Monólogo 'Solo de Marajó' entra em cartaz em São Paulo

 A temporada do grupo Usina Contemporânea, de Belém, terá atividades ao lado de Milton Hatoum e Willi Bolle.

Cláudio Barros em 'Solo Marajó' (JM Conduru Neto./ Divulgação)


O espetáculo teatral “Solo de Marajó”, monólogo de Cláudio Barros, estreia temporada no Teatro Sesc Pinheiros, em São Paulo, nesta quinta-feira, 12, às 20h. A peça existente há 14 anos, do grupo paraense Usina Contemporânea, já foi encenada em dez estados brasileiros e, agora, terá a terceira apresentação na capital paulista. Inspirada na obra do romancista Dalcídio Jurandir, “Solo de Marajó” reúne oito histórias sobre o modo de vida da população ribeirinha do Norte do país. A temporada vai até o dia 11 de fevereiro.

“Todo o reconhecimento é muito importante, principalmente numa linguagem como teatro, que é difícil de acontecer, de produzir, de sobreviver”, observa Cláudio Barros. “Quando um espetáculo, como o ‘Solo de Marajó’, de um ator da Amazônia, de um grupo da Amazônia, com uma temática de um autor também amazônida, quando isso é reconhecido, quando existe um olhar sensível sobre essa obra, é muito gratificante e importante. Porque a gente não está levando só um espetáculo, mas uma palavra, uma atitude sobre a Amazônia. Me sinto muito honrado de ter sido escolhido pelo Sesc Pinheiros pra fazer essa temporada”, completa.

Espetáculo já foi apresentado em dez estados brasileiros e diversos municípios do Pará. Sob a direção de Alberto Silva Neto, o ator usa somente o corpo e a voz para trazer à tona narrativas que levam o espectador a imaginar pessoas, paisagens, cores, sons e cheiros que constituem o universo amazônico. Silva e Barros participam juntos do processo dramatúrgico do projeto.

Cláudio Barros em  'Solo Marajó'(JM Conduru Neto/ Divulgação)

“O ‘Solo de Marajó’ traz uma história de muito reconhecimento e receptividade do público. Acho que porque o Dalcídio faz com que as pessoas se reconheçam dentro da obra. Isso é de fundamental importância. Já apresentamos esse espetáculo de Norte a Sul e a reação do público é sempre a mesma: as pessoas saem muito tocadas e comovidas e aplaudindo sempre muito de pé”.

Ponto de partida

“Marajó”, título do segundo romance de Dalcídio, publicado em 1947, é o ponto inicial de elaboração da peça teatral. “Foi a percepção do viés político do autor que levou o grupo Usina a construir uma poética cênica a partir de histórias breves extraídas do romance Marajó, sem preocupação em dar conta da fábula romanesca, mas preservando sobretudo a contundência do discurso dalcidiano”, pontuam os criadores.

Natural do município de Ponta de Pedras, na ilha fluviomarítima, Dalcídio (1909-1979) traduziu a complexidade da região, onde a exuberância do ambiente natural contrasta com as desigualdades sociais.

(JM Conduru Neto/ Divulgação)

Desdobramentos

O diretor Alberto Silva Neto participará de um bate-papo no dia 1º de fevereiro, no Sesc Pinheiros, junto com o professor e crítico literário alemão Willi Bolle e o escritor amazonense Milton Hatoum, às 19h. Na ocasião, Bolle faz o lançamento do livro “Boca do Amazonas” (Edições Sesc), que apresenta um panorama da história da Amazônia e analisa o romance de formação “Ciclo do Extremo Norte”, de Dalcídio.

O Usina Contemporânea também fará uma demonstração técnica dos procedimentos operativos que foram utilizados na criação do espetáculo “Solo de Marajó”, no dia 4 de fevereiro, às 15h. O grupo de teatro foi fundado em 1989, em Belém.

“Solo de Marajó” será reapresentado em São Paulo após duas encenações na Virada Cultural de São Paulo e da temporada no Festival Internacional de Teatro, ocorrido em setembro passado, em São José do Rio Preto, interior paulista.


Fonte: O Liberal 

Texto: Enize Vidigalcu

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