'Mandinga', de Raidol, é um dos 50 melhores discos brasileiros de 2022

 Lista da APCA foi divulgada após curadoria de um júri de música popular



"Mandinga"de Raidol é um dos 50 melhores discos brasileiros de 2022 segundo júri de música popular da APCA (Duda Santana)


álbum "Mandinga", do cantor paraense Raidol, está na lista de “Melhores do Ano da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes)”, divulgada no último dia 19 de dezembro. Ele é o único artista do Norte a ter seu nome na lista.

“Eu acho incrível ver pessoas tão conhecedoras de música debatendo sobre o assunto e elencando os melhores 50 discos do ano, passando por ritmos que vão do rap ao pop amazônico. Para mim foi a consagração de um trabalho longo e potente. É a consolidação do que eu venho fazendo tem cinco anos. Estou bastante emocionado e agradecido, pois esse projeto é fruto de muitas mãos nortistas”, disse Raidol, que canta o pop amazônico.

O álbum "Mandinga" foi lançado no início de novembro e já havia superado 10 mil plays nas plataformas digitais em poucas semanas. A lista de Melhores do Ano da APCA, foi elaborada pelos principais jornalistas e avaliadores da música independente no país.

“Eu estar em destaque é muito representativo. Uma pessoa LGBTQIA+ do Pará nessa lista, sendo a única da região Norte, me coloca o peso de representar muitas diversidades. O Norte é plural, é grandioso e precisamos de mais investimentos e de mais valorização dos poderes públicos. As coisas tem melhorados, mas estão longe de estarem excelentes”, avalia o artista.

O trabalho de Raidol está em uma ‘prateleira’ seleta ao lado de “Sobre Viver”, de Criolo; “O Dono do Lugar”, de Djonga; “Pra Gente Acordar”, do Gilsons; “Lady Leste”, da Gloria Groove; “Jardineiros”, do Planet Hemp; “Bom Mesmo é Estar Debaixo D’Água (Deluxe)”, da Luedji Luna; entre outros.

Seleção

A seleção final do “Melhores do Ano da APCA” é o resultado de uma apuração que avaliou mais de 300 discos. O Júri popular da APCA é formado por Adriana de Barros (editora do site da TV Cultura e colunista do Terra), José Norberto Flesch (jornalista musical que tem seu canal no YouTube), Marcelo Costa (do site Scream & Yell), Pedro Antunes (do vlog Tem Um Gato na Minha Vitrola) e Roberta Martinelli (dos programas Sol a Pino e Cultura Livre), além de Alexandre Matias (do portal Trabalho Sujo).

“Ser um artista da região Norte é enfrentar diversos apagamentos e desvalorização. Continuo lutando e acreditando que precisamos descentralizar e criar um novo eixo econômico baseado na produção cultural. A desigualdade acaba me trazendo essa inquietude que me faz desenvolver esse movimento”, desabafa.

Ouça e assista

“Mandinga”, está disponível nas plataformas de música e o clipe no Youtube. De acordo Raidol, esse trabalho “é uma encantaria amazônica, preparada para enfeitiçar o Brasil com muitas músicas de amor, trazendo a junção do antigo com o contemporâneo, sendo um marco para música pop amazônica”.

Lançado pela Natura Musical, através da lei estadual de incentivo à cultura SEMEAR, o álbum mostra uma diversidade nortista passeando pela pisadinha, house, eletrocumbia, carimbó, surf music e guitarrada costuram as narrativas apresentadas pelo artista.

Neste trabalho as lutas do cantor ficam escancaradas, focadas no desenvolvimento cultural nortista e com uma equipe é majoritariamente formada por mulheres, lgbtqia+ e amazônidas. Os feats foram escolhidos pelo músico de uma maneira que saísse do eixo e objetivasse a interação entre artistas da região. Sendo assim, o disco também conta com a participação de sete artistas autorais, espalhados entre Belém e Santarém, no Pará, e Manaus.

A produção musical deste trabalho foi feita por Marcel Barretto, dono do Studio Budokaos e teve co-produção de Will Love e masterização e mixagem pela Florencia Saravia-Akamine, além da colaboração de outros artistas como Kikito e Marcio Jardim.

Raidol finaliza 2022 com o seu nome na lista e comemorando o sucesso de “Mandinga”. “Este ano foi de muito trabalho, muitos momentos super delicados e difíceis, mas muito gratificante. Toquei a primeira vez em um teatro, lancei meu primeiro disco, toquei no Festival Se Rasgum e no Festival Psica e agora acabo de entrar nessa lista dos melhores 50 discos. Eu sou muito grato por tudo o que me acontece e por toda a energia que me cerca”, finaliza.



Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Dias 

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