Escritores paraenses vivem para a literatura

 Dia Nacional do Escritor, comemorado neste domingo (25), ressalta a necessidade do incentivo à literatura

Cláudio Pinheiro / O Liberal

“A gente vive para a literatura, não vivemos de literatura”, desta forma direta e simples Antônio Juraci Siqueira, de 73 anos, resume a vida dele e de milhares de escritores pelo Brasil. No Dia Nacional dos Escritores, comemorado neste domingo (25), os autores paraenses resistem na busca de maior difusão de suas obras, de novas formas de atrair os eleitores, e insistem na árdua tarefa de construir pessoas mais críticas pela leitura. Juraci publicou mais de 80 obras, pelo menos até onde ele mesmo lembra, e fala com empolgação em escrever e das dificuldades de quem tenta viver da literatura.

“O percentual que eu recebo por um livro é 8% sobre a capa, no melhor dos casos, tem livros que são 5%. Alguns livros sou eu mesmo que faço, não dá para viver da literatura”, conta o professor da Escola Estadual Paes de Carvalho. Juraci tem vários prêmios, já venceu concursos no Pará, no Brasil e em outros países no mundo. “Alguns dão dinheiro, uns poucos, mas geralmente o prêmio é a edição da obra. Esse [aponta para um livro] é edição nacional - o ‘Piracema de Sonhos’ é um dos poucos exemplos em que ganhei dinheiro, foram mil exemplares, e um milhão de cruzeiros na época, o que seria cinco mil reais hoje”, relembra.

Com 41 anos escrevendo poesia, cordel, histórias infanto-juvenil, Juraci prepara-se para um novo momento que é a organização de uma antologia em cinco volumes reunindo o melhor que já produziu. As obras serão divididas em poesia, trova e literatura de cordel, prosa e contos, literatura infanto-juvenil, e o humor em verso e prosa.

Para ele, o Estado brasileiro é o principal responsável por incentivar e dar oportunidades de leitura para o povo, porém o que vemos ultimamente são ações na contramão, dificultando o acesso aos livros. “Colocar mais imposto em cima de livro é aí que o povo não vai comprar mesmo, perdemos de goleada para outros países”, lamenta ao lembrar o projeto de lei do Ministério da Economia que queria cobrar impostos de livros produzidos.

Na avaliação dele, a união, o Estado e os municípios deveriam comprar livros de escritores para distribuir entre os estudantes. “O que a gente deseja é que o poder público comprasse obras de autores regionais. Ninguém ama o que não conhece e nem defende o que não ama”, assegura.

A produção do autor se mantém vigorosa. Somente no último ano Juraci escreveu três livros: “Cantigas ao pôr do sol”, “Acontecências” e “Nas garras da pandemia”. Algumas obras surgem e já ganham as redes sociais antes de serem editadas e disponibilizadas fisicamente. Juraci também sempre faz questão de participar de ações educativas em escolas, quando é convidado pelos professores. “Japonês lê mais de 20 livros per capto por ano e o Brasil não passa de um, por isso estou sempre nas escolas, nunca digo não para as escolas, os professores que ainda levam nossas obras para a sala de aula”.






Edição: Alek Brandão
Texto e Foto: O Liberal

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