Campanha levanta fundos para novas edições de obras de Dalcídio Jurandir e Jaques Flores

Financiamento coletivo busca conseguir recolocar em circulação clássicos da literatura paraense


Mais uma campanha de financiamento coletivo para reedição de livros que marcaram a literatura paraense - e estão esgotados das prateleiras há décadas - está sendo organizada pela Pará.grafo Editora. Desta vez, o objetivo é conseguir subsídios suficientes para financiar novas edições dos livros Ribanceira, de Dalcídio Jurandir, e Panela de Barro, de Luiz Teixeira Gomes, amplamente conhecido como Jaques Flores. A meta é que R$28 mil sejam levantados ao longo de dois meses. Há, ainda, um incentivo para os doadores, que dependendo do valor poderão ter acesso a e-books, livros, marcadores, arte-retratos e até o nome impresso nos agradecimentos das publicações, que terão ainda um número de série para cada exemplar. As doações podem ser feitas neste link
Esta é a quarta campanha realizada pela editora bragantina, que por meio da iniciativa já conseguiu reeditar cinco dos 11 livros escritos por Dalcídio Jurandir: Ponte do Galo (2017); Três Casas e um Rio e Os Habitantes (2018), e Chove nos Campos de Cachoeira e Chão dos Lobos (2019). A concepção de um financiamento coletivo voltado para a literatura paraense surgiu em 2017, anteriormente com foco em livros do romancista marajoara. Sob organização dos editores André Fellipe Fernandes e Dênis Girotto de Brito, a iniciativa deve abranger novos escritores e escritoras paraenses. "A ideia é continuar com outros autores e autoras, fazendo com que novos leitores comuns conheçam nossos clássicos e seus criadores, hoje conhecidos por poucos intelectuais ou acadêmicos", pontua André Fernandes.
De acordo com o editor, o principal propósito das campanhas é facilitar o acesso de novos e antigos leitores à obras relevantes para a literatura produzidas por autores paraenses. "Nosso objetivo é colocar os livros de volta em circulação, proporcionando debates, estudos, novas leituras. Ficou um vácuo importante e triste nas nossas letras com a falta de novas edições dos autores da região. Quando hoje se procura sobre autores do século passado, ainda recente, muito pouco se acha e em péssimo estado. Isso compromete a criação de uma cultura literária, apesar de termos muitos bons escritores, novos e antigos, que teriam lugar de destaque na literatura nacional e mundial se fossem melhores trabalhados e seus livros estivessem disponíveis e bem distribuídos", defende Fernandes.
Ele explica ainda que a campanha, neste caso, funciona como uma pré-venda. "O livro já está em processo final de edição, mas precisamos cobrir gastos de impressão e direitos autorais, principalmente, e para isso colocamos o projeto no Catarse. Os leitores acessam, compram os livros, e no final do prazo nós enviamos para as suas residências. Como atrativo e diferencial entre a pré-venda e a venda física, quem apoia o projeto no financiamento coletivo pode escolher itens exclusivos como recompensas, disponíveis apenas nessa ocasião, como as obras originais das ilustrações dos livros, o nome da pessoa/empresa na página de agradecimentos dentro do livro, marcadores de página magnéticos, e-book, etc.... Além de que os livros adquiridos na campanha são numerados e recebem um selo exclusivo", pontua.

Clássicos literários

Último livro de Dalcídio Jurandir, Ribanceira teve uma única edição, publicada em 1978 pela Editora Record. O escrito faz parte de um dos 10 romances da série Ciclo do Extremo-Norte, iniciada com o premiado Chove nos Campos de Cachoeira. O romance é ambientado na cidade de Gurupá, decadente após o fim do período de ouro da borracha na Amazônia.
Já Panela de Barro é o quarto livro de Jaques Flores, cuja primeira edição foi publicada em 1947 pela editora carioca Andersen Editores. Na publicação, o autor apresenta aos leitores 34 crônicas que marcaram a literatura paraense. Com textos carregados de humor e ironia, o escritor narra um retrato da sociedade paraense das primeiras décadas do século XX.
Além do marco na literatura paraense, os autores têm outra coisa em comum: fizeram parte da Academia do Peixe Frito, entidade renovadora da literatura e do jornalismo na Belém da primeira metade do século XX.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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