Cine Ópera vira tema e local de apresentação de tese de mestrado


Praticamente escondido na Avenida quase sacra de Nazaré, o Cine Ópera vem resistindo ao tempo e ao preconceito. Desde a década de 1980, o cinema de rua consagrou-se na exibição apenas de filmes pornográficos. Um nicho que, na época, fez-se necessário para garantir a sobrevivência do espaço, mas que hoje em dia não é bem visto por uma grande parcela das pessoas.
Para incentivar a valorização do local enquanto patrimônio, a arquiteta Salma Nogueira se dedicou a pesquisar a riqueza cultural do “Bonzão Bonitão”. Hoje, ela defende a tese de mestrado "Cine Ópera - Belém-PA: Arquitetura como Microcosmo de Memórias Subterrâneas”, às 9h, no cinema que instigou sua pesquisa.
O objeto de estudo partiu de uma indignação com o "pouco caso" que o público faz com o espaço que abriga não só boas histórias como também um acervo que faria inveja para qualquer museu dedicado ao assunto. "Comecei a pesquisa sobre cinemas de rua em 2012. O Ópera é um espaço muito interessante, sempre acreditei que tem muito potencial. Eu acho que é um espaço que tem que discutir sim, que tá na iminência de ser fechado... É mais uma história dos cinemas de rua que vamos perder", pontua.
A arquiteta lembra da dificuldade de achar registros sobre o Cine Ópera - diferentemente do que ocorre com outro popular cinema de rua da capital paraense: o Cine Olympia. A mestranda pontua que há "uma questão moral que impede esse interesse".
Além disso, Salma critica alguns autores que avaliam que espaços voltados para exibição de filmes pornô não podem ser considerados cinema. No trabalho, a arquiteta propõe ainda outras usabilidades para o Cine Ópera. "Pra essa pesquisa, comecei a frequentar o Ópera e fiz uma proposta reabilitação do Bonzão Bonitão, que é uma ideia de dar um novo uso, discutir esse ambiente de outra forma, diversificar o uso", destaca.  
O trabalho foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU-UFPA), por meio do Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural (LAMEMO-UFPA), sob orientação da professora Cybelle Salvador Miranda. A banca conta com a participação de Jorge Eiró e Selma Chaves.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário