Música, filmes e séries são os mais consumidos por brasileiros no isolamento, revela pesquisa

 Dados mostram ainda que, apesar de muitas atividades culturais terem migrado para o ambiente virtual, uma parcela grande da população ainda não tem acesso à internet


No período de isolamento social, 57% dos brasileiros passaram a usar mais a internet, é o que revela a segunda parte da pesquisa realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Datafolha, sobre o consumo cultural em ambiente virtual durante a pandemia. Os dados mostram ainda que 36% dos entrevistados mantiveram o padrão de acesso que já tinham antes do isolamento social, e apenas 7% reduziram o uso da rede. De acordo com o levantamento, 71% declararam acessar a web todos os dias, enquanto 29% estão no grupo dos que nunca acessam ou o fazem com pouca frequência.

Os dados foram divulgados no último dia 20 de outubro, onde pesquisadores responsáveis explicaram sobre o cenário cultural criado por conta da pandemia, e traduzido pelos números.

“A pesquisa Itaú Cultural/Datafolha deixa evidente como o mundo cultural acolheu virtualmente as pessoas neste momento tão difícil para todos, como também o quanto os brasileiros estão usufruindo intensamente de conteúdos culturais neste território da web. O fenômeno só não foi mais vigoroso em virtude da desigualdade digital, que precisa ser vencida o mais rápido e amplamente o possível”, avalia Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

O levantamento ouviu, por telefone, 1.521 indivíduos, de 16 a 65 anos, em todas as regiões do país, entre os dias 5 e 14 de setembro. A pesquisa tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Mesmo com um leque imenso de conteúdos culturais gratuitos na internet, a pesquisa também revelou que a exclusão digital manteve um grande número de brasileiros longe destas atividades, principalmente na região Norte. De acordo com os dados apurados, 7% dos brasileiros não têm acesso algum à internet.

A região Norte é a que tem o maior índice de desconectados no país, com 42% entre os que não acessam ou acessam pouco a web e seus conteúdos. As regiões metropolitanas são, por sua vez, os recortes geográficos mais conectados do país, respectivamente, com 49% de indivíduos que declararam estar sempre ou quase sempre conectados. No interior o índice é de 41%.

Música, filmes e séries em primeiro lugar

O levantamento investigou também os hábitos de consumo cultural na web. Entre os que acessam a internet, 84% dizem ouvir música na rede, 73% declaram assistir filmes e séries, e 60% dizem assistir shows no ambiente virtual.

A leitura de livros digitais foi mencionada por 38% do estrato dos que acessam a rede, mesmo índice dos que mencionaram cursos livres como atividade realizada no período. Jogos eletrônicos foram apontados 34%, seguidos por webinars (32%), atividades infantis (28%), podcasts (26%), espetáculos de teatro (21%) e visitas a museus e exposições (17%). 5% não responderam.

A experiência cultural antes do isolamento social também impacta na forma como os brasileiros consumiram cultura. O consumo de atividades culturais na web é maior entre os indivíduos que frequentaram atividades presenciais do gênero nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa.

Entre os que foram ao cinema neste intervalo, 87% declararam assistir filmes e séries na web - 14 pontos percentuais a mais que os 73% da amostra geral que disseram praticar a atividade virtualmente. Entre os que foram a shows, o consumo virtual da atividade alcança 72% - 12 pontos percentuais a mais que o total dos 60% da amostra geral. No caso de atividades infantis, a distância é ainda maior: 42% contra 28%, fenômeno que se repete no caso de museus e exposições, segmento em que o consumo virtual é maior entre aqueles que vivenciaram atividades presenciais anteriormente: 36%, contra 17% na amostra geral.

Manutenção de hábito

A intenção de continuar a fazer estas atividades virtuais após a pandemia cai ligeiramente em todos grupos da amostra geral. Mas entre os que assistem shows (60%) a queda é maior. A intenção de manter a prática cai para 53% após a pandemia. Assistir filmes e séries na web também perderá adeptos; 73% dizem adotar a prática neste momento de suspensão social, mas 69% pretendem continuar a realizar este tipo de atividade quando a crise for superada.

Mais próximos da família

O levantamento Itaú Cultural/Datafolha também investigou quais as outras atividades on-line foram realizadas pelos internautas durante a pandemia. 81% dos entrevistados disseram ter usado a web para conversas e confraternização com amigos e família. Acessar cultos de diversas religiões foi apontado como atividade realizada por 48% da amostra. Já 39% usaram a web para acompanhamento das atividades escolares com os filhos.

Outros 35% usaram a web na pandemia para realizar doações e atividades voluntárias, entre outras ações do gênero. O levantamento apontou também que 34% acompanharam aulas on-line do curso regular do colégio e/ou faculdade em que estudam. Meditação on-line foi realizada por 23% dos usuários, e 19% realizaram consultas por telemedicina.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)


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