Arte Pará 2021: conheça os trabalhos de Nayara Jinknss e Elisa Arruda na mostra deste ano

 Expressões da fragilidade humana e olhar sobre os humanos que formam o Ver-o-Peso estão dentro da edição virtual do salão de arte



Fazendo um recorte histórico que passei pela videoarte com identidade paraense, o salão Arte Pará 2021 segue no ar em sua primeira edição totalmente virtual. Com o conceito curatorial “Uma História da Videoarte na Amazônia (episódio 1): Pará”, a mostra pode ser acessada de qualquer lugar no endereço www.artepara2021.com.

Com trabalhos de um total de 46 artistas convidados, o passeio pela videoarte traz trabalhos de artistas que também são conhecidos por experimentar diversas linguagens, como a paraense Elisa Arruda. Ela está na mostra deste ano com o trabalho “Fantasia de Reverência II”, um vídeo com cerca de 10 minutos feito na Ilha de Mosqueiro, em Belém.

“Esse trabalho do Arte Pará foi feito em 2017, com um edital. Foi meu trabalho de performance mais expressivo, pois normalmente meu trabalho está muito mais nessas outras linguagens do desenho, esculturas, gravuras”, explica a artista.

“Fantasia de Reverência II” é um trabalho dentro de um conjunto de atos performáticos realizados por Elisa Arruda na Ilha de Mosqueiro (PA), em 2017, como conta ela. 

Em seu texto de apresentação, ela conta que na série estão convidados olhares a respeito da fragilidade humana, do corpo como estrutura possível de ruir. A estratégia performada por Elisa nos vídeos tem uma construção simbólica por meio do vestuário fardado, uso de armamentos e auto exposição ao sacrifício. Elisa fala de obtenção de força, possibilidades de existências e vitórias. O conjunto total de atos chama-se “Redoma de vidro”, dedicado ao livro homônimo de Sylvia Plath.

Outra artista que traz seu olhar único para o Arte Pará é Nayara Jinknss, que participa da mostra com a obra “Bença”, de 2020. No vídeo com quase sete minutos, ela fala que seu lugar é sua pessoa favorita, mostrando o Mercado Ver-o-Peso, de Belém, por meio das pessoas que criam sua identidade. 

“A artista Nayara Jinknss tem um daqueles olhares que demandam muita atenção para quem conheça a excelência da fotografia de veio antropológico de Belém. Seu universo em torno das pessoas e dos lugares é aparentemente muito semelhante a de outros artistas como Luiz Braga e Walda Marques”, analisa Paulo Herkenhoff em um texto curatorial sobre a obra da paraense.

O curador também faz referência a outra obra que tem o Mercado Ver-o-Peso como um de seus protagonistas, a fotografia “Quando Todos Calam”, de Berna Reale. “Jinknss pertence a ordens dos fotógrafos escultores sensuais dos corpos pretos como Pierre Verger e Mário Cravo Neto. Nayara Jinknss afirma que foi marcada pela Clarice Lispector com seu desejo de justiça; nisso ela comunga do inconformismo de Berna Reale com a violência do mundo. Nesta crônica, a citação de outros artistas de Belém indica que Nayara Jinknss se enquadra numa tradição foto-videográfica. Ademais, afirma que o Pará tem uma história da videoarte contínua e autorreferenciada, com potentes paradigmas visuais e valores estéticos próprios”, continua Herkenhoff.

O salão Arte Pará 2021 tem sua mostra totalmente virtual em 2021. Sob curadoria de Paulo Herkenhoff, e curadoria adjunta de Roberta Maiorana, a edição carrega como conceito “Uma História da Videoarte na Amazônia (episódio 1): Pará”, reunindo trabalhos de 46 artistas convidados. A mostra está disponível no site www.artepara2021.com.

O Arte Pará 2021 é realizado pela Fundação Romulo Maiorana, e tem como patrocinador novamente a Fibra Centro Universitário, renovando a parceria que existe desde 2012. O salão tem ainda apoio do Grupo Liberal e Instituto Inclusartiz.


Edição: Lucas Brito

Fonte: O Liberal (Texto e foto)

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