Cerâmica: riqueza cultural da Amazônia

 Unindo arte e tradição, peças que estão entre as heranças mais antigas da região buscam novos mercados e meios para seguir garantindo renda a comunidades

Histórias de culturas antigas costumam impressionar pela grandeza de heranças arquitetônicas. Antes da chegada dos europeus para o que foi a chamada colonização das américas, desenvolveram-se no México, na América Central e na região dos Andes sociedades complexas – como a Inca, a Maia e a Asteca – e que deixaram importantes registros de seus conhecimentos astronômicos, matemáticos e agrícolas, além de obras arquitetônicas imponentes e traços artísticos de grande refinamento e beleza. E no restante das américas, inclusive na porção do território da Amazônia que hoje corresponde ao Brasil, outras comunidades indígenas, nômades ou seminômades, também se destacaram. Viviam basicamente da caça, da pesca e do cultivo de algumas espécies agrícolas.

Eram essas sociedades também com populações significativas, e que tinham um modo de vida integrado à natureza. Isso ficou expresso na construção de artefatos utilitários e de valor de culto, mas também no uso de recursos naturais como a argila, para a prática de artes de rara beleza. Nessa arte, destacaram-se na Amazônia brasileira os povos Marajoara, que habitaram vários pontos da paisagem do arquipélago do Marajó, e os Tapajó, assentados no entorno do rio Tapajós - que no período da colonização do Brasil se tornou a região oeste do grande território da então chamada Província do Grão-Pará. 

As cerâmicas indígenas mais populares da Amazônia foram herdadas principalmente dessas duas culturas, a marajoara e a tapajônica. Mas, embora elas sejam as mais conhecidas, não são únicas na Amazônia, esclarece a arqueóloga e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Daiana Travassos. “No estado do Amapá temos as cerâmicas de Maracá; e na Amazônia Central, a Guarita, entre outras”, cita a pesquisadora.

Além de ser considerada uma das maiores riquezas culturais do Brasil, a cerâmica da Amazônia é a mais antiga do continente sul-americano. Tudo começou muito antes dos portugueses colonizarem o País. Os primeiros registros do uso de cerâmica na Amazônia brasileira já comprovados pela ciência nos levam a mais de sete mil anos. Ela era utilizada pela população que antes vivia numa região a 80 quilômetros de onde hoje está situada a cidade de Santarém, na região do Tapajós.

(Sidney Oliveira / O Liberal)

Trata-se do mais antigo sítio arqueológico das Américas, o sítio Taperinha. “Essas primeiras cerâmicas eram bastante simples. São tigelas com decoração pintada de vermelho e alguns traços decorativos, produzidas por pescadores que estavam em um processo de sedentarização, que é a transição cultural da colonização nômade para a permanente”, explica a professora Daiana.

Ela diz que, até onde se sabe, essas peças eram utilizadas no uso cotidiano, como para guardar alimentos. Mas, após esse período, muitas outras populações passaram a utilizar a cerâmica como expressão cultural. Feita de argila, força braçal, técnicas e cultura milenar, o fato é que a cerâmica atravessa gerações valorizando a identidade amazônica e gerando renda a centenas de artesãos na região.

Preservação da Amazônia passa pelo patrimônio arqueológico

O Estado do Pará possui um riquíssimo patrimônio arqueológico, com destaque para a arqueologia marajoara e tapajônica. Os acervos reconhecidos dentro do Brasil e internacionalmente podem ser encontrados no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), instituição científica sediada em Belém, capital paraense, no Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, cidade do Arquipélago do Marajó, e no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Escavação (Paula Sampaio / Divulgação)

As peças preservadas no Museu Goeldi ajudam a recontar a trajetória milenar dessas populações da Amazônia, lembra a arqueóloga do MPEG, Helena Lima. “As histórias dessas comunidades ancestrais e tradições são recontadas através dos traços materiais que sobreviveram ao tempo e à ação humana. Cada tipo de incisão, materiais e estilos cerâmicos encontrados nos sítios arqueológicos se referem a um modo de vida e ao ambiente daquela população”, detalha a pesquisadora.

Atualmente, o acervo da Reserva Técnica de Arqueologia do Museu Goeldi ultrapassa dois milhões de itens, entre fragmentos e peças inteiras, contendo artefatos oriundos de diversos povos indígenas que viviam na Amazônia antes e durante a chegada dos colonizadores europeus à região. Funcionando desde 1997, no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, a reserva tem suas origens no século XIX, a partir da criação da instituição: foi uma das primeiras coleções arqueológicas brasileiras, tombada pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (atual IPHAN), em 1940.

Helena Lima, pesquisadora (Ascom / Museu Paraense Emílio Goeldi)

Entre as décadas de 1950 e 1980, importantes coleções particulares e peças, reunidas a partir de pesquisas em quase todos os estados da Amazônia Legal brasileira, foram incorporadas ao acervo do MPEG. São destaque os objetos em cerâmica, mas também artefatos em rocha, madeira, osso, louça e ferro, além de exemplares de "arte rupestre", em originais e em reproduções gráficas.

"Tem ceramista que não tem muito estudo, mas conseguiu colocar os seus filhos na faculdade através da comercialização da cerâmica" - Socorro Abreu, sócia fundadora da Soami.

Entretanto, apesar da quantidade de relíquias da arte tapajônica e marajoara, produzidas no passado e conservadas no MPEG, ainda há muito do patrimônio histórico a ser valorizado e preservado. E esse é o caso do trabalho de artesãos, além dos novos sítios arqueológicos. “O Museu Emilio Goeldi, é um lugar de memória, de guarda e lugar de comunicação com a sociedade. Mas o maior legado desses povos está na vida das pessoas, na arte da cerâmica, nas expressões encontradas hoje em Icoaraci e no Marajó. Além disso, ainda temos nossos sítios arqueológicos ainda não explorados, que precisam continuar assim, preservados”, pondera Helena Lima.

Produção de cerâmica ganhou novos polos

Há anos o acervo do Goeldi inspira oleiros na produção de réplicas de peças marajoaras e tapajônicas. Assim como já fez o Mestre Cardoso, precursor da arte marajoara contemporânea feita no Pará, na década de 1970, desde 2017 artesãos do polo da localidade do Paracuri, no distrito de Icoaraci, em Belém, podem se inspirar em peças preservadas e recriá-las para comercialização, por meio do projeto “Replicando o passado: socialização do acervo arqueológico do Museu Goeldi através do artesanato cerâmico de Icoaraci”.

(Igor Mota / O Liberal)

Após conhecer as peças do MPEG, Mestre Cardoso, que faleceu em 2006, pediu permissão para copiá-las. Com a autorização, ele teria passado a produzir réplicas de cerâmica marajoara e a comercializá-las. Esse foi o incentivo inicial à produção de outros artesãos da Vila de Icoaraci. Com a iniciativa, que hoje está suspensa por conta da pandemia da covid-19, a organização do Museu Goeldi quer incentivar artesãos a fabricarem suas peças de arte com valor arqueológico.

“Além de divulgar o acervo do museu, temos o objetivo de potencializar o artesanato cerâmico da comunidade oleira de Icoaraci, com inspiração nos estilos arqueológicos da Amazônia. Dessa forma, agregamos valor cultural aos produtos artesanais, com base no conhecimento arqueológico produzido pelo Museu Goeldi”, justifica Helena Lima, coordenadora do projeto. É um incentivo a mais à preservação da tradição das culturas ancestrais amazônicas.

(Igor Mota / O Liberal)

A prova disso é que hoje Icoaraci é o principal polo produtor de cerâmica indígena na Amazônia, inspirada principalmente nos estilos marajoara e tapajônico. Mas além desse polo mundialmente conhecido, o Pará tem outros centros de produção de cerâmica em expansão, em Parauapebas, Oriximiná, Santarém e Bragança.

Fomento a empreendedores

O comércio de peças com valor histórico e cultural é fonte de renda para centenas de artesãos por todo o Pará. Por isso mesmo, polos de cerâmica recebem incentivos diretos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Estado, com apoio a capacitações técnicas e inclusões dos produtos em eventos comerciais, como grandes feiras. O apoio se estende aos artesãos de polos conhecidos, como os da ilha do Marajó, e o do Paracuri, em Icoaraci, e também aos menos conhecidos, nos municípios de Santarém e Bragança.

(Sidney Oliveira / O Liberal)

Nas últimas oficinas, capacitações e feiras, o Sebrae do Pará já beneficiou diretamente 14 microempreendedores individuais (MEI) da cerâmica e deu apoio a duas fábricas - a Cerâmica São Mateus e A Fazendinha, ambas localizadas em Bragança, no nordeste do Estado.

Segundo Vera Rodrigues, analista do Sebrae Pará, as capacitações são segmentadas. “Nosso atendimento chega à toda a cadeia produtiva da cerâmica. Nossos técnicos oferecem desde o treinamento para a retirada correta da argila até o treinamento da parte administrativa do negócio e das vendas, para que os artesãos utilizem ao máximo a capacidade de rentabilidade do comércio da cerâmica”.

"Infelizmente, na região norte tudo é mais caro. É muito caro enviar para qualquer lugar do Brasil ou do mundo" - Bruno Gonçalves, ceramista.

Vera afirma ainda que boa parte das vendas em grandes volumes são feitas nas feiras de negócios organizadas pelo Sebrae. Um bom exemplo é a Feira do Círio, que uniu duas feiras antes realizadas de forma isolada, no período dos festejos religiosos do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, o maior do calendário turístico da capital: a Feira do Miriti e a Feira do Artesanato de Cerâmica.

No formato unificado, a Feira do Círio é realizada desde o ano passado na Praça do Porto Futuro, na área portuária de Belém. Como ano passado já se enfrentava a pandemia de covid-19, a feira em si teve poucos estandes para servir de expositores, mas todas as peças em exposição estavam disponíveis em uma rede de lojas parceiras, mobilizadas pelo Sebrae para ajudar as vendas dos artesãos. “Esse ano devemos repetir esse formato, que foi fundamental para garantir o sucesso da edição do ano passado”, destaca Vera Rodrigues.

Ceramistas encaram novos desafios à profissão

No polo mais conhecido de produção de cerâmica da Região Metropolitana de Belém, o Paracuri, no distrito de Icoaraci, inúmeras famílias conseguiram se estabelecer e garantir o sustento da casa mantendo a arte da cerâmica viva e a transmitindo de geração a geração. A Sociedade de Artesãos e Amigos de Icoaraci (Soami) tem atualmente 60 famílias associadas. E muitas delas vivem exclusivamente da renda obtida com a comercialização das peças.

“É a única fonte de renda da maioria das famílias, logo, é de grande importância para todos nós. Eu costumo dizer que é da cerâmica que colocamos o feijão em nossas mesas. Tem ceramista que não tem muito estudo, mas conseguiu colocar os seus filhos na faculdade através da comercialização da cerâmica”, afirma Socorro Abreu, sócia fundadora da Soami.

Manoel Claci, 66, trabalha com o artesanato há mais de 30 anos. Ele diz que descobriu uma satisfação pessoal nessa profissão. “Comecei a trabalhar com a cerâmica marajoara por me sentir bem. Achei que era um produto que eu poderia trabalhar sem muita preocupação, porque me realiza. E tem me ajudado financeiramente”, enfatiza. 

Manoel Claci (Sidney Oliveira / O Liberal)

Bruno Gonçalves, que tem 40 anos e é ceramista desde os 20, conta que aprendeu essa arte com o seu pai, o conhecido mestre Doca Leite. Hoje guarda na memória as lembranças de uma infância marcada por brincadeiras entre as caixas de armazenamento das peças.

Atualmente, as representações encontradas nas olarias do Paracuri também refletem mais que as tradições amazônicas. Há também trabalhos baseados no hibridismo cultural entre os povos nativos e os colonizadores, unindo influências da arte marajoara, tapajônica, africana e até mesmo oriental. O preço das peças pode variar de R$ 3 até R$ 3 mil. Tudo depende do tamanho e estilo de cada arte.

Mas os artesãos alertam: o mercado de cerâmica está cada vez mais difícil, e os principais fatores para a queda das vendas são a baixa procura por parte dos moradores locais e a falta de outras políticas públicas de incentivo a essa tradição, além do desafio em logística - o que dificulta o envio das mercadorias para outros estados e mercados fora do Brasil. "Infelizmente, na região norte tudo é mais caro. Temos redes sociais para divulgar nosso trabalho, mas quando chega no frete, aí acaba conosco. É muito caro enviar para qualquer lugar do Brasil ou do mundo”, afirma Bruno.

Além disso, outro fator que influencia as vendas é a pouca divulgação das histórias locais. Por muitos anos, os conhecimentos eram antes transmitidos apenas de forma oral. Hoje estão mais disseminados, com o acesso à internet. Mas Manoel Glaci diz que a população brasileira conhece pouco da sua história. E isso atinge diretamente a valorização dos produtos.

(Sidney Oliveira / O Liberal)

“Se você não tem um conhecimento, você não procura como história, e sim como um objeto qualquer, e isso faz com que as pessoas não tenham muito interesse. O pessoal de fora, quando compra, já vem procurando algumas coisas definidas”.

As redes sociais se tornaram grandes aliadas dos ceramistas. Além de fonte de conhecimento, os perfis comerciais se tornaram boas ferramentas para manter as vendas durante a pandemia, visto que a falta de turistas impactou muito as vendas. Bruno Gonçalves relata que nos anos de 1980 e 1990 a sua família conseguia exportar suas produções para várias regiões - e que, até quatro anos atrás, no auge das vendas, eram comercializadas de 300 a 500 peças por mês. Entretanto, nos dias atuais, esse número chega a no máximo 200 itens. No ano passado, durante o pico da pandemia, precisaram recorrer aos auxílios do governo.

"A maioria dos filhos de artesãos não está mais na área do artesanato. Infelizmente, viver de artesanato está cada vez mais difícil” - Bruno Gonçalves, ceramista.

Os ceramistas ressaltam que o carro-chefe de vendas são os pratos decorativos de paredes, geralmente estampados com figuras de animais da fauna brasileira ou com a nomenclatura de cidades da região, além de artigos para jardinagem. 

Para os artesãos, o reconhecimento do seu trabalho é também uma grande fonte de inspiração. “A gente que trabalha com artesanato fica gratificado quando as pessoas elogiam”, diz Bruno.

Embora os ceramistas apreciem sua arte, a pouca valorização e a queda no mercado colocam em risco o futuro da confecção das peças. Apesar de os conhecimentos serem repassados entre as gerações, muitos artesãos afirmam que preferem que os filhos sigam outras profissões. “Esse caso de perpetuar o nosso artesanato, infelizmente, é uma grande preocupação, porque a maioria dos filhos de artesãos não está mais na área do artesanato, devido a todos esses problemas. Infelizmente, viver de artesanato está cada vez mais difícil”, revela o filho do mestre Doca Leite.

O que foi a sociedade Marajoara?
Os Marajoara foram sociedades regionalmente organizadas que manejaram intensamente as paisagens da Ilha do Marajó, entre 400 a 1.300 anos depois de Cristo (D.C). Eles tiveram uma população densa e se expandiram por 20 mil metros quadrados ao longo de 900 anos. Organizaram seus assentamentos hierarquicamente, praticavam uma economia intensiva de pesca, participavam de extensas redes de trocas e eram dominados por elites, que organizavam o trabalho e o acesso aos recursos pesqueiros, às atividades religiosas e à produção de cerâmica, cuja iconografia comunicava todo um sistema sociopolítico.

O passado do Marajó (Sidney Oliveira / O Liberal)

Nesse sistema a sociedade era dividida de acordo com o poder aquisitivo. “Essas sociedades construíram plataformas de terra, conhecidas atualmente como tesos, nos campos sazonalmente inundáveis do leste da ilha. A distribuição e tamanho desses tesos indicam sua organização social hierárquica, sendo os tesos habitados pelas elites locais mais largos e menos numerosos, servindo também de local de enterro das pessoas de prestígio; enquanto os tesos menores, e mais numerosos, eram habitados pelas pessoas comuns”.

A pesquisadora explica ainda que os tesos de elite se localizavam nas cabeceiras de rios, onde os marajoaras construíram barragens e açudes para aprisionamento de peixes durante a estação seca. “Os marajoaras tinham o trabalho organizado, além da produção especializada de sua sofisticada cerâmica, com o uso amplo de excisões e as pinturas preta, vermelha e branca, que compõem a linguagem iconográfica da cerâmica marajoara”, detalha a professora.

Quem eram os Tapajó?
Os Tapajó foram uma população tradicional que se organizou regionalmente ao longo da margem direita do rio Tapajós, a partir de 900 D.C. As vilas dos Tapajó se distribuíam pelas áreas ribeirinhas e no interior da floresta, no planalto de Belterra, no oeste paraense. “Os sítios Porto de Santarém e Aldeia, sob a atual cidade de Santarém, foram os maiores assentamentos e o centro de seu sistema regional”, explica Daiana Travassos.

Cerêmica tapajônica (Sidney Oliveira / O Liberal)

Segundo a arqueóloga, a organização regional dessa população parece ter sido mais colaborativa entre os assentamentos ribeirinhos e do interior da floresta, trocando entre si pescados e os produtos de seus sistemas agroflorestais. Já as práticas funerárias dos Tapajó eram distintas das marajoaras, pois cremavam seus mortos e depositavam as cinzas em urnas funerárias cerâmicas.

Quanto à produção especializada da cerâmica, os Tapajó eram exímios produtores de cerâmica e arte em pedra, como os muiraquitãs. A padronização das formas e decorações indicam o uso de vasos de cariátide, gargalo e globular em rituais de colheita do milho, casamentos e enterros. “Já o tamanho pequeno de tigelas, pratos e jarros aponta para o uso individual desses objetos em cerimônias coletivas, possivelmente para marcar lugares sociais de cada participante”, detalha Diana.

Ela afirma que, na cerâmica tapajônica, a predominância das técnicas incisão, modelado, ponteado e pintura ou engobo vermelho, também comunica seu rico mundo simbólico. “Através das representações naturais e estilizadas de animais, humanos e quimeras abstratas, materializam um mundo de seres em metamorfose, dependendo da perspectiva em que se observa os objetos”.









Edição: Alek Brandão
Texto e Imagens: O Liberal

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