Minissérie 'Pará Musical', gravada em Belém, vai mostrar os ritmos e artistas das terras paraenses

 A produção do Canal Bis está sendo gravada em Belém com artistas como Dona Onete, Manoel Cordeiro, Arraial do Pavulagem, Keila e Arthur Espíndola, entre outros.

Igor Mota
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música paraense vai ganhar minissérie no Canal Bis. Dona Onete, Alan Carvalho, Manoel Cordeiro, Keila, Arraial do Pavulagem e Arthur Espíndola são algumas da estrelas regionais que irão abrilhantar a "Pará Musical", que está em gravação no Teatro Experimental Waldemr Henrique, em Belém. A produção é dirigida e produzida por Marco André, cantor e compositor paraense radicado no Rio de Janeiro, que também tornou-se cineasta.

"Desde que produzi o filme ‘Amazônia Groove’, em 2018, que mostrou a música do Pará e foi indicado ao grande Prêmio do Cinema Brasileiro e ganhou prêmios de fotografia no Festival SXSW - South by Southwest é um conjunto de festivais de cinema, música e tecnologia, dos Estados Unidos., em 2019- e de direção de fotografia pela Associação Brasileira de Cinematografia, em 2020, tive vontade de fazer outra produção com esse tema", conta. 

Pará Musical terá quatro episódios, com duração de 30 minutos cada um com cenas de shows e depoimentos. Cada episódio será dedicado a um gênero ou vertente musical distinto. O episódio reservado ao carimbó, terá as participações de Dona Onete, Íris da SelvaAllan Carvalho e Almirzinho Gabriel. Outro episódio será sobre o boi-bumbá com o com Ronaldo Silva e Júnior Soares comandando a festa do Arraial do Pavulagem. Outro episódio vai destacar as influências latinas na música paraense, com o mestre da guitarrada Manoel Cordeiro Keila (Gang do Eletro) evoluindo para as vertendes do brega, como o tecnobrega. 

O quarto episódio será voltado ao samba paraense, uma cena recheada de cantores e músicos, sob o comando de Arthur Espíndola, que contará também com os compositores de samba-enredo Garcia e Paulo Oliveira, o diretor de bateria da escola de samba Quem São ElesPedro Paulo, os cantores Karen TavaresRafaela Travassos Pedrinho Cavalléro, além de depoimentos dos radialistas especializados Edgar Augusto e da Lourdinha Bezerra.  Ainda, o episódio vai resgatar clássico "Janelas de Belém"  (Olê Olá Belém), do saudoso Alcir Guimarães.

Manoel Cordeiro desvenda um pouco do que será o episódio gravado por ele com Keila: "Vou tocar umas três músicas minhas e uma inédita que fiz com a Keila, chamada ‘Chuva de Foguinho’, que é um zouk love". Ele detalha que o zouk love é uma vertente do zook mais lenta e sensual, "feita especialmente para amar", conforme descreve. "A gente fez essa música tem uma época. Eu tenho pesquisa (sobre os ritmos de influência latina) há mais de 30 anos", conta. 

Ronaldo Silva também antecipa um pouco do que o Arraial vai levar para o set de gravação: "Vamos gravar algumas músicas e dar uma amostra do cortejo com a galera do Arraial, com a participação dos pernaltas, cabeçudos e do Batalhão de Estrelas". Estudioso da tradição do boi-bumbá, o cantor e compositor explica que essa manifestação cultural existe em vários cantos do Brasil, mas com características diferentes. "É uma cultura brasileira que veio com a colonização e é praticada no Brasil inteiro, como Parintins (Amazonas), Belém (Pará) e Maranhão e outros. Tem o boi de promessa de promessa, do devoto de São João que bota a brincadeira todos os anos, tem a comédia da Catirina, como ocorre no bairro do Guamá, em Belém, e tem sem a comédia, como no município de São Caetano de Odivelas (Nordeste Paraense). Os bois também têm características específicas, alguns são bordados, outros não. Não tem um boi igual o outro. É importante fazer uma memória disso". 

"Acredito que esses gêneros musicais vendem muito bem o Pará: o carimbó, o boi-bumbá e as influências latinas, mas também sempre achei o samba do Pará maravilhoso. As pessoas não têm noção (fora do estado) do que é o samba feito no Pará. Vamos mostrar que temos um samba de boa qualidade", acrescenta Marco André. 

O Teatro Waldemar Henrique foi transformado em set de gravação. Durante quatro dias, de quarta-feira até o sábado, 1o de abril, o espaço fica fechado exclusivamente para as gravações da minissérie, de forma reservada, sem a presença de público. O lançamento está previsto para o próximo semestre, ainda sem data marcada.

Marco André, que tornou-se cineasta há nove anos, já se prepara para iniciar a gravação do próximo filme também com a temática musical, que será "Porto Caribe", pela Globo Filmes. O projeto vai revelar a influência da música do Caribe, com gravações em Cuba, no Pará e na República Dominicana, a partir do próximo mês de junho. "Hoje, trabalho mais com produção audiovisual do que com música, apesar de eu tentar juntar as duas coisas".


Fonte: O Liberal

Texto: Enize Vidigal

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