Universo do cineasta Jorge Bodanzky é tema de exposição em Belém

 A inédita 'Bodanzky: notas de um Brasil profundo' reúne fotografias e filmes nunca antes exibidos de seu acervo depositado no Instituto Moreira Salles




O cineasta Jorge Bodanzky inaugura em Belém nesta segunda-feira, 15, às 19h30, na Galeria Ruy Meira, da Casa das Artes, a exposição inédita 'Bodanzky: notas de um Brasil profundo', que reúne fotografias e filmes nunca antes exibidos de seu acervo depositado no Instituto Moreira Salles. A exposição inédita no Brasil, é uma oportunidade rara de ter contato com uma obra singular da arte brasileira. Na abertura o cineasta estará presente e será homenageado.

A mostra tem curadoria de Orlando Maneschy e Jorane Castro, que, a convite de Alessandro Campos - um dos coordenadores do III Festival de Filme Etnográfico do Pará e propositor da empreitada -, lançam-se sobre a produção do cineasta que se constitui como uma dos maiores documentaristas desse país, com um olhar atento à múltiplas histórias de tantos brasileiros e brasileiras pelos rincões do Brasil. Foram meses de pesquisa e acesso ao acervo de Bodanzky que se encontra depositado no Instituto Moreira Salles.

“Foi um grande mergulho neste arquivo riquíssimo para a história do país. Bodanzky, seus filmes e fotografias traçam um retrato de um Brasil cujas mazelas seguem e agudizam. Seu olhar é atento, crítico e ao mesmo tempo generoso para com o outro. Nos convida a refletir sobre o país que constituímos. Realizar esta exposição, inaugurá-la no Dia da Proclamação da República é uma chamada de atenção para a história desse país. Fazer esse projeto foi uma oportunidade ímpar de adentrar no universo de um dos mais significativos cineastas deste país e comungar de seu olhar”, afirma Maneschy.

A exposição é composta por imagens que não receberam um processo de restauro, pois os curadores optaram por mostrar os riscos, as marcas, o deslavado das cenas que trazem as marcas do tempo junto, fortalecendo a leitura crítica acerca da história que a exposição propõe.

“Descobrir o acervo fotográfico de Jorge Bodanzky é entender melhor os caminhos que ele percorre até o seu cinema. São fragmentos de histórias de um Brasil inesperadamente atual” complementa Jorane Castro.

A exposição intercala fragmentos de filmes Super 8 da década de 1970, filmagens realizadas como referências para filmes como 'Iracema, Uma Transa Amazônica', Tristes Trópicos Bororo, dentre outras obras cinematográficas postas em diálogo com fotografias de origem analógica, sem buscar atualizá-las com restaurações digitais. “Desejávamos a impressão do tempo, na pele do negativo, como está marcada na vida do povo brasileiro”, aponta Maneschy.

Cinema

As imagens têm as cores esmaecidas das fotografias dos anos 1970 em imagens impactantes que constituem um retrato da Amazônia e do Brasil. A mostra ultrapassa o espaço da galeria para o Cine Alexandrino Moreira, da Casa das Artes, onde será exibido continuamente um documentário sobre seu olhar dentre outros filmes de sua autoria.

Para os curadores a mostra é um pequeno recorte, um mergulho na história de um dos cineastas mais importante do país, que dedicou sua vida para olhar para este território. Bodanzky é um dos grandes homenageados do III Festival do Filme Etnográfico do Pará que terá ainda cincos de seus filmes exibidos em horários especiais: Utopia e Distopia; Ruivaldo o Homem que Salvou a Terra; Episódio 5 da Série Transamazônica, uma Estrada para o Passado em exibição exclusiva cedida pela HBO e apresenta o teaser de seu novo projeto: Amazônia a nova Minamata.

Para Alessandro Campos: “poder realizar esse projeto é um marco não só para o Festival do Filme Etnográfico, mas para o cinema nacional e a arte brasileira. Mostrar pela primeira vez esse conjunto inédito reunido é uma oportunidade para todos nós que pensamos o país através do audiovisual”. Os curadores elegeram cenas e momentos emblemáticos que proporcionam acessar um Brasil que pulsa e é real e que movem o cineasta.

Agende-se

Bodanzky: notas de um Brasil
Curadoria Orlando Maneschy e Jorane Castro
Produção Executiva Alessandro Campos
Período de visitação: 15 de novembro de 2021 a 28 fevereiro de 2022


Edição: Lucas Brito

Fonte: O Liberal (Texto e Foto)


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