Cédulas ao vento



Crônica da Semana – Por Paulo Vasconcellos

Início da tarde do dia 29 de setembro de 2018 em pleno verão amazônico. A estrada com o seu movimento, fluía na sua normalidade com o vai e vem de veículos. O vento soprava e o sol mostrava o seu brilho, referendando o aspecto bucólico de uma Região ladeada por balneários, considerando as praias de Salinas e Ajuruteua, principais pontos turísticos.

Nenhum morador das localidades adjacentes ao município de Bonito, às margens da BR-316, imaginaria que o inusitado fosse acontecer. Ao aproximar-se de um redutor de velocidade, o motorista e a guarnição de um carro transportador de valores, foram surpreendidos e atacados por infratores que explodiram o veículo usando material de ação rápida, fazendo com que o dinheiro que havia no interior do Carro-Forte voasse literalmente, sendo esparramado pelo chão, servindo de "decoração" para o asfalto e também às tantas espécies de árvores existentes no trecho. O barulho assustou os moradores que correram para o local, talvez até pensando que se tratasse de uma grande colisão entre veículos, mas quando se depararam com a cena do carro em chamas e os infratores abrindo fuga apossados dos malotes contendo dinheiro, o rescaldo do impacto resultou em muitas cédulas espalhadas, motivando reações nos curiosos que começaram a saquear o resto que sobrou.



Logo a notícia correu longe e mais curiosos se dirigiram ao local do sinistro para testarem a sorte, catando alguns pacotes ou mesmo uma nota para a amenização de suas finanças. O "garimpo" estava "minando grana", proporcionando aos "garimpeiros" de plantão, sorrisos de orelha a orelha. Quem também agiu muito rápido foi o grupo de "cinegrafistas" que acionou câmeras e captou imagens que viralizaram nas redes sociais, abastecendo sobremaneira os noticiários das emissoras de televisão, constituindo-se em manchetes de alguns telejornais de âmbito Nacional.



Alguém pode até considerar o fato: ação cinematográfica, perigosa ou cômica (talvez), mas há a questão séria da coisa que é o crime, praticado não somente pelos assaltantes, assim como, por aquelas pessoas que se apossaram indevidamente do dinheiro.

Sem qualquer menção de apologia ao crime, uma pergunta que não quer calar: Quem resistiria ver um monte de cédulas de dinheiro livres à mercê do vento à espera de serem recolhidas? Fica difícil mensurar o grau de equilíbrio de uma pessoa que se depare com uma situação daquelas e não agir como muitos agiram. Entretanto, reservadas as proporções a rigor da lei, cabe às autoridades constituídas, lavrarem os atos infracionais e serem dadas as punições a quem couber.

Os que usufruíram do rescaldo do assalto, talvez estejam contabilizando os "lucros", todavia, não se sabe como estão as suas consciências no que diz respeito ao estado de satisfação. Os prejuízos foram contabilizados, o dinheiro físico passou para outras mãos, o vento continuará soprando, o brilho do sol de verão sempre presente e a notícia ganhando manchetes mundo a fora! (PV)











Edição: Maikon douglas
Digitação: Dalva Vasconcellos
Texto: Paulo Vasconcellos
Imagens: divulgação/G1-Pará

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