Ourém, cidade dos igarapés e do maior e mais antigo festival do estado

 O XXXVI edição do Festival da Canção Ouremense vai premiar e revelar as novas composições do Pará e do Brasil




Já se aproximando dos últimos dias do mês de julho o “Cultura de Verão” leva o leitor a saber um pouco mais sobre o município de Ourém, nordeste do estado, uma cidade conhecida pelos belos igarapés de águas cristalinas. Um lugar que proporciona sossego, mas também oferece diversão. Esse final de semana, em especial, ocorre o XXXVI edição do Festival da Canção Ouremense.

A cidade fica a 182 km de Belém e para chegar até lá o visitante pode ir de carro particular ou de ônibus por meio da rodovia BR-316. Mas para quem não conhece é preciso ficar atento, pois antes da entrada de Capanema é necessário fazer a curva em direção a PA- 124, o acesso principal da cidade.

Ourém encanta pelos igarapés, pelo bom tratamento dos moradores, pelo folclore e por aquelas histórias comuns de cidades pequenas. Em 2016, município ganhou um mini-museu com diversos objetos que fazem parte da história de Ourém. O ativista cultural Arlindo Matos inaugurou o espaço em sua propriedade, que fica a 1km da cidade, no ramal dos Canutos, com diversos objetos que marcam a identidade da cidade.

O piso do museu é o antigo piso da igreja católica matriz que foi trocado por porcelanato. “Um horror jogar fora um piso desse todo ornamentado, faz parte da história da chegada dos portugueses em Ourém”, pontuou o ativista cultural. Quem tiver curiosidade a respeito da história da cidade vai encontrar boas referências no museu.

O estado do Pará é marcado pelas comidas típicas e Ourém não fica de fora com suas iguarias. O mingau de Mucajá, herança da culinária indígena, chegou a ser exportado para a Itália.

O igarapé da Tia Loira, o Rio Vermelho, o Aracu, Puraquequarinha, do Arlindo e entre outros são apenas algumas das opções de banho. Desses, apenas o da “Tia loira” e “Aracu” têm estrutura de restaurante para o público visitante com um cardápio variado.

A cidade de Ourém não se limita as belezas naturais como atrativo. É uma cidade rica em cultura como os pássaros juninos e entre outras manifestações. Sem falar do tradicional Festival da Canção, que move o município no penúltimo final de semana do mês de julho com apresentações de artistas paraenses.

XXXVI Festival da Canção Ouremense encerra com Sandra de Sá

Neste sábado (23), o público vai conhecer os artistas vencedores da 36ª edição do Festival da Canção Ouremense, mas além das novas revelações da música do Pará e do Brasil, o público ainda vai contar com a apresentação da cantora Sandra de Sá, que está feliz em participar da festa, já que é uma artista que participou de vários festivais desde a época de colégio.

"Eu comecei no MPB 80 e essa rotina vem desde a época de colégio. Festival é cultura e precisamos de mais festivais. É uma honra participar de um festival como o de Ourém que vem construindo uma história na música", destaca a artista.

Sandra de Sá interpreta canções que se tornaram verdadeiros hits da música brasileira, que não só fazem parte da sua identidade como também contam um pouco da realidade vivida, com uma visão alegre e otimista.

A ideia é ter um show que toca todos os ritmos, com MPB, Soul, Samba ao Funk, esse show foi criado com amor e carinho, e dirigido pela própria Sandra de Sá, a cantora desfila com clássicos do seu repertório, como "Retratos e Canções", "Vale Tudo", "Joga Fora", "Bye bye tristeza", "Olhos Coloridos". Um show com emoção e talento.

O Festival da Canção Ouremense é o maior e mais antigo Festival de Música do Estado do Pará. Em 1983, um grupo de compositores e intérpretes que juntamente com amantes da música local, inspirado nos grandes festivais nacionais, elaborou o primeiro festival.

Dentre algumas das pessoas responsáveis pela elaboração da programação estavam: Donato Sarmento, Humbertinho, Fernando Piauí, Alderico Aires, Veloso Neto, Tomaz Ruffeil, Marcos Ruffeil, entre outros, que se disponibilizaram em contribuir à coordenação do projeto.

Filho de Ourém, Dj Gust faz uma playlist especial para o “Cultura de Verão”

Gustavo Aguiar, que vem consolidando a carreira de Dj e produtor cultural, preparou uma playlist cheia de nostalgia ao recordar do tempo que morava em Ourém. Ele diz que não tem dúvida que o caminho da sua vida profissional está diretamente ligada às influências culturais de sua cidade, pois desde criança, de forma involuntária, sempre participou de atividades culturais tanto na escola como fora dela.

Foto: Ygor Negrão


“Ourém é uma cidade muito cultural e que preserva suas manifestações. E é muito bom lembrar da época da escola em que fazíamos parte das festas de boi e também de outras programações que mostram a identidade da cidade”, recorda o Dj.

Tem dois mestres que Gustavo tem um carinho todo especial: o mestre Cardoso, que morreu em 2012. Gustavo diz que lembra com clareza da presença do mestre e de suas composição universais e cosmopolita, ao mesmo tempo. “Ele escrevia sobre a natureza, mas também falava o que enxerga sobreo mundo a partir da realidade dele. É muito rica a obra dele”, destaca o Dj.

Outro mestre citado por Gustavo é o Mestre Faustino, ainda vivo e muito presente junto com a família com o envolvimento da produção cultural da região. “Ele e a família dele são multi-artistas que vêm promovendo várias atividades em Ourém. Por sinal, uma característica muito forte da cena cultural de Ourém é que geralmente os artistas não se limitam a uma linguagem, eles atuam em diversas áreas e isso é bonito de ver”, acrescenta Gust.

Para o Dj, Ourém é uma cidade pequena e que preserva a aura de vila e que os moradores sempre tiveram uma relação forte com os rios, com os igarapés e com a natureza de um modo geral. “Tem toda uma história mística envolvida, a toada de boi traz os encantados.  Quem for em Ourém vai conhecer essas histórias, por exemplo, a minha avó dizia que a partir das 18h era preciso pedir licença aos encantados para entrar nas águas”, recorda Gust.


Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Lima

Imagem: Divulgação

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