Teatro paraibano no Pará

Espetáculos, oficinas, residência artística, ciclo de dramaturgos. São alguns dos exercícios propostos pelo Festival do Teatro Brasileiro - Cena Paraibana, que será realizado em Belém e em Marabá, entre os dias 4 e 15 de agosto. A programação traz 16 apresentações, entre elas “Silêncio Total - Vem chegando um Palhaço”, espetáculo solo do ator Luiz Carlos Vasconcelos, atualmente em cena na novela da Globo “Além do Tempo”, na qual interpreta um capataz, personagem bem diferente do que ele traz para apresentar nas duas cidades da Região Norte, escolhidas para receber o festival.
“Xuxu”, personagem clown criado por Luiz Carlos Vasconcelos ainda nos anos 1970 e que estrela “Silêncio Total - Vem chegando um Palhaço”, pode ser vaidoso e na brincadeira e chegar desaforando o público, mas no fundo é um ser amável e acaba conquistando toda a plateia. “Na verdade, o Xuxu sou eu na essência, mostrando aquele lado que as pessoas reprimem, tentam não revelar, ou revelar controladamente, revelando aspectos ridículos da personalidade de cada um, disso é feito o Xuxu. É como se oferecesse às pessoas a minha vaidade extrema, minha estupidez, pra que elas junto comigo rissem de mim mesmo. Nisso resume a arte do palhaço”, diz o ator.
O espetáculo é solo que introduz o clown numa relação direta com a plateia. “Chego, falo e faço minhas mágicas, as brincadeiras e é assim que o Xuxu se estabelece relação com suas plateias, de uma maneira fraterna e divertida”, explica Vasconcelos. “Silêncio Total” será apresentado, no dia 8 de agosto, às 20 horas, em Marabá, e no dia 9 de agosto, em Belém, na Estação das Docas. 
Os cinco espetáculos selecionados para a mostra fazem um recorte da atual da produção teatral paraibana, deslocando-a de uma região à outra. Depois do Pará, o festival desta cena ainda vai passar pelos estados do Ceará, Alagoas e Espírito Santo. Há 16 anos, de forma itinerante, é o festival vem levando a cena teatral brasileira de uma ponta a outra do país, provocando trocas inusitadas, entre atores, públicos e artistas em geral.
Em edições anteriores, o festival promoveu a aproximação dos pernambucanos e sergipanos. Levou ao Distrito Federal a cena teatral dos gaúchos, mineiros, baianos e pernambucanos. Os gaúchos também foram ao encontro dos goianos, assim como cearenses ao de capixabas e mineiros. Os paranaenses receberam os mineiros e se encontraram com os gaúchos e paulistas. E os baianos, que já trocaram com os pernambucanos, maranhenses, acrianos, capixabas e paulistas. E agora, a cena paraibana se desloca por eixos outros do país, indo do Norte ao Centro Oeste e, por fim, Sudeste. “É a primeira vez que participo desse festival, acho da maior importância, são vários anos fazendo algo que possibilita circular a produção de teatro brasileiro, pelo país”, diz Luiz Carlos Vasconcelos. “Um festival de teatro pode funcionar como uma escola anual, bienal, em que você pode ver a diversidade da produção de teatro de várias regiões. No Festival do Teatro Brasileiro, o público visita o teatro do outro, neste caso, a escola única paraibana, mas sem sair de casa. É troca, intercâmbio e formação”, ressalta Luiz Carlos.
PARAÍBA
Nascido em Umbuzeiro, interior da Paraíba, onde em 1978, já morando em João Pessoa, ele cria o personagem que iria acompanhá-lo pela vida afora, o palhaço Xuxu. O teatro e principalmente o circo sempre foram as grandes paixões de Vasconcelos. Formado em Letras, estudou artes cênicas na Dinamarca para depois incorporar-se ao grupo teatral Intrépida Trupe.
Nesta época, fixou residência Rio de Janeiro de onde 20 anos depois retornou a João Pessoa, hoje, sua morada definitiva, entre uma viagem e outra de trabalho. Na capital paraibana, Luiz Carlos Vasconcelos adaptou para o teatro, o conto Vau da Sarapalha, de Guimarães Rosa, peça produzida pelo Grupo Piolim, sob sua direção, um sucesso: excursionou pelo Brasil e pelo exterior e está prestes a reestrear, com o mesmo elenco, em João Pessoa.
“Estamos voltando à cena, para reinaugurar o teatro Santa Rosa, que está sendo restaurado, e já tem temporada em outubro, em Belo Horizonte, está retomando sua careira, são mais d e20 anos de existência do espetáculo com mesmo elenco’, diz entusiasmado, o ator que também ressalta um novo trabalho. “Estou montando um espetáculo chamado o Reino de Ariano. Eu mesmo estou fazendo a dramaturgia, onde passo por toda a obra de Adriano Suassuna, de uma maneira muito pessoal. A liga entre todos estes textos é a minha ótica. Já devo me apresentar agora em 30 de julho, no interior da Paraíba, e em setembro em João Pessoa, tudo ainda com o espetáculo em processo. Estou encantado com tudo que estou vivendo e espero voltar aí com este espetáculo em Belém do Pará”, avisa.
DE VOLTA
Ator de múltiplas plataformas, Luiz estreou no cinema como o Lampião de “O Baile Perfumado’, dos diretores pernambucanos, Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Foi também fazendo cinema que ele chegou algumas vezes esteve na região. “Das minhas incursões pelo Norte, talvez a mais marcante tenha sido participar do filme de Eliane Caffé, ‘O Sol do Meio Dia’, que fizemos aí em 2006. Foi uma experiência muito rica, o fato de ir em locações incríveis pelo interior do estado, não só Belém, mas ribeirinhos, praias incríveis, revoada de garças, vivi uma imersão profunda com o Pará e não vou esquecer nunca, de tudo que vi ali, fazendo o Arthur”, comenta.
Feliz em poder voltar, Vasconcelos diz que em meio às gravações da novela, é sempre bem complicado viajar, mas que está já muito ansioso. “Quero que chegue logo isso”, confessa. “Não conheço Marabá, acho o Pará um Estado, um país, como diz o poeta, de diversidade tão grande, tão interessante e tão rica...”, comenta o ator. 
Sobre a produção paraibana de teatro ele diz que a curadoria foi muito feliz.  “Impossível trazer todos os grupos, mas cito ‘Esparrela’, do ator Fernando Teixeira, talvez o mais veterano de todos que vão passar por aí. Ele está levando este solo lindíssimo, escrito e dirigido por ele mesmo, e que não se pode deixar de ver.  Nem esta e nem as demais, pois todas as produções são interessantíssimas e vai dar para ter uma noção bem delineada da produção paraibana”, afirma.
Além de “Silêncio Total – Vem chegando um Palhaço” e de “Esparrela”, do Grupo de Teatro Bigorna, o festival ainda traz a Belém e Marabá, “Como nasce um Caba da Peste”, da Agitada gang - Trupe de Atores e Palhaços da Paraíba; “Flor de Macambira”, do Coletivo Teatral Ser Tão Teatro e “Mercedes”, do Galharufas Companhia de Teatro. Todas as apresentações serão gratuitas. 
FORMAÇÃO
Além das ações em Belém, o festival também oferece em Marabá atividades de formação de plateia como “Em 3 movimentos” e “Cenas Curtas”, atendendo a mais de 840 jovens da rede pública, em mais de 200 horas de trabalho, conduzidas por coordenadores pedagógicos e arte educadores.  
Ao final os alunos terão apreendido técnicas de teatro e encenarão cenas curtas nos suas escolas. Esse legado imaterial será levado para o resto da vida, sem prazo de validade. Os professores da rede pública de ensino de Marabá também participarão de uma oficina de capacitação em técnicas de Teatro. 
A realização do festival tem patrocínio da Petrobras, com correalização da Fumbel e Prefeitura de Belém, com realização do Ministério da Cultura e Governo Federal. A produção executiva do FBT é da Alecrim Produções Artísticas, com produção local dos Produtores Criativos. 
Serviço
Festival do teatro Brasileiro. De 4 a 15 de agosto, em Belém e Marabá (PA).
A peça “Silêncio Total” será apresentado, no dia 8 de agosto, às 20h, em Marabá, na Praça São Félix de Valois (Rua 5 de Abril - em frente a Biblioteca Municipal antigo mercado, Marabá Pioneira) e, no dia 9 de agosto, em Belém, no Pátio Externo do Armazém 3 - Estação das Docas (Boulevard Castilhos França, S/n - Campina, Belém/PA). 
 Apoio: ETDUFPA, Hotel Princesa Louçã, Sol Informática, Seclt-Pa, Governo do Estado da Paraíba, Secretarias de Educação e de Cultura de Marabá, FCP, OS 2000, Secult (PA), Governo do Estado Do Pará.
Programação completa no site: www.festivaldoteatrobrasileiro.com.br/para