II Cortejo Visagento reúne visagens e assombrações pelas ruas do Guamá



Entre caveiras, zumbis e fantasias que criticavam o governo federal, o II Cortejo Visagento reuniu um expressivo grupo de pessoas pelas ruas do Guamá, na noite desta quinta-feira (31). A concentração partiu do Cemitério Santa Izabel, na avenida José Bonifácio por volta das 19h e seguiu por vias como a rua Silva Castro, travessa Liberato de Castro, passagem Sururina e travessas Barão de Igarapé Miri e Barão de Mamoré, onde terminou na escola Barão de Igarapé Miri.

O dia escolhido não podia ser mais simbólico: 31 de outubro, o Dia das Bruxas, mas aqui, a celebração era em torno das assombrações, visagens e criaturas sobrenaturais de Belém que ganharam vida com o autor Walcyr Monteiro, grande escritor da literatura fantástica. Entre os personagens conhecidos do autor que marcaram presença na programação, estavam a cobra-grande que seguiu durante todo o cortejo e, é claro, algumas fantasias da Mulher do Táxi, talvez sua história mais famosa. 
Além disso, ao longo do percurso, algumas paradas foram feitas para a leitura de alguns dos contos do autor, que foi homenageado este ano e participou da primeira edição da iniciativa, realizada ano passado. Durante a caminhada, o objetivo do cortejo foi deixado claro pelos organizadores: "estamos aqui para valorizar a nossa cultura, a cultura do nosso povo", dizia um deles, durante a condução do cortejo. 
A professora Alana Lima com a fantasia "Matinta do Lixão"A professora Alana Lima com a fantasia "Matinta do Lixão" (Cristino Martins/O Liberal)
Com um fantasia intitulada de Matinta do Lixão, a professora e atriz Alana Lima, de 25 anos, se destacou entre os brincantes pela atuação que lhe rendia uma fisionomia séria, até um pouco carrancuda, e uma caminhada com certa dificuldade. Na fantasia, a simplicidade foi o carro-chefe. "Usei um saco de lixo, e coisas que encontrei pelo caminho. Quis mostrar que podemos fazer algo legal de forma simples. Quis trazer a ideia da Matinta, que protege a mata, a periferia, o Guamá e também que incentiva a consciência ambiental", explica.
Outra fantasia que chamava atenção era do ator e artesão Luiz Brito, de 35 anos. Com grandes chifres e uma faixa nas cores do Brasil, que imitava a presidencial, o brincante buscou chamar atenção para as mazelas políticas do Brasil. Para ele, a ideia de um cortejo como este traz incentivo à cultura popular, que vem sendo esquecida ou até mesmo trocada por manifestações de outros países, a exemplo do norte-americano Halloween. "Acho fantástica a ideia de um evento como esse em um momento que a nossa cultura vem sendo deixada de lado", pontua.
Vinícius Xerfan e Brena Oliveira, ambos de 18 anos, desfilaram pelo cortejo fantasiados da lenda da "Mulher do Táxi"Vinícius Xerfan e Brena Oliveira, ambos de 18 anos, desfilaram pelo cortejo fantasiados da lenda da "Mulher do Táxi" (Cristino Martins/O Liberal)
Já os estudantes Vinícius Xerfan e Brena Oliveira, ambos de 18 anos, desfilaram pelo cortejo como a lenda da "Mulher do Táxi" com um táxi habilmente construído pelos próprios alunos de uma das salas de convênio da escola Barão de Igarapé Miri. O professor de geografia da instituição, Aldo Gatinho, explica que o tema foi sorteado para a turma, que como desafio fez a produção em conjunto. Segundo ele, a ideia é incentivar o interesse dos jovens pela cultura local. "É importante pra estabelecer uma territorialidade, para que eles conheçam a própria cultura", conclui.

Fonte:O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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