Todos os rostos em uma imagem

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O artista paulista Davilym Dourado foi um dos selecionados no Arte Pará 2014 com a obra “Borá”, que faz sobreposição de 450 imagens de moradores da cidade que leva o mesmo nome, e está localizada no interior de São Paulo, 700 km distante da capital. O município, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi considerado o menor do Brasil, em 2010, com apenas 805 habitantes. A ideia do artista foi retratar a cidade por meio de uma única imagem dos moradores; deixando no ar uma interrogação: é possível materializar a multiplicidade de rostos em um único retrato?
Bacharel em Sociologia e Política, Davilym começou a fotografar em 1999, quando mudou-se para Nova York. A partir da experiência vivida na grande metrópole, o artista iniciou o percurso de pesquisa-imagética, que durou quatro anos. Os modos de vida da população de Borá foram os temas pesquisados, cujos habitantes cabiam em qualquer grande condomínio brasileiro.
“O projeto inicial era retratar todos os habitantes, em uma espécie de censo de imagens. Mas, ao longo dos anos, os objetivos iniciais foram se transformando; à medida que entrava em contato com os moradores e suas singularidades”, explica.
Como distanciava-se da perspectiva de retratá-los em afazeres cotidianos, as singularidades cederam lugar à multiplicidade. E, partindo da técnica de sobreposição, Davilym utilizou 450 retratos para chegar em uma única imagem. “Acredito que encontrei a melhor maneira de sintetizar a ideia de que todos somos um”, revela. O resultado foi fantasmagórico, múltiplo, indiscernível, cujo olhar é provocado; deslocando-se de um lugar confortável para um redemoinho em movimento.