Recordações de um Escritor





O "Tenor" e a tapioca Por Hugo Antonio Ferrari (In memorian)

Quando venho a Belém, moro no bairro Umarizal, e, sempre vejo, todo fim de semana, um cidadão simples vendendo suas "Tapioquinhas" acondicionadas num tabuleiro no bagageiro de sua bicicleta.

Porém, o que mais impressiona, é a forma usada para chamar a atenção dos seus clientes através do poder da sua "garganta", onde seus seguidos gritos são ouvidos bem distantes, sem necessidade de usar ao menos um megafone.

Já o vi, várias vezes, anunciando a sua chegada. É um verdadeiro "tenor!"

Esse cidadão não precisa de nenhum outro instrumento para fazer o comercial da sua tapioca. O "timbre" de sua voz é, sem dúvida, o seu maior ganha-pão dado por Deus.

Admiro pessoas criativas como esse vendedor de tapioca que vai a luta em busca da sobrevivência de sua família, sem trilhar por caminhos duvidosos que poderiam comprometer a sua dignidade.

O trabalho honrado sempre foi e continuará a ser referência diante daqueles que optam por uma vida decente.

Pessoas como o vendedor de tapioca são exemplos a ser seguido, pois, fez de sua poderosa garganta a forma de comercializar o seu apreciado produto, pois, quem não gosta de degustar, logo no café da manhã, umas saborosas tapioquinhas?

As grandes lições estarão sempre à disposição de todos, a fim de buscarem novas alternativas para vencer os desafios da vida.

Cada órgão do organismo humano desempenha importante função e todos são extremamente úteis, daí a necessidade em preservá-los ao máximo.

A garganta do "tenor da tapioca" é um deles. Parabéns! 

Em tempo -  O escritor  Hugo Ferrari, colaborou com o JC em artigos que foram publicados no nosso site. No dia 10 de julho de 2012, o obidense Hugo nos deixou e agora, reproduzimos a íntegra de seu artigo “O tenor e a Tapioca”, adicionado de ilustração, obra prima do chargista Djalma (Didi) Maciel. Agradecemos aos familiares de Hugo que permitiram a publicação desta obra literária.

Matéria postada na Edição 503 do Jornal de Capanema.