Artigo do Dia - Por Victor Silva



AS GRANDES QUESTÕES DO DEBATE ELEITORAL

A corrida eleitoral no Brasil para a presidência da república torna-se cada vez mais acirrada. As polarizações se mostram mais evidentes e o clima de tensão aumenta. O que realmente pretendem os candidatos em função de um país que necessita urgentemente de mudanças em sua complexa estrutura social e política?
Não economizo em dizer que esta é uma campanha singular, isso implica numa compreensão mais profunda a respeito dos verdadeiros significados que podemos extrair dos discursos e propagandas veiculados pelos meios de comunicação do país. Economistas, cientistas políticos, jornalistas, não se escusam em tecer considerações especulativas acerca daquele candidato ‘A’, ‘B’ ou ‘C’.
Percebeu-se durante esta campanha que nenhum presidenciável apresentou às claras seu plano real de governo, até porque não foi possível! Uma coisa é um governo de campanha outra é o governo real.
Ao observar, por exemplo, os debates em rede nacional, foram notórios as várias formas veladas de ataque e contra ataque. Ou seja, eles ainda não aprenderam a fazer política com elegância e respeito. Parece uma espécie de condição obrigatória uma campanha aos moldes provincianos: do falar mal, do precisar diminuir o outro para crescer, ou mesmo do famoso ‘Pão e Circo’ presentes nas propagandas e planos de governo.
Marina Silva chegou com uma retórica nada atraente, e pra piorar, sua inconstância acabou por comprometê-la ainda mais denotando que a candidata sofre fortes pressões de determinadas figuras, a ex-senadora pelo Acre se destacou entre as ONG’s pela sua luta em favor do meio ambiente quando então Ministra no Governo Lula, por outro lado o discurso verde de Marina aflorou o ódio das grandes corporações que encontram nas leis ambientais brasileiras seus maiores entraves. Por ser dissidente do PT, sua costa ficou ‘mais larga’ para receber as agressões mais ferrenhas da parte dos oposicionistas.
A imprensa nacional não economizou nas críticas apontando o perigo de Marina representar um governo teocrático, hermético, que pouco dialogasse com as pluralidades da sociedade brasileira, entretanto, por outro viés encontramos em sua pessoa, a figura idealizada de Marina sofredora, lutadora e cidadã do norte, região vítima das maiores desigualdades deste país.
Aécio Neves tenta enfatizar sua linhagem política, ele não é qualquer um, é o neto de Tancredo Neves, ele tem berço, de família rica e deve ser presidente não porque foi sindicalista, seringueiro, mineiro ou qualquer outra coisa, mas porque tem que honrar a profissão da família. Aécio goza de pouca popularidade entre os brasileiros, alguém chega a afirmar que ele não conseguiu ‘arrumar a casa’ quando então governador das Minas Gerais, sua oposição ao Governo Federal não é por convicção, mas por convenção partidária. Outro fator preponderante consiste no fato do PSDB trazer consigo o fantasma das privatizações e de um governo impopular, devotado aos grandes empresários. Seus mitos – Fernando Henrique, José Serra e Alkmin, já não povoam o imaginário coletivo da população e é pouco provável que sejam exímios captadores de votos favorecendo a Eleição de Aécio.
Dilma Rousseff, ex-ministra chefe da Casa Civil, teve a honra de ser amparada por um forte padrinho, Luís Inácio Lula da Silva, o sindicalista do ABC. Diferente dos demais presidentes, ela nunca foi vereadora, prefeita, governadora, deputada, senadora, mas foi vítima da ditadura!
Ela decolou em nome de Lula, além de ser mantenedora do status quo da política do PT dos grandes projetos de distribuição de renda direta e de outros programas sociais de grande mérito para a história desse país, ampliando em números o acesso às políticas públicas.
Como seu adversário, também adotou a política de privatizações de portos e aeroportos e não consultou nenhum brasileiro por meio de plebiscito para realizar uma copa no Brasil onde haveria o emprego de recursos públicos financiando um evento de uma organização privada e com fins lucrativos como a FIFA.
Como vemos, a situação à qual estamos submetidos para escolher nosso próximo presidente(a) é muito delicada, não há nada de novo e o que sentimos é uma falta de esperança no brasileiro em relação a esta mudança que tanto se fala. Pior que está não pode ficar, temos que pensar nas gerações futuras, votar pelo futuro, não dá pra permanecer à mercê destes mecanismos de manipulação de massa, marcados pela efemeridade e de números surreais. Precisamos refletir criticamente, acompanhar mais de perto o cenário político brasileiro pra não sairmos ventilando informações do ‘ouvi falar’, e, assim, chegar a um denominador comum para escolher um candidato usando o princípio do ‘mal menor’ e fazer valer a democracia.
Victor Silva é professor

 e membro da Ordem Franciscana Secular – OFS.