Artista Rafael Naufel cria instrumentos musicais na exposição 'Esculturas Sonoras'

 A mostra estreia em Belém com obras interativas elaboradas a partir de peças achadas no lixo.

Rafael Naufel- um artista, construtor e inventor. (Emerson Silva/ Divulgação)


A partir do lixo, o artista plástico Rafael Naufel recria objetos com fins estéticos e musicais na exposição “Esculturas Sonoras”, que estreia em Belém  nesta terça-feira, 8. A customização de restos de instrumentos musicais encontra um caminho feliz nas mãos desse engenhoso e inventivo construtor, que não vislumbra apenas o visual de suas obras, mas também as múltiplas possibilidades de produção de ruídos para a produção musical. A abertura da exposição será às 19h, no Espaço Cultural Banco da Amazônia.

O paranaense Rafael Naudel apresenta 12 esculturas criadas com a técnica da assemblagem que une objetos, componentes eletrônicos e madeira, a partir conhecimentos advindos das técnicas de luthier e da engenharia mecânica. Os visitantes podem interagir vendo, tocando e ouvindo. “Esculturas Sonoras” ficará aberta à visitação pública gratuita até 23 de novembro, de segunda à sexta-feira, das 9 às 17h. A mostra foi selecionada no Edital de Pautas do Espaço Cultural Banco da Amazônia.








A matéria-prima vem da garimpagem de instrumentos quebrados, latas, metais e madeiras conseguidos com catadores de recicláveis, também da visita a ferros-velhos e de doações de amigos.

Em uma das esculturas projetadas por ele, uma guitarra quebrada ganhou uma caixa quadrada acoplada e seis tipos de captadores diferentes (componentes eletrônicos que transformam o som acústico em som elétrico), de guitarra violão e microfone embutido, além de outra guitarra de uma corda só acoplada com um imã e um microfone lateral que serve para cantar enquanto toca. “Existe uma criação, uma obra plástica com várias peças desde brinquedos e coisas eletrônicas que fazem a parte estética, e a própria parte funcional também fica à mostra. Essa parte de traz também pode ser tocada percussivamente com molas. Toda ela (escultura) produz algum tipo de som que pode ser transformada em música”, descreve.

Todas as obras da exposição são instrumentos elétricos “tocáveis”. Em cada um deles, o artista utilizou captadores diferentes, que fazem com que cada uma tem uma sonoridade específica. “Não me considero músico. Experimento sons com eles”, conta Rafael, que apresenta as obras ao público tocando-as.

“A exposição é um convite a não limitar-nos à forma tradicional de observação de uma obra tridimensional, percebidas pelos sentidos da visão e do tato. Ela abre possibilidade de irmos além, percebendo e vivenciando cada escultura também pelo sentido da audição, a partir da sonoridade que cada uma delas é capaz de gerar”, comenta o curador da exposição Vone Petson.

O artista Rafael Naufel no processo de criação. (Emerson Silva/ Divulgação)


Mais do que arte, a exposição dialoga com a pauta socioambiental. O lixo que poderia estar afetando o planeta, mas que ganha novas formas e utilidades, possibilitando uma nova proposta estética e musical. “Minha proposta é desenvolver instrumentos musicais elétricos, como violões e guitarras, que sejam de baixo custo e alto impacto visual”, explica o artista.

Natural de Maringá, no Paraná, Rafael Naufel, de 35 anos, mora em Palmas, no Tocantins, após ter residido em Tucumã, no Sudeste Paraense, e de ter crescido em Uberlândia, em Minas Gerais. Ele é formado em Produção Audiovisual (Cinema e Televisão). “Essa ideia (de esculturas musicais) veio na adolescência, quando fiz oficina de construção de instrumentos e, nessa época, entrei para o grupo de teatro de ‘Faz de Conta’, que constrói os bonecos e os cenários. Foi onde desenvolvi a paixão pela marcenaria e pela construção. Ao longo da vida as coisas foram se juntando e chegou nesse trabalho ‘Esculturas Sonoras’”, descreve.

Há dez anos ele desenvolve experimentações com a reconstrução de instrumentos musicais a partir de materiais vindos do lixo. Ele expôs os trabalhos de 2013 a 2020 em espaços culturais de Uberlândia. “O meu principal trabalho são esculturas com materiais reciclados. Eu tenho um trabalho de instrumentos musicais e de esculturas gigantes de metal feitas com aço, arame e material reaproveitado”, descreve Rafael, que trouxe a Belém somente as obras musicais.

Agende-se:

Exposição “Esculturas Sonoras”

Abertura: Terça-feira, 8, 19h

Visitação: até 23/11, de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h.

Local: Espaço Cultural Banco da Amazônia

Gratuito



Fonte: O Liberal

Texto: Enize Vidigal 

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