Fãs e estudiosos lembram os 40 anos da morte de Vinícius de Moraes



Da paixão ardente a separação de um casal, Vinicius de Moraes foi um dos poetas brasileiros com um lirismo inigualável. Mestre nas palavras Vinicius viveu como os grandes poetas: boêmio, amigo de todos e sempre apaixonando-se por todas as mulheres.

Há exatamente 40 anos o “poetinha”, apelido carinhoso dado pelo parceiro e amigo Tom Jobim, deixava o mundo dos vivos após passar mal na banheira em casa. '

Notabilizado pelos sonetos, Vinicius de Moraes publicou 13 obras de poesia, dois livros de prosa e várias crônicas. Todos já ouviram alguma vez a poesia de Vinicius de Moraes, mesmo sem saber. A música “Garota de Ipanema”, “Rosa de Hiroshima”, “Eu sei que vou te amar”, “A Felicidade”, “Pelas luz dos olhos teus” e “Tarde em Itapuã” são algumas das canções que se popularizam no Brasil e no mundo.

A versão em inglês da “Garota de Ipanema” foi inclusive escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano.


Vinicius também participou de movimentos de vanguarda da cultura brasileira. Ele foi um dos fundadores do movimento da Bossa Nova que renovou a música brasileira e mundial. Junto com os parceiros Baden Powell e Tom Jobim o poetinha compôs vários clássicos. Com Tom fez o samba “Chega de Saudade”, considerado o marco inicial bossanovista.

O professor de Teoria da Literatura do programa de Pós-Graduação de Comunicação, Linguagem e Cultura da Universidade da Amazônia (Unama), José Guilherme Castro, ressalta essa importância vanguardista de Vinicius de Moraes.

“Muitas pessoas se esquecem que existe um poeta desde as vanguardas com uma participação muito importante no violão de rua, uma vanguarda, pré Golpe Militar, criativa e crítica aos desmandos dos Estados Unidos, principalmente pelo interesse pelo petróleo. Eles eram uma vanguarda muito popular, os poemas eram populares, além de um lirismo muito rico”, aponta.


O professor relembra que Vinicius de Moraes escreveu várias crônicas excelentes sobre os mais diversos assuntos. “Pouca gente sabe do Vinícius como cronista. A crônica é um gênero popular, que se fixa no cotidiano, que não quer dar furo de reportagem, quer mostrar sua visão sobre determinado fato. Ele falou do pai, de feijoada, de muita coisa comum com um toque diferente”.

A poesia e a música de Vinicius de Moraes continuam sendo celebradas ainda hoje. Há 17 anos um grupo de amigos se reúne perto do dia 12 de outubro para comemorar o nascimento do poeta. O evento “Encontro dos Amigos do Poeta Camarada” congrega várias pessoas em Ananindeua para declamar poesias e cantar Vinicius.

A coordenadora do Centro Cultural Rosa Luxemburgo, Fátima Afonso, é uma das envolvidas na organização do evento. “Faz muito tempo que a gente faz, virou um encontro tradicional e vários amigos participam”, conta.

O encontro dos Amigos do Poeta Camarada é realizado sempre na casa de algum dos amigos envolvidos na organização. O local é sorteado para confraternização todos os anos. “São várias pessoas, o grupo é cultural de fãs e pessoas que gostam do Vinicius de Moraes. No sarau a gente declama poesias e toca músicas dele. Todo ano nós fazemos um bolo e cantamos parabéns. O Rosa Luxemburgo ainda apresentou um caderno popular com as poesias do Vinicius de Moraes e um varal de poesias”, relembra.


Após esses 40 anos da despedida de Vinicius, o professor José Castro assegura que o lirismo do poeta é mantido pelas novas gerações. “Esse lirismo permanece até hoje. São 40 anos sem a presença física do Vinicius, mas são 40 anos que a influência dele continua na música, poesia e na cultura brasileira”, assegura.

Gilberto Gil e Toquinho participarão de live em homenagem ao artista

Nesta quinta, um grupo de artistas fará uma apresentação em live para celebrar a memória do autor, dos encontros e das saudades. A produtora cultural Gilda Matoso, de 68 anos, viúva de Vinícius de Moraes, organiza o evento, que começa às 19h, no canal dela no youtube, e contará com nomes como Toquinho, Gilberto Gil, Maria Creuza e Mariana de Moraes, Cynara (Quarteto em Si), e os poetas Marcel Powell, Antonio Cícero, Geraldo Carneiro e o ator Aloísio de Abreu.

Cada artista vai escolher algo para cantar e conversar sobre ele. “Eu fico abismada. Tanta gente que não era nem nascida na época é muito fã dele. É uma obra eterna. A obra é verdadeira, rebuscada e ao mesmo tempo tão popular”, disse.

Gilda Mattoso admira toda a obra do artista, mas destaca uma canção em especial que também celebra a saudade: “Marcha de Quarta-feira de Cinzas”. A música deve ser interpretada na apresentação desta quinta, pela cantora Maria Creuza.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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