Bienal das Amazônias quer expor obras de artistas da PanAmazônia
O projeto de longo prazo pretende alcançar 800 mil pessoas até 2024 em vários espaços expositivos de Belém e região.
Aprofundar o olhar sobre a produção artística da região amazônica e proporcionar o intercâmbio entre criadores e espectadores é o objetivo da I Bienal das Amazônias. O evento promoverá mostras de obras dos estados e países da Amazônia Legal em museus e em espaços não institucionalizados de Belém e em outras cidades da região, a partir de julho deste ano, com a expectativa de alcançar direta e indiretamente 800 mil pessoas até 2024.
A Bienal das Amazônias será lançada na próxima quarta-feira, 25, no Teatro Cláudio Barradas, às 19h, durante uma conversa com o corpo curatorial que irá selecionar os trabalhos. O evento será presencial para convidados com transmissão online pelas redes sociais do projeto.
O nome da bienal já evidencia as múltiplas realidades da Panamazônia que o evento vai apresentar. Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guianas, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão formam a Amazônia Legal. A paisagem da floresta é o elo entre esses territórios plurais na forma de viver.
“Estamos habituados a assistir pessoas e projetos usando o nome da Amazônia de maneira rasa e irresponsável. É urgente que se enxergue as Amazônias para além do seu bioma. Não há floresta que se mantenha em pé quando a sociedade que existe nela não é ouvida”, justifica a produtora cultural Lívia Condurú Sampaio, idealizadora da bienal.
A expectativa é que as ações desenvolvidas por artistas, produtores e criadores que vivem na Amazônia provoquem o habitante da região a se ver e a se mostrar, inclusive, de forma reflexiva, retomando o poder narrativo de quem vivem aqui e reafirmando a identidade plural, conforme ela explica.
Curadoria
A conversa com o corpo curatorial será presencial para convidados, com transmissão virtual pelas redes sociais da Bienal. Na ocasião, serão explicados o objetivo do projeto, o calendário de atividades e as perspectivas para a instituição que será perene.
A curadoria será realizada pelo coletivo de mulheres chamado de “Sapukai” (do Tupi, canto, clamor ou grito). Uma das participantes do coletivo é a educadora e pesquisadora Sandra Benites, pertencente ao povo Guarani Nhandewa, que é radicada no Rio de Janeiro. Ela é doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Sandra é a primeira curadora indígena contratada por uma instituição de arte no Brasil.
Outra integrante do coletivo é a artista, pesquisadora e professora radicada em Porto Alegre, Flavya Mutran, doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na qual é professora nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais do Instituto de Artes. Participou de exposições nacionais e internacionais, salões de arte, e concursos de fotografia, além de possuir obras em acervos em museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e do Pará.
A curadora, escritora e pesquisadora Keyna Eleison é herdeira Griot e xamãnica, narradora, cantora, cronista ancestral e radicada no Rio de Janeiro. É mestre em História da Arte e Arquitetura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e bacharel em Filosofia pela UFRJ, diretora artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), com Pablo Lafuente. Ela integra a Comissão da Herança Africana para laureamento da região do Cais do Valongo como Patrimônio Mundial (Unesco).
Já a curadora de arte e historiadora Vânia Leal, é radicada em Belém, mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura e curadora educacional do Arte Pará. Participou do júri de diversos prêmios e da organização de eventos artísticos.
A Bienal das Amazônias é um projeto da Apneia Cultural. A diretora artística é Yasmina Reggad, curadora do Pavilhão da França na 59ª Bienal de Veneza e cofundadora e curadora da ARIA (Artist Residency in Algiers).
A iniciativa tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Mercado Livre, via lei Rouanet. O apoio é da Embaixada da França no Brasil, Goethe Institut, Sistema Integrado de Museus e Memoriais do Pará, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Estado do Pará, Fundação Cultural do Munícipio de Belém, Prefeitura de Belém, Museu da UFPA, Universidade Federal do Pará, Fadesp, Instituto Peabiru e Instituto Inclusartiz.
Fonte: O Liberal (texto)
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