O Arraial durante a Festividade da Padroeira

 




**Escrever sobre Capanema é rotina de muita gente, sobretudo quando a escrita refere-se ao tempo mais antigo da cidade. No grupo “Amigos de Capanema”, Myrian Magalhães, publicou um texto que destaca o Arraial, uma das festas mais tradicionais da cidade, conforme abaixo...


"Sete de dezembro me traz muitas lembranças de Capanema. Era a última noite da 'festa', o arraial que celebrava a padroeira da cidade.

Nos anos 60, na Praça da Matriz era montado o arraial, com barracas de palha, onde eram vendidas comidas e bebidas. No centro da Praça, apoiada no coreto, a Barraca da Santa. Ali, além de comida e bebida, música ao vivo, leilão de doações, que iam de bolos (lembro os em forma de coração) as galinhas e bois, tudo doado pelos fiéis da cidade ou das 'colônias'.

O arraial era o ponto de encontro no início de dezembro. Lembro que eu, criança, sentava com meus irmãos, no entardecer de 7 de dezembro, para ver chegar os colonos para o arraial. E eles vinham em paus de arara, que geralmente  paravam na esquina com a 2 de Junho, onde havia o comércio do Seu Damião. Os homens, enfatiotados e com os cabelos arrumados com a Brilhantina Glostora; as mulheres, cabelos presos em coques ou soltos ao vento, bochecha com rouge e bocas vermelhas, largos cintos a lhes apertarem a cintura.

À noite, as estreitas calçadas da Praça eram pequenas para tanta gente que ia de um lado para o outro, quase sempre exibindo roupas novas. Aliás, na nossa casa, a criançada mostrava roupas e sapatos novos no dia seguinte,  8 de dezembro, na procissão e no encerramento do arraial. Esse também era o dia de se ganhar um balão a gás, mimo esperado ansiosamente...

O arraial tinha cheiros: da palha das barracas, que ia secando com o passar dos dias, e da pipoca, do amendoim torrado. Tinha adrenalina,  no embalar dos barquinhos ou na roda gigante. Tinha sustos, na tenda da Mulher Macaco, no Trem Fantasma...

Lembranças que estão tão vivas em mim que quase me enxergo criança, esperando a vez para entrar no 'bondinho' ou montar nos cavalinhos do carrossel. E quase sinto o gosto do pastel com Guarasuco, da Barraca da Santa. 

Saudades, saudades de um tempo que o progresso matou".


Myrian Magalhães, umas das
coordenadoras do grupo
Amigos de Capanema.
















Edição: Maikon Douglas

Fotos: Divulgação

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