Artistas indígenas e paraenses marcaram a 19ª edição da SP Arte, em São Paulo

 Os paraenses Berna Reale, Luiz Braga e Emmanoel Nassar tiveram obras expostas na feira

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Considerada a feira mais importante de artes da América Latina, a feira SP-Arte encerra hoje no Parque Ibirapuera, em São Paulo, sua 19ª edição. Iniciada na quarta-feira, 29, a feira recebeu 167 expositores, entre galeriasestúdios de design e editoras. O público presente pôde conhecer obras de paraenses como Berna Reale, representada pela galeria Nara RoeslerLuiz Braga, pela Leme, e Emmanoel Nassar na galeria Milan, além do indígena Jaider Esbell, também na mesma.

Na galeria Gentil Carioca, a feira apresentou obras do curador e artista indígena Denilson Baniwa, enfatizando o potencial que a arte tem para transformar e irradiar a cultura indígena. O artista está expondo também no Octógono da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Central galeria destacou a presença de obras de três artistas indígenas com exposições em cartaz no período da feira. Uma delas foi da artista Carmézia Emiliano, a exposição individual "A árvore da vida". Da etnia Macuxi, a artista é considerada uma expoente da Arte Naïf. A exposição foi inaugurada no Museu de Arte de São Paulo (MASP), no dia 24 de abril, assim como a Carmo Johnson Project, do coletivo MAHKU, que está em cartaz até o dia 4 de junho no 2º subsolos do MASP.

Já a galeria Galatea organizou-se em quatro temas: paisagens e vegetações; figuras humanas e entidades; abstrações orgânicas; abstrações geométricas; e conceitualismos políticos. Dentro dessa organização, pode-se encontrar obras de Aislan Pankararu. A galeria Aura levou à 19ª edição da feira, trabalhos de marchetaria de Dhiani Pa'saro, do povo Wanano, que fez parte da mostra Vaivém, exposição que inscreveu no circuito da arte contemporânea as obras da artista indígena de Manaus Duhigó.

Duhigó se apropria de lembranças de sua infância para não deixar sua cultura morrer como, por exemplo, um muiraquitã (Tarôquá, na língua Tukano), nome que os índios ancestrais da Amazônia davam a um pequeno objeto em forma de rã ou pequeno sapo. É um “olho grego” que segundo a crença traz felicidade, sorte e poderes de realização.

Estão expostos também os já tradicionais bancos do Xingu, a Coleção Bancos Indígenas do Brasil, de artistas do povo Ticuna, do noroeste amazônico, no estande dos Bancos Indígenas do Brasil.

Berna Reale

Presente na SP-Arte, a paraense Berna Reale que propõe em seus trabalhos uma reflexão sobre o momento sociopolítico contemporâneo, dando ênfase na temática da violência, será destaque em coletivo de 19 de abril a 16 de junho em Nova Iorque. Intitulada “Dissident Practices”, a mostra será na galeria Anya & Andrew Shiva/John Jay College of Criminal Justice. Serão trinta obras de arte de doze artistas mulheres brasileiras, narrando sua contribuição, que apresenta uma visão abrangente de como as mulheres respondem às mudanças sociais no Brasil.

Os destaques da mostra, incluem performance em vídeo de Berna Reale sobre os perigos do poder institucional. Participam também as artistas Anna Maria Maiolino, Letícia Parente (1930-1991), Anna Bella Geiger, Regina Vater, Gretta Sarfaty, Lenora de Barros, Rosana Paulino, Renata Felinto , Fabiana Faleiros, Aleta Valente , Lyz Parayzo.

A exposição, será apresentada, em conjunto, com as publicações do livro "Dissident Practices" que significa “Práticas Dissidentes “: Brazilian Women Artists, 1960s-2020s por Claudia Calirman (Duke University Press, Abril 2023). O livro, examina sessenta anos de arte visual de mais de 18 proeminentes e emergentes artistas brasileiras desde os anos 60 até ao presente. Através das suas agendas sociopolíticas radicais, elas afirmam as suas diferenças e produzem diversidade numa sociedade onde as mulheres continuam a ser alvos de brutalidade e discriminação. Embora tenham sido elogiadas como figuras-chave na arte brasileira e gozado de uma posição única em termos de visibilidade e proeminência no país, estas artistas ainda enfrentaram adversidades e constrangimentos devido ao seu género.

Práticas discordantes, a cores com 98 ilustrações, abrangem os anos desde a ditadura militar em meados dos anos 60 até ao regresso à democracia em meados dos anos 80, as mudanças sociais dos anos 2000, a ascensão da Direita no final dos anos 2010, e o recente desenvolvimento de uma geração mais jovem e diversificada que luta pela igualdade de género e pelos direitos LGBTQI+.


Fonte: O Liberal 

Texto: Camila Lanhoso Martins, especial para o Grupo Liberal

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