Corpus Christi 2010: 34 ANOS EM CAPANEMA

Atualização às 12h30m de quarta-feira, 19 de maio de 2010.
 Edição: Anna Paula e Celene Vasconcelos
                      
Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários

|Este é o tema escolhido pela paróquia de Capanema, para a procissão de Corpus Christi que completa 34 anos. A coordenação está trabalhando todos os dias na organização do evento, sendo que a classificação do material está em ritmo acelerado  e com o passar dos dias, são definidos todos os pontos que vão atingir os 1.300 metros de decoração, divididos em 10 trechos.  A serragem de madeira, matéria a certo ponto escassa no mercado, já está em poder dos coordenadores, assim como os outros ingredientes e as tarefas estão sendo divididas de acordo com a formação dos grupos. O Pároco Frei Fábio Bernardo, está empenhado para que Corpus Christi comemorativo ao Centenário de Capanema, seja histórico e inesquecível, pois significa a participação maciça da igreja católica, na procissão eucarística com as gravuras que forem destinadas, contribuindo com o colorido que vislumbra quem acompanha o evento de perto.
Mais uma vez é esperada a presença de grande número de turistas que vem a Capanema acompanhar o evento religioso e cultural, que é a caminhada do Cristo Sacramentado junto ao povo nas ruas decoradas e enfeitadas pela população. De acordo com a coordenação de Corpus Christi, várias caravanas serão formadas vindas dos municípios próximos e o capanemense vai receber todos com a alegria de sempre. A comissão de divulgação está empenhada no envio de matérias para os meios de comunicação e certamente o evento contará com a participação da imprensa local, bem como da Região. Cumpridas as etapas iniciais dos trabalhos, a coordenação continua se reunindo com os grupos, obedecendo ao calendário determinado pela paróquia, conforme abaixo:

·  20/05 – Reunião geral (Samarate, 19:30h)

·  22 a 30/05 – Pintura da serragem (SETRAN)

·  25 a 31/05 – Semana Eucarística nas comunidades e matriz, 19:30h

·  30/05 – Marcação dos trechos (Matriz, 09h)

·  02/06 – Transporte da serragem para os trechos (SETRAN, 14h)

·  02/06 – Missa de envio para ornamentação (Matriz, 18h)

·  02/06 – Inicio da ornamentação das ruas, 19h

·  03/06 – Missa Campal de Corpus Christi, 07h

·  03/06 – Inicio da Procissão, 08:30h

·  03/06 – Missa de encerramento na Matriz, 10h

Corpus Christi/2009

          

No ano passado os acontecimentos da procissão foram registrados pela imprensa, sendo que o texto abaixo foi inserido na edição do Jornal Público Belém/Pá, alem do Portal Capanema. Estou repetindo a matéria, para conhecimento dos caros leitores, sobre o conteúdo e a magnitude do evento.

Católicos celebram Corpus Christi mesmo debaixo de chuva

O feriado de Corpus Christi não é um dia comum para os católicos de Capanema, cidade situada no nordeste do Estado, distante 150 km de Belém. Tudo porque, nesse dia, acontece uma mobilização geral sob a coordenação da paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que se junta aos movimentos religiosos e parte da comunidade, para celebrar a Eucaristia nas ruas da cidade, sobre 1300 metros de tapetes coloridos, confeccionados a capricho por membros dos movimentos e até por artistas anônimos. A festa de quinta-feira marcou mais uma etapa da procissão de Corpus Christi em Capanema, evento religioso e cultural, considerado como um dos maiores do Estado, atraindo romeiros de todas as partes.  
A tranquilidade da cidade é quebrada com o grande movimento de pessoas que chegam em carros particulares, ônibus fretados, outros tipos de coletivos e até de bicicleta, transporte comumente usado por moradores da zona urbana e também da zona rural. Para o vendedor Ribamar Brito, morador da periferia de Capanema, enfrentar qualquer obstáculo para acompanhar a procissão, não significa sacrifício e sim devoção e fé. Reconhecido como um dos municípios que mantêm as tradições católicas, Capanema aparece na relação das maiores manifestações em comemoração a Corpus Christi, celebração que a igreja destaca e cumpre o que conta a história, desde o milagre da Hóstia consagrada.

   

            





A hóstia e o sangue

A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao Século XII. A Igreja Católica sentiu necessidade de tornar a presença real do "Cristo todo" no pão consagrado. Esta necessidade se aliava ao desejo do homem medieval de "contemplar" as coisas.

Surgiu então, nesta época, o costume de elevar a hóstia depois da consagração. Disseminava-se uma controvertida piedade eucarística, chegando ao ponto das pessoas irem à igreja mais para "verem" a hóstia do que para participarem efetivamente da eucaristia.

A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.

De acordo com a história da origem de Corpus Christi, a igreja católica instituiu essa festa, baseada nos relatos do Padre Pedro de Praga da República de Tcheca que influenciado por falsas doutrinas começou a ter dúvidas sobre a presença real de Jesus na Eucaristia. Não era por sua culpa, mas devido às doutrinas que foram tomando conta da cidade de Bolsena, na Itália.

Ele estava sendo influenciado, mas como era um bom padre, fez o propósito de ir até Roma para buscar a verdadeira fé. Pedro fez essa peregrinação para reavivar a fé na Igreja. Embora tendo dúvidas ele celebrava todos os dias, pois tinha fé na Igreja.

Celebrando, antes de dizer as palavras da consagração, Pe. Pedro levantou a Hóstia e sentiu escorrer uma coisa quente em suas mãos, era Sangue vindo da Hóstia, era o sinal de Deus para ele. O Sangue foi caindo no altar sobre o corporal até chegar ao mármore, ainda hoje se encontram as marcas de sangue sobre esse mármore.

Ele buscou ajuda, então guardaram a Hóstia toda cheia de sangue. Uma religiosa havia pedido ao Papa para celebrar a Festa da Eucaristia, e ele pediu a Deus um sinal para saber se era Deus que queria essa festa ou se era algo humano.

Quando o Papa ouviu dizer o que havia acontecido, foi ao encontro do milagre, e ao ver a Hóstia cheia de Sangue se ajoelhou e disse: “Corpus Christi”. Pegou as hóstias e os objetos e levou para a cidade, tomando todo o fato como sinal de Deus.

Ele colocou o corporal com Jesus, que estavam cheios de Sangue, no ostensório e andou pelas ruas. Com a passagem de Jesus todos enfeitaram suas ruas, e é por isso que até hoje essa festa vem se repetindo, tudo para Cristo Rei.

Dos galhos de árvores aserragem de madeira

A paróquia de Capanema tem mais de 70 anos de atividades e sempre festejou Corpus Christi com bastante entusiasmo, mas foi somente em 1976 que começaram as primeiras manifestações para que as ruas fossem enfeitadas e por ali passasse a procissão. Por iniciativa do pároco à época, Frei Hermes Recanatti e com o apoio dos jovens integrantes da TLC – Turma de Lideres Cristãos, movimento que fez várias reuniões e foram surgindo as idéias para tornar a festa eucarística de Corpus Christi, uma junção de religiosidade, arte e doação. As idéias foram sendo somadas e os primeiros marcos da procissão feitos com galhos de árvores, flores de jambeiro e outras plantas, decorações nas fachadas de algumas casas, cujos moradores estendiam toalhas e tapetes coloridos para saudar o Santíssimo Sacramento que estaria junto ao pálio e ao ostensório, conduzidos pelo padre, acompanhado dos fieis que rezavam e cantavam alegremente.

Aos poucos a perfeição foi tomando lugar e o trajeto aumentado para os atuais 1300 metros de ruas pavimentadas. Foram aparecendo artistas que ofereciam desenhos alusivos aos temas escolhidos pela paróquia e a serragem de madeira aparece como principal produto usado para dar coloração diferente a sua cor original em cada ângulo escolhido no chão das ruas, onde são traçados os pontos para receberem as gravuras que vão surgindo, criadas por pessoas credenciadas pela organização e estas recebem o reconhecimento pela doação de um trabalho que no final é considerado compensador.

Magnitude da festa

Com o passar do tempo, a procissão de Corpus Christi em Capanema é considerada referencial no Estado, pela originalidade dos tapetes coloridos que agora, além da serragem de madeira, recebem também a mistura de outros ingredientes que tornam cada vez mais a decoração rica em criatividade, beleza e cor. Por tudo o que representa a festa de Corpus Christi para Capanema e para o Estado, o evento conseguiu atingir grande amplitude por causa da divulgação na imprensa, fator que contribuem ativamente para os pontos positivos da festa. Atualmente a paróquia de Capanema tem a liderança de Frei Gilson Baldez, que conta com o auxílio de seus confrades, Freis Claudio Marcio, José Ribamar e Benedito Roxo.

Preparativos

Um dos atrativos da festa de Corpus Christi em Capanema é a noite que antecede a procissão, quando os integrantes dos movimentos religiosos iniciam os trabalhos, com o transporte do material a ser usado na decoração, que é exposto nas margens das ruas por onde vai passar o cortejo. A juventude é encarregada de fazer a maior parte dos trabalhos e os grupos se dividem nos trechos que compreendem o percurso, sendo que o trabalho desenvolvido por eles, conta com itens importantes que são, à vontade, determinação, fé e criatividade. Tudo isso forma um conjunto e no final o esforço é compensado com a magnitude que representa o tapete colorido feito para receber o Corpo de Cristo Eucarístico durante a procissão. Existem os artistas anônimos, mas há também aqueles que são reconhecidos publicamente por darem atenção especial ao evento. Com as mãos, eles fazem as gravuras e com os pés os fies caminham para homenagearem o Cristo Sacramentado.

Turistas em destaque

Muita gente vai a Capanema a partir da tarde de quarta-feira, para acompanhar de perto o trabalho que a comunidade presta, para comemorar Corpus Christi. Durante a noite, muita gente acompanha os trabalhos, fazendo registros e procurando saber como tudo é programado e ao amanhecer, vislumbram o que foi construído, transformado em tapete de várias cores com gravuras que atendem o tema determinado para o evento.

  

Celebração Eucarística

Os católicos de Capanema e aqueles que visitaram a cidade acordaram cedo na quinta-feira, para saudar o Cristo Sacramentado nas ruas da cidade, mas antes participaram da missa campal de abertura, celebrada por Dom Carlos Verzeletti, bispo da Diocese de Castanhal, presença marcante que já dura vários anos. A missa foi concelebrada por Frei Gilson e pelos outros frades e em seguida os romeiros, em caminhada, percorreram as Ruas: Dois de Junho, Barão de Capanema, Djalma Dutra, D. Pedro II e Cezar Pinheiro, terminando em frente à igreja Matriz.  A expectativa era geral por parte da população, uma vez que a previsão meteorológica era de que iria chover durante a manhã. As previsões eram evidentes, mas mesmo assim ninguém desistiu de caminhar e quando chegou o momento da procissão, de baixo de chuva os fieis celebraram Corpus Christi com bastante euforia. A chuva aumentou e a caminhada continuou fato que aconteceu pela primeira vez desde que começaram as comemorações através da decoração que forma os tapetes.

O Bispo Dom Carlos Verzeletti, em sua homilia, disse que a chuva era bem vinda e o mais importante naquele momento era o cumprimento dos católicos na celebração eucarística que nunca perde seu brilho. A procissão desse ano teve algumas mudanças no percurso, mas em nada alterou nas paradas. Na Sede do BASA, na primeira parada, devido à chuva, Dom Carlos celebrou apenas a benção, não sendo incluída a reflexão como aconteceu nos anos anteriores. Da mesma forma ele procedeu na parada feita em frente a residência da família Abud, no prédio da Câmara de vereadores e no Palácio Executivo, Sede da Prefeitura de Capanema. Esse ano, por causa da chuva que caiu sobre a cidade, a procissão de Corpus Christi foi uma das mais rápidas. Os desenhos e as gravuras expostos nos 1300 metros de ruas foram todos baseados no tema; “Eucaristia a origem e o sustento da missão”. A missa de encerramento foi celebrada por frei Gilson, que agradeceu o empenho de toda a comunidade, ressaltando que nos próximos anos a união fraterna continue sendo um dos pontos principais da festa e que a beleza cultural do tapete não seja apenas o foco para a participação das pessoas. Que seja dada importância maior para a celebração eucarística.