Dia Nacional do Teatro: artistas avaliam as perspectivas no Pará

 Nesta terça, 19, é o Dia Nacional do Teatro e Dia Nacional do Teatro Acessível

Felipe Thuan |  Thuan Produções
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O dia de hoje, 19 de setembro, marca duas datas importantes para os fazedores de cultura no âmbito das artes cênicas: Dia Nacional do Teatro e Dia Nacional do Teatro Acessível. A redação do Grupo Liberal entrevistou artistas locais para falar sobre as perspectivas da arte no Pará.


A Lei 13.442/2017, que institui a data, foi criada para estimular e conscientizar a sociedade da importância de que as atividades ligadas ao teatro sejam mais inclusivas, pensando nas Pessoas Com Deficiência (PCDs), para que elas possam acompanhar as apresentações; por exemplo, com o recurso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para as pessoas surdas ou audiodescrição para as pessoas cegas ou com problemas visuais. Entre outros recursos, o objetivo é que seja planejado o acesso a esses espaços, para cadeirantes e pessoas que usam dispositivos que auxiliam em sua locomoção.

Além de pensar o teatro para todas as pessoas, os artistas reivindicam nesta data a valorização dos grupos independentes e mais espaços para os fazedores de cultura. É o que afirma a professora aposentada da Universidade Federal do Pará (UFPA)Margaret Refkalefsky, que atuou na criação de um dos grupos mais combativos do Pará no período da Ditadura Civil-Militar: o Grupo Cena Aberta, junto com Walter Bandeira, Zélia Amador de Deus e outros artistas. Hoje Refkalesky faz parte da Associação de Grupos de Teatro e do Instituto Maré Cheia (Imaré).

A professora e pesquisadora lembra que desde a década de 1970, quando o Theatro da Paz fechou para reforma – e os artistas se uniram e fizeram um abaixo assinado  cobrando espaços de ensaio e apresentação –  pouca coisa mudou. "Fizemos um manifesto e o Cena aberta foi para a rua. De 1976 para cá, as coisas foram se resolvendo, os grupos tiveram que criar os seus espaços: Teatro de apartamento, Teatro Cuíra, Casa da atriz, que é a sala de visita da Yeyé [Porto]; foram as alternativas de teatro já que não tínhamos espaço", pontua.

Ainda no âmbito para os grupos de teatro em Belém, Refkalefsky faz uma análise do passado e do momento atual. Para ela, em alguns teatros que existem hoje, ainda há algumas inadequações técnicas, como é o caso dos teatros Maria Sylvia Nunes e Estação Gasômetro, e o Teatro Municipal Nazareno Tourinho, ainda segundo ela, ainda passa por adequações, sendo utilizado principalmente como galeria. “Temos dificuldade com sala de ensaio. Nós ensaiamos em casa ou emprestamos espaços de alguém. Agora que estamos tendo oportunidades com os editais e com as leis de incentivo", completou.

Para o futuro do teatro paraense, a professora deseja que a memória seja preservada e que os artistas sejam valorizados. "Se calcularmos a população de Belém e a quantidade de teatros, é uma diferença discrepante, não temos espaços para todos os públicos. Enquanto associação, queremos brigar pela categoria, propor um festival, queremos propor uma mostra de teatro, e poder, inclusive, reivindicar mais representatividade", finalizou.

Ligia Coêlho dirige espetáculos para todos os públicos, entre eles está "A Vila do Chaves".Ligia Coêlho dirige espetáculos para todos os públicos, entre eles está "A Vila do Chaves". (Felipe Thuan | Thuan Produções)

Teatro independente cresce em Belém

A atriz, diretora e produtora teatral, Ligia Coêlho atua há oito anos na cena paraense e diz perceber o aumento de grupos independentes. Ligia não acredita em concorrência, e avalia positivamente o surgimento desses grupos e de novos artistas empenhados em fomentar a cena local. "Isso para nós é um avanço muito positivo, vendo que a procura do público em consumir à arte também vem crescendo junto, penso que com mais opções positivas teatrais no mercado, isso estimula ainda mais o nosso público a ir ao teatro", declarou.

Assim como Margaret, Ligia também sente falta de espaços teatrais na capital paraense. Atualmente tem seu espaço de ensaio e dirige uma companhia, Caixa de Teatro e aponta os principais desafios. "Dirigir e produzir uma companhia teatral não é fácil não, existem muitos detalhes e importantes que nunca posso deixar de lado, pois requer muito cuidado com a logística para que tudo flua sem contratempos ou arrependimentos. Um dos desafios mais importantes pra mim é saber levar para o palco um trabalho com leveza em respeito ao público. Principalmente pelo fato de querer que esse público retorne ao teatro e traga mais público positivo junto com ele", concluiu.

Pensando na data e no que deseja para o futuro dos artistas e da cena teatral paraense diz que: "desejo para todos os artistas das artes cênicas, quero de todo coração, que todos nós possamos conquistar nossos sonhos, que conquistemos nosso espaço no mercado e no coração do público, sem precisar ou ter que ficar competindo entre si, a arte é para todos e o respeito também", destacou.

Agora a companhia Caixa de Teatro se prepara para as apresentações de final de ano e para os projetos de 2024, adianta Ligia Coêlho. Ligia trabalha com espetáculos infantis e adultos, entre eles, a “Vila do Chaves“. “Teremos nossas clássicas produções anuais, mas também teremos uma nova produção teatral que é o espetáculo Romeu e Julieta no Sertão um espetáculo que fará muitos rirem e se encantar com o trabalho que está sendo produzido com muito amor ao público”, finalizou.


Fonte: O Liberal 

Texto: Emanuele Corrêa



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