Os 110 anos de Rachel de Queiroz, a primeira mulher imortal da ABL

 



Há 110 anos, no dia 17 de novembro de 1910, Rachel de Queiroz nascia em Fortaleza. Primeira mulher a ser eleita imortal da Academia Brasileira de Letras, em 1977. Primeira mulher a ganhar o Prêmio Camões, em 1993. Rachel de Queiroz (1910-2003) entrou para a história da literatura brasileira e criou obras que marcariam gerações de leitores e autores, como O Quinze, As Três Marias e Memorial de Maria Moura.

Entre as idas e vindas da infância (Rio, Belém, Fortaleza novamente) e entre os dias em contato com a natureza e com a biblioteca da família, Rachel de Queiroz começou sua formação. Aos 15, já era professora. Aos 17, em 1927, publicava crônicas e poesias no jornal O Ceará.

Rachel de Queiroz estreou na literatura com O Quinze em 1930, inaugurando o romance regionalista nordestino e abrindo o caminho para Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos. O livro é situado na seca de 1915, cujos efeitos levaram sua família a buscar refúgio no Rio em 1917.

O Quinze projetou o nome de Rachel de Queiroz nacionalmente e foi elogiado pelo meio literário. Ela ganhou o Prêmio Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, e ela foi saudada por Alceu Amoroso Lima como a grande voz feminina do romance no Modernismo.

Como destacou Nelly Novaes Coelho, "Rachel consagrou-se entre as romancistas pioneiras que, no Brasil, focalizaram criticamente o cerceamento à liberdade de pensar, agir e amar, duramente imposto à mulher pela sociedade tradicional".

Depois de publicar O Quinze, Rachel de Queiroz volta ao Rio e passa a publicar suas crônicas em veículos como O Jornal, Diário de Notícias, Folha Carioca, Última Hora e Jornal do Comércio. Nos anos 1940 e 1950, assina a crônica da última página da lendária revista O Cruzeiro. Em 1988, assume uma coluna semanal no Estadão.

Sua carreira literária segue com a publicação de romances, coletâneas de crônicas, folhetins, peças e livros infantis, como João Miguel (1932), Caminho de Pedras (1937), As Três Marias (1939), A Donzela e a Moura Torta (1948), O Galo de Ouro (1950), Lampião (1953), A Beata Maria do Egito (1958), Cem Crônicas Escolhidas (1958), O Brasileiro Perplexo (1964), O Menino Mágico (1969), Dôra, Doralina (1975), Memorial de Maria Moura (1992) e As Terras Ásperas (1993), entre outros títulos.

Sobre As Três Marias, Mário de Andrade disse que o romance era "uma das obras mais belas e ao mesmo tempo mais intensamente vividas da nossa literatura contemporânea". Já Memorial de Maria Moura, de 1992, virou minissérie da TV Globo em 1994. Em 2021, chega às livrarias uma reedição, com a fortuna crítica.

Dôra, Doralina ganha nova edição no fim do mês pela José Olympio, que vem reeditando a obra de Rachel de Queiroz em novo projeto gráfico. Rachel de Queiroz morreu em 4 de novembro de 2003, pouco antes de completar 92 anos.

Quatro livros essenciais de Rachel de Queiroz

O Quinze
O grande clássico de Rachel de Queiroz, lançado por ela aos 20 anos e que marca sua estreia literária, em 1930. Ao narrar as histórias de Conceição, Vicente e a saga do vaqueiro Chico Bento e sua família, a autora expõe o drama causado pela histórica seca de 1915, que assolou o Nordeste brasileiro.

As Três Marias
De 1939, obra conta a história das três amigas, Maria Augusta (Guta), Maria da Glória e Maria José, desde sua infância em um colégio de freiras até a vida adulta. Neste romance de formação, a autora retrata o processo de ajustamento ao mundo pelos olhos das meninas e convida o leitor a acompanhá-las desde os medos e as incertezas da juventude até o amadurecimento e aos dilemas da vida adulta.

Dôra, Doralina
O romance de 1975 narra a história de Maria das Dores, viúva recente de um casamento de conveniência, que sai da sombra da mãe e de uma vida de submissão para viver em Fortaleza, onde ela se torna atriz e passa a viajar pelo Brasil como integrante da trupe de uma Cia de teatro mambembe.

Memorial de Maria Moura
Rachel de Queiroz publicou este romance em 1992, aos 82 anos, e ele foi adaptado pela Globo dois anos depois, com Glória Pires no papel de Maria Moura que luta para salvar sua terra apesar de todas as dificuldades.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário