Arte Pará 2021: Edição virtual apresenta Amazônia em passeio pela videoarte
Salão deste ano conta com trabalhos de 45 artistas convidados e segue até fevereiro de 2022
Um diálogo sobre a Amazônia contemporânea, por meio de uma expressão que se apropria da tecnologia para promover seus debates, é a proposta do salão Arte Pará 2021. Sob o conceito “Uma História da Videoarte na Amazônia (episódio 1): Pará”, este ano a mostra ocorre totalmente em ambiente virtual, tendo a linguagem audiovisual como o grande protagonista. O público pode conferir todos os trabalhos até o dia 28 de fevereiro de 2022, gratuitamente pelo site www.artepara2021.com.
Sob curadoria de Paulo Herkenhoff e curadoria adjunta de Roberta Maiorana, o Arte Pará 2021 apresenta obras de 46 artistas convidados, entre nascidos na Amazônia e também de outras regiões, mas com propostas que conversam no sentido de imaginar a Amazônia. No site da mostra, além de um total de 63 vídeos, o público tem acesso a mais uma série de informações, como biografias de cada artista, críticas de especialistas e materiais de informação e pesquisa.
Em seu texto curatorial, Paulo Herkenhoff lembra que em 2020, por conta da pandemia de coronavírus, o Arte Pará foi cancelado pela primeira vez desde sua criação, em 1982. Este ano, ele justifica a retomada tomando como exemplo outros grandes salões de arte contemporânea que também optaram por manter seus espaços abertos para as artes, para em ambiente virtual, como a Bienal de São Paulo e a Feira de Arte de São Paulo.
No mesmo texto, Herkenhoff define um ponto de partida da videoarte no Pará, trazendo como exemplos textos como “Um lugar fora de si: vídeo-fotografia” (2008), de Marisa Mokarzel; e o livro “Pará+Video+Arte Notas Introdutórias à Historiografia do Video no Pará”, de Orlando Maneschy e Danilo Baraúna, pesquisa desenvolvida sob os auspícios do CNPq.
“A história do Arte Pará praticamente se confunde com a história da videoarte em Belém – isto pode ser depreendido da leitura do sólido estudo de Mokarzel. Há quase quarenta anos o Arte Pará, promovido anualmente pela Fundação Romulo Maiorana, revela novos artistas e acolhe as linguagens de ponta, ou aquilo que Eduardo Kac chama de vanguarda tecnológica. Por isso, os catálogos do Arte Pará das últimas três décadas constituem uma boa fonte bibliográfica para esta história da videoarte no estado. Outros textos para o conhecimento da videoarte no Pará são ‘Limites e contaminações da imagem no espaço: mapeamento de doutorado produção contemporânea paraense’, de Maneschy e Baraúna; e a tese de de John Fletcher ‘Arte Pará: Uma Interpretação Antropológica e Visual’ (2016)”, escreve o curador do Arte Pará.
Imagens que registram o olhar artístico ao longo do tempo
Em sua edição virtual, o passeio que o Arte Pará 2021 propõe pela videoarte também é uma viagem através do tempo. A curadoria apresenta produções que vão desde “Inútil Paisagem”, de Mariano Klautau; e “Hoximu”, de Klinger Carvalho, ambas de 1994; até obras da década atual, como “Bença”, de Nayara Jinknss; e “De Uma Belém a Outra”, de Mauricio Igor, ambas de 2020; e “Voo Cego”, de Alexandre Siqueira; e “Res_Publicae”, de Flavya Mutran, ambas de 2021.
Paulo Herkenhoff explica o critério da curadoria, que inclui os nascidos, residentes ou que fizeram um trabalho videográfico relevante no Pará.
“Hoje, com os problemas da Amazônia na ordem do dia em escala global, há uma explosão de trabalhos de vídeo de visitantes, sobretudo documentários. Dois casos exemplares são das pernambucanas Oriana Duarte e Juliana Notari e do rondoniense Gabriel Bicho. Infelizmente, não conseguimos contacto com Duarte para autorização de uso de imagem de seus vídeos que estão no acervo do Museu de Arte do Rio / MAR e da coleção Amazoniana do UFPa. Originalmente, o projeto deste Arte Pará era apresentar uma história da videoarte em toda a Amazônia brasileira. Por motivos operacionais, foi necessário cindir o projeto, dedicando sua primeira parte à volumosa produção de vídeo no estado do Pará, deixando a história dos demais Estados para um próximo Arte Pará”, explica o curador.
A curadora adjunta do Arte Pará 2021, Roberta Maiorana, também presidente da Fundação Romulo Maiorana, destaca que o salão apresenta um desafio diferente a cada ano, isto porque as transformações da arte brasileira também são muito dinâmicas.
“Desde o primeiro Arte Pará em 1982, o sistema de arte, em Belém, se transformou com saltos produtivos na relação das universidades com a arte, na relação entre arte e educação, e de novas instituições artísticas. Por isso, o Arte Pará é sempre tão estimulante por seus caminhos imprevisíveis ao lado dos artistas e da sociedade”, diz Roberta em seu texto curatorial.
O Arte Pará 2021 tem como patrocinador novamente a Fibra Centro Universitário, renovando a parceria que existe desde 2012. O salão tem ainda apoio do Grupo Liberal e Instituto Inclusartiz. Roberta agradece a parceria com as instituições.
“Essa posição da Fibra é uma aposta renovada para o ambiente cultural de Belém e na vocação de nossos artistas para a expressão simbólica universal. Em 2021, este patrocínio tem um valor redobrado ao sustentar atividades culturais em plena crise sanitária da covid-19”, diz Roberta.
O Arte Pará 2021, “Uma História da Videoarte na Amazônia (episódio 1): Pará”, segue até o dia 28 de fevereiro. Ao longo do período da mostra, o salão vai promover uma série de ações que vão além do âmbito virtual. A curadora educacional do Arte Pará, Vânia Leal, fará a mediação mais próxima do público, promovendo assim uma experiência híbrida, com ações educativas e projeções em diversos espaços físicos e virtuais. Estas ações vão incluir mostras presenciais de videoarte, assim como oficinas desta expressão e encontros com os artistas. Acompanhe em @arte_para no Instagram.
ediçao:lucas brito
fonte:O liberal
foto:armando queiroz
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