Coletânea 'Igara e o Povo das Águas' reúne contos e versos sobre a Amazônia

 Obra inédita com textos de oito artistas paraenses está disponível em formato digital para download gratuito

Divulgação

A coletânea de contos e versos infanto-juvenis sobre a Amazônia ‘‘Igara e o povo das águas’’ acaba de ser lançada em formato digital para download gratuito. A obra inédita reúne textos da autora indígena Márcia Kambeba, da rapper Shaira Mana Josy, da mestra ceramista Vandria Borari, da compositora e fotógrafa Marcela Bonfim, da xamã Joana Chagas, da psicóloga Lívia Arrelias e do menino quilombola Rian Santos, que são costurados pelas viagens da personagem “Igara”, sob a coordenação da historiadora e escritora Marcela Gomes Fonseca, a Marcela Inajá.

Igara é uma menina com nome inspirado na palavra “igarapé” e que vive muitas aventuras pela Amazônia ao lado da irmã Ana Maria. As duas passeiam pelos textos dedicados à diversidade cultural, histórica e social da Amazônia e conduzem o leitor a um mergulho encantador da literatura fantástica, como na chegada ao rio Madeira, onde conhecem Dona Preta e Seu Lelé, que contam a história do peixinho Naruê.

Em outro trecho do livro, Igara e Ana Maria enfrentam uma tempestade em pleno rio Solimões, onde surge um encantamento que dá voz ao rio e à floresta. Já no Tapajós, as crianças se divertem com o achado de peças arqueológicas de cerâmica no fundo do rio.

Na obra, Márcia Kambeba, que também é atriz, geógrafa e ouvidora geral do Município de Belém, traz a poética inspirada no Solimões. Vandria Borari revive as brincadeiras de infância no Tapajós.

Márcia Wayna Kambeba é escritora, poeta, fotógrafa, locutora, compositora, escritora, ativista, educadora, atrizMárcia Wayna Kambeba é escritora, poeta, fotógrafa, locutora, compositora, escritora, ativista, educadora e atriz (Divulgação)

Shaira Mana Josy, que também é pedagoga, com atuação no bairro da Terra Firme, em Belém, apresenta o cotidiano do rio Tucunduba. A rondoniense Marcela Bonfim, fala dos peixes migrantes do rio Madeira.

Joana Chagas, que é contadora de histórias e cuida de uma biblioteca comunitária no bairro do Guamá, em Belém, traz narrativas do Oiapoque a Belém carregadas de ensinamentos.

Rian, que é estudante da educação básica, quilombola de Gurupá-Cachoeira do Arari, traz as histórias do Marajó através do personagem Manoel. E a amapaense Lívia Arrelias revive as memórias de infância em um texto que compõe o caderno de atividades que acompanha o livro.

Shaira Mana Josy ministra oficina de escrita criativaShaira Mana Josy é pedagoga, com atuação no bairro da Terra Firme (Divulgação)

“A ideia foi reunir autoras e autores de diferentes cantos da Amazônia com a dinâmica de poesia, crônica ou prosa que falasse da região, dos traços culturais, dos costumes e hábitos para um livro didático infanto-juvenil”, conta Marcela Inajá.

O projeto foi organizado por ela e pelo designer Maécio Monteiro, o Mael Anhangá, do projeto Reconhecendo a Amazônia. O livro foi contemplado pelo Prêmio Preamar de Cultura e Arte 2020, da Fundação Cultural do Pará.

“Igara e o povo das águas” ganhou ilustrações de Delen de Castro e está disponibilizado gratuitamente para download no site www.reconhecendoaamazonia.com.br.

Joana Chagas é a contadora de história paraense que participará do festival on-line.Joana Chagas é a contadora de história e cuida de biblioteca no Guamá (Divulgação)

Além da finalidade literária, os organizadores destacam que o livro preenche uma lacuna na produção e distribuição da literatura didática com a temática interdisciplinar dos Estudos Amazônicos com foco na Educação Básica. Também busca atender os princípios básicos da legislação educacional, que preveem a interligação da cidadania e da educação em prol das relações étnico-raciais, assim como atende as leis nº 10.639/03 e nº 11.645/11, que tornaram obrigatório o ensino da História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena na Educação Básica.




Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e imagens).

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