Mestre Damasceno é ovacionado em chegada no Marajó após desfile no Carnaval 2023

 Os moradores se sentem felizes e representados após desfile na Sapucaí

Kleyton Silva / Acervo Guto Nunes e Coletivo Pulsar Marajoara
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Depois de uma temporada no Rio de Janeiro levando a cultura do Marajó para o mundo, o mestre Damasceno chegou em Salvaterra e foi recepcionado pelos moradores da cidade, que se sentem felizes e representados após o desfile, na Marquês de Sapucaí. A escola de Samba Paraíso do Tuiuti ficou em oitavo lugar com o enredo sobre o Marajó.

Guto Nunes, que é produtor do mestre Damasceno e contribui com a divulgação dos trabalhos do mestre, diz que esse envolvimento do público vem sendo forte desde o Rio de Janeiro, mas quando o mestre chegou no Marajó ele foi ovacionado pela população. "Foi uma recepção bonita e calorosa, pois quando a balsa encostou a população já estava esperando por ele. A família correu abraçando, chorando e seguimos em carreata pelas ruas de Salvaterra", destacou Guto Nunes.

Após cumprimentar o povo de Salvaterra, o mestre foi para a Escola Oscarina, onde lá ele dividiu um pouco do que viveu nesses últimos dias. "Encerrar essa homenagem na escola mostra a importância do mestre para a educação e cultura", acrescenta Guto.

A participação da população de Salvaterra e do estado como um todo mostra a importância que o mestre Damasceno e demais mestres têm para a cultura popular. Guto Nunes reforça que toda essa repercussão aponta o caminho que é preciso focar com relação a valorização desses mestres detentores dos saberes tradicionais populares.

"O mestre Damasceno nos aponta para um caminho do fortalecimento dos saberes e fazeres dessas pessoas que estão morrendo. Perdemos quatro mestres em um tempo curto de espaço. Isso se faz necessário e urgente pensar em políticas públicas permanentes onde mestres e mestras possam ser valorizadas. Nesse momento há um projeto de lei em esfera estadual e municipal, Belém e Salvaterra, sendo elaborado e discutido para ser implementado pelo poder público", destaca o produtor.

Outro desdobramento é a materialização do espaço cultural mestre Damasceno que vai abrigar memoriais que o mestre vem arrecadando ao longo de mais de 50 anos dedicado à cultura popular.

Marajoara, quilombola, fazedor de cultura afro-indígena e autor de mais de 400 composições. Mestre Damasceno, Gregório dos Santos é arquivo vivo de tradição e cultura popular.

A estreia do mestre em estúdio ocorreu em 1999, quando alguns Mestres da Cultura Popular enxergavam o CD como um vilão que ameaçava o modo tradicional de se fazer música, Mestre Damasceno entra em estúdio acompanhado de grandes nomes da música popular paraense, como Mestre Pindunda, Ronaldo Silva e Ivan Cardoso.

Salvaterra, no Marajó, é a cidade com maior número de comunidades quilombolas do país, conforme aponta Guto Nunes. E é da comunidade do Salvar, de Vila de Mangueiras, que vem o Mestre Damasceno. Ele ficou cego aos 19 anos, em um acidente na construção civil, com a alavanca de uma betoneira.


Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Lima

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