Gustavo. O site pode ser visitado no endereço https://www.mauricioigor.com/no-fundo-dos-rios

No site-processo, há fotos, vídeos, relatos textuais e imagéticos, além também das obras de Mauricio, gerando ou mesmo sintetizando um interessante e provocativo diálogo entre artes e possibilidades midiáticas.

O artista iniciou a pesquisa, que culminou no site-processo, durante sua residência artística na Cité Internationale des Arts, em Paris. Lá, ele explorou os símbolos Adinkra, do povo Ashanti, da África Ocidental, e começou a relacioná-los a contextos amazônicos. "Tenho criado cenários onde esses símbolos dialogam com elementos da Amazônia, trazendo à tona a presença afro-indígena que permeia a cultura local", destacou.

No entanto, o trabalho de Mauricio não se limita às reflexões teóricas. O projeto inclui viagens por municípios do Pará, permitindo que o artista explore as múltiplas dimensões culturais e territoriais do Estado. "Esses deslocamentos são fundamentais para perceber e sentir as presenças e influências da diáspora africana na Amazônia", afirma. Durante as viagens e experiências, ele criou registros em diferentes linguagens — pinturas, fotografias, textos e desenhos — que materializem encontros com pessoas, casas, paisagens e histórias que simbolizam essa intersecção cultural.

Grande parte dos símbolos observados e pesquisados, inclusive, podem ser facilmente (re)conhecidos pelo público da região por sua familiaridade na Amazônia, como “Nkyinkyim”, que significa "torcer" ou "torcer-se" e é representado por um grande nó, sem início ou fim (tal qual as águas amazônicas), e simboliza a capacidade de se adaptar aos caminhos tortuosos da vida; “Akofena”, símbolo da coragem, valor e heroísmo, que pode ser associado ao espírito, imagens e imaginários cabanos ainda existentes e “Onyakopon Ne Yen Ntena” (Que Deus esteja conosco), que pode ser ligado a religiosidade amazônica, em especial pagamento de promessas.

Para o jovem artista paraense, que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional, compreender a influência preta na Amazônia é essencial para valorizar a riqueza da diversidade étnica e cultural da região. "Reconhecer essas raízes históricas é crucial para contextualizar o presente e entender como a contribuição africana moldou a Amazônia", pontua.

O artista

Licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará, a obra de Mauricio Igor transita por diversas linguagens artísticas e por temas como racialidade, gênero, sexualidade e o cotidiano amazônico, sempre com uma perspectiva crítica e descolonial.

Mauricio já foi premiado em importantes eventos artísticos, como o 40º Salão Arte Pará e o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia. Entre suas realizações, destaca-se o 9º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea, que o levou à residência artística em Paris. Seu trabalho integrou exposições como Dos Brasis, no Sesc Belenzinho, e Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil em várias capitais brasileiras.

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Fonte: DOL 

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