Mural sensorial reproduz mundo ideal para os usuários da APAE Belém

 Projeto da artista visual Lenu, produzido com ajuda dos alunos da Apae é o primeiro mural de grafite sensorial e inclusivo da cidade

Um mundo com mais inclusão é o desejo dos alunos, familiares e profissionais da Apae Belém. Através da ideia da artista visual, Letícia Nunes, conhecida como Lenu, os alunos puderam ser transportados a esse mundo ideal por meio do primeiro mural de grafite sensorial e inclusivo da cidade. Produzido nas paredes da Apae, com a artista e a contribuição dos próprios usuários, o muro conta com cerca de 110m² e traz texturas, sons, cheiros e até declamação de poesia.

O projeto da artista foi produzido pela Psica Produções, através da lei de incentivo à cultura Aldir Blanc. Segundo Lenu, a arte é a sua habilidade tentar de alguma forma transformar a realidade em que vive. “Enquanto artista, finalizei esse projeto transformada. Aprendi muito vivenciando a realidade da Apae e dessas crianças. Pude perceber o quanto a arte pode ser uma ferramenta acessível e entender sobre a força que tem a educação como função social para uma vida melhor”, explicou.

A artista que precisou fazer uma imersão na Apae e conhecer um pouco mais sobre o dia a dia das crianças e adolescentes, além da realidade dos profissionais. “Desde janeiro, eu já vinha realizando oficinas com eles para que pudessem ter uma noção técnica de como colorir o muro. Queríamos um formato diferente, a APAE queria trazer novas linguagens para o muro, além do formato 2D, explorar mais esses outros sentidos, que é uma característica própria da pessoa com deficiência. Além do sensorial, queríamos focar na inclusão. Ou seja, além de ser algo que eles ão usufruir mas principalmente, irão se enxergar naquele projeto. E isso não tem preço pra eles e nem para nós enquanto incentivadores”, destacou.

Lenu ressalta que o muro foi uma produção democrática e dinâmica, “eu perguntava tanto para  os alunos quanto para os visitantes o que eles gostariam de ver na parede, de vivenciar todos os dias através da arte. Desde os bebês até os adolescentes participaram desse projeto, teve a mãozinha de cada um nele. Contando sempre com o apoio de uma equipe multidisciplinar maravilhosa que a Apae tem”.

O aluno Romeu Neto, de 36 anos, não esconde o sorriso e o brilho nos olhos ao olhar para os telepoemas que escreveu para o muro. “O muro vai além da arte, do grafite da Lenu e dos meus telepoemas. O muro traz uma questão ambiental, com o cuidado com a nossa horta que queremos aperfeiçoar cada vez mais. Eu sempre gostei de escrever, sou apaixonado por arte desde criança. É um sentimento muito especial ver nosso trabalho na parede, vale a pena. Eu me emociono muito, gosto muito da ideia desse trabalho ao ar livre”, afirmou emocionado e empolgado.

Para o presidente da APAE Belém, Emanoel O’ de Almeida Filho, projetos como esse fazem parte da essência da associação. “O nosso grande objetivo trazer todos os usuários, as famílias a participarem de todo processo de desenvolvimento das pessoas com deficiência que nós atendemos. Então, quando nós recebemos esse tipo de projeto, que a área técnica abraça com tanto carinho de uma artista conceituada como a Lenu, é muito gratificante. Não temos como não abraçar porque faz parte de quem somos. O muro teve a participação dos nossos usuários e isso foi fundamental. Não é um mero muro que ficará abstrato, é um painel que nossos usuários vão interagir, principalmente de forma terapêutica”, destacou.







Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e foto)

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