Escritores exaltam a importância do livro para o público infantojuvenil

 O Dia Nacional do Livro Infantil é celebrado no dia 18 de abril em homenagem a Monteiro Lobato

Cristino Martins/ O Liberal
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O Dia Nacional do Livro Infantil é 18 de abril e amanhã (19) é dia dos povos indígenas. E para celebrar duas datas importantes a escritora indígena Márcia Kambeba fala como é fundamental o livro didático na vida de uma criança. Autora de "O povo Kambeba e a gota d'água", destaca que pela oralidade e pelas contações de histórias contadas pela sua avó lhe despertou o amor pela escrita.

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"De pequenininha eu lembro de deitar debaixo da rede da minha avó, que estava embalando, fumando seu cachimbo e eu viajando naquelas histórias que ela contava. Toda criança gosta de ouvir histórias. Isso é um fato. Toda criança gosta de uma história e toda criança sabe contar uma história. Ou porque ela ouviu alguém contar ou porque alguém leu para ela, mas ela tem também a sua criatividade, ela também é uma contadora de história.", pontua Kambeba.

A escritora acrescenta que o livro fortalece a caminhada da criança, da estrada rumo a um ser humano mais humano, a um ser humano mais entendido da sua relação com a natureza, da sua relação intrínseca com a biodiversidade. "A criança passa a experimentar outras vivências por meio da literatura, por meio da leitura. A criança quando vê a imagem, quando ouve a narrativa ela se transporta para aquele universo", acrescenta.

A escritora e contadora de histórias Ester Sá diz que os livros são objetos transcendentes, "já disse Caetano Veloso", pontua. Para Ester, o livro é uma grande verdade, é um objeto que ultrapassa sua materialidade, uma vez que carrega nas palavras muitos significados, conhecimento e sentimentos.

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"Uma criança que começa a ter contato afetivo com o universo dos livros desde cedo não irá abandoná-los, mesmo que depois se interesse por outras tecnologias. O livro é sedutor para a criança, nunca vi um bebê que não se interessasse em folhear, observar, contemplar, e também ter o prazer de manuseá-lo. Cada página é uma descoberta. Se essa criança recebe de um adulto a mediação dessa leitura, interagindo, descobrindo junto, o vínculo se consolida na experiência, e haverá mais um leitor no mundo. O livro aproxima o ser humano de si mesmo, é uma experiência de conexão, então ler é um caminho para a autodescoberta. A criança pode encontrar nas histórias sentimentos que vai aprender a processar, dentre outras delicadezas de descobertas", reflete a escritora.

Ester diz que escreve o que ela é, a técnica está a serviço da conexão, "então o que penso em primordial é como eu estou me sentindo enquanto escrevo, qual a energia que coloco para ser compartilhada com o outro. Mesmo sem a presença física do autor na hora da leitura, estamos presentes na energia da entrega que colocamos na obra, que estará nas mãos do outro, que dedica seu tempo para ler", destaca.

Em fevereiro deste ano, Ester Sá lançou "Pedro Malasartes e o Pássaro Lapão" escrito em cordel, inspirado em uma das histórias do famoso personagem arteiro. E em Maio deste ano ela lança no Miriti Fest, em Abaetetuba, o livro "Nina Brincadeira menina", inspirada na vida da artista popular Nina Abreu, mestra na artesania do Miriti. Ambos os livros têm ilustrações de Luciana Leal, e foram lançados pela Editora AMO.

O escritor Guaracy Brito Junior também faz parte do time de escritores que se encanta em escrever para o público infantil. Para o escritor e jornalista, o livro físico está acima de qualquer outra mídia por trabalhar a criatividade e sensações em uma criança.

“Trabalha o tato, a criança pode carregar, arrancar a página, interferir com desenhos. Enfim, gera sentidos no corpo e na alma de uma criança”, afirma. Sobre a técnica de trabalho, Guaracy diz que procura se aproximar ao máximo de uma escrita que uma criança faria, ele usa a forma mais direta e trabalha o pensamento mágico e surreal.

“Além dessas técnicas o meu trabalho vai muito em busca da natureza, isso se deve a minha vida ter sido com as conexões que tenho com as árvores, as ilhas, as nuvens, as chuvas”, acrescenta.

Atualmente, Guaracy está trabalhando com o livro “Duvido você me encontrar nesse livro”, que propõe uma interação direta com o leitor. “Ele recebe o livro em um envelope e ele mesmo vai montar, costurar e ordenar as páginas. É um trabalho lúdico e artesanal”, explica o escritor.

Dia do livro infantil

O Dia Nacional do Livro Infantil é 18 de abril, data natalícia do escritor Monteiro Lobato”. A data foi escolhida para homenagear o escritor, considerado o pioneiro, o pai da literatura infantil brasileira.


Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Lima


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