Praça da República: conheça curiosidades sobre a história e monumentos

 Um dos principais pontos turísticos de Belém, em alusão à Proclamação da República, é cercado de simbolismo e histórias curiosas do passado




Uma das principais áreas livres públicas da capital paraense, a praça da República, hoje frequentada para o lazer, passou por várias transformações ao longo dos anos e teve papel importante na organização urbana e histórica de Belém. Localizada próxima ao centro histórico — no limite entre os bairros da Campina, Reduto e Nazaré —, o complexo possui no entorno mais quatro pontos culturais e históricos de Belém: o parque João Coelho, a praça da Sereia, o Theatro da Paz e o Teatro Waldemar Henrique. O nome atual só foi dado ao final do século 19, em homenagem à Proclamação da República.

“Antes, a região da praça e não a praça em si, teria sido um cemitério de escravos. Isso porque até a primeira metade do século 19 houve um surto de cólera e então se usou aquele espaço para os sepultamentos. Entretanto, naquele momento as pessoas começaram a dizer que aquele local não tinha solo próprio e isso acabou gerando uma ideia de desativação daquele espaço e gerando assim o espaço em que a praça está hoje”, destaca o historiador Diego Pereira.

Originalmente, entre os séculos 18 e 19, a praça da República se chamava Largo da Pólvora e antes disso, era o Largo da Campina. Naquele período, foi construído, próximo à praça, um armazém para guardar pólvora e armamentos. Após isso, ao longo do século 19, no período imperial, o espaço passou a ser chamado de praça Dom Pedro ll.

Com a mudança do regime político de monarquia para república, no final do século 19, uma das características do Partido Republicano Paraense foi transformar a praça Dom Pedro ll em um espaço que representasse o novo regime político. Foi aí passou a se chamar praça da República. A praça Dom Pedro II agora é o espaço que fica em frente ao palácio Antônio Lemos, em sede oficial da Prefeitura de Belém.




Com o novo nome e conceito, a praça precisava de um símbolo. Inaugurado no dia 15 de novembro de 1897, “O imponente Monumento à República” foi projetado pelo artista genovês Michele Sansebastiano. A obra tem características europeias e apresenta um conjunto escultórico erguido sobre quatro degraus, um pedestal de quatro faces e uma coluna dórica. No alto da coluna, está a figura principal, Marianne. É uma alegoria feminina republicana francesa, com as insígnias revolucionárias da identidade representando a República.

“É muito importante discutir esse monumento porque ele dialoga com outros valores que não são necessariamente brasileiros. Por exemplo, a influência francesa da Marianne, a referência histórica, a construção do Barrete Frígio que está nos postos ao redor, que faz referência às repúblicas romanas desde o império romano...”, destaca o historiador Michel Pinho, presidente da Fundação Cultural do Município de Belém.


O historiador conta que ao longo desses quase 300 anos, a praça tem papéis importantes dentro da história paraense. “É na praça da República que se tem a configuração de grandes eventos políticos que aconteceram como a própria Proclamação da República, a construção do memorial e a configuração de um espaço de ópera, muito importantes para o cenário brasileiro durante o período da borracha. Temos ainda a configuração do entorno da praça, com uma quantidade significativa de cafés, farmácias, que até hoje, em alguns prédios, ainda estão em funcionamento”, ressalta.

Ainda segundo o historiador, no início do século 20, a praça da República, o parque João Coelho e a praça das Sereias eram usados por uma parte da elite paraense daquele período, que saía para fazer o “footing”, ato de passear a pé.

“O público que frequentava esses locais sempre estava bem vestido, com características de roupas europeias, portando sombreiros ou sombrinhas para passear no calor de Belém. É interessante perceber que também neste período, Antônio Lemos decide proibir qualquer tipo de utilização da praça que não seja para passeio. Isso criava uma situação bastante excludente do ponto de vista social. Hoje em dia, temos na praça um espaço importante, que acontece desde a metade do século 20, que é uma feira de artesanato que marca a cidade de Belém a todo domingo”, conclui o historiador Michel Pinho.


Edição: Lucas Brito

Fonte: O Liberal


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