Material inédito de Renato Russo apreendido no RJ é transferido para empresa especializada em SP


 

O material da Legião Urbana recuperado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, em um galpão no subúrbio, o qual foi destinado pela Justiça como fiel depositário a Giuliano Manfredini, herdeiro do compositor e responsável pela Legião Urbana Produções, já se encontra em São Paulo. Todo material está armazenado nas instalações da Clé Reserva Contemporânea, que na França guarda até obras do Museu do Louvre.

“Trata-se da subsidiária de uma das empresas mais respeitadas do mundo em guarda de obras de arte, respeitando as normas da museologia internacional. Vários museus do Brasil guardam suas obras na Clé”, explica Manfredini. Há mais de um ano, os policiais investigavam a localização de objetos que foram retirados do apartamento de Renato Russo e não devolvidos.

O transporte dos objetos do Rio de Janeiro para São Paulo aconteceu na última terça-feira, 15, também por meio de uma transportadora especializada na logística de acervos históricos/culturais. O filho de Renato Russo também fez uma apólice de seguro para garantir a integridade do material. “Ainda desconheço o conteúdo completo do material recuperado, precisamos verificar se é o que foi retirado do apartamento do meu pai e não devolvido. O nosso interesse é tornar público qualquer material que tenha presença do meu pai e que pertença ao seu acervo, sempre respeitando as leis e os direitos das pessoas e instituições envolvidas”, garante.

O material está armazenado num sistema de segurança sofisticado, com monitoramento remoto por câmeras em CFTV Digital. Com estrutura 100% em concreto, o edifício apresenta o que há de mais moderno em termos de climatização (controle de temperatura e umidade), segurança predial e prevenção contra incêndio. “Enquanto estiver sob minha responsabilidade, a exemplo do que ocorre com todo o acervo do meu pai, já tratado no MIS/SP, o material apreendido pela Operação ‘Tempo Perdido’ será cuidadosamente guardado, manuseado e analisado por profissionais especializados”, afirma Manfredini.

 

Dado diz que obra pertence ao “Legião Urbana”

O músico Dado Villa-Lobos criticou esta semana a apreensão das fitas, alegando que elas iriam “apodrecer”. O guitarrista diz que as fitas são legalmente de propriedade da Universal Music e integram o legado da Legião Urbana, não apenas de Renato. “É claro que eu tenho a anuência da utilização daquilo, não pode fazer qualquer coisa, mas eles são donos daquele fonograma e eles têm que preservar isso”, observa o músico.

O guitarrista garante que nada está sendo escondido (nem por ele, nem pelo produtor Marcelo Fróes) do herdeiro de Renato Russo:

“A EMI contratou Marcelo Fróes para digitalizar todas as fitas e ele fez um relatório completo, que foi entregue a mim, à família, a todo mundo. Ninguém está querendo esconder nada de ninguém. Já acionei meus advogados deixando claro que eu não vou autorizar (o lançamento de) absolutamente nada do que vai sair dali se a companhia não tiver de volta esse material, que é da Legião Urbana e da Universal”.

Dado diz temer pela conservação das fitas, boa parte delas com mais de 30 anos:

“A Iron Mountain tinha as condições climáticas de desumidificação para preservar as fitas magnéticas. Não consigo entender como é que a minha obra é tirada dali e vai parar nas mãos da polícia. Eu estou dando como perdido esse material, ele é parte da nossa vida e agora vai apodrecer”.

Entenda o caso

Batizada de Tempo Perdido (canção do grupo de Renato, a Legião Urbana), a ação que apreendeu as fitas, coordenada pelo delegado Maurício Demétrio com policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) é a continuação da Operação Será, que em outubro foi atrás de material inédito que estaria de posse de produtores musicais que trabalharam com Renato Russo.

Na ocasião, a polícia foi à casa do pesquisador Marcelo Fróes, amigo de Renato Russo, ex-representante artístico da sua família junto à gravadora EMI e produtor de três álbuns póstumos seus. Agentes apreenderam HDs, computador e celular de Fróes e alegaram ter encontrado um relatório que daria conta da suposta existência de pelo menos 30 músicas em versões inéditas gravadas pelo artista, morto em 1996.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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