Feira Pan-Amazônica do Livro abre espaço para as narrativas das populações afro


A Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes segue nesta terça-feira, 27, desta vez com as vozes afro-brasileiras em destaque, com debates, palestras e programações culturais. O evento ocorre no Hangar Centro de Convenções, com entrada franca.
A manhã inicia com o papo cabeça sobre “Ancestralidade e Tecnologia: instrumentos de representatividade e transformação social”, com Flávia Câmara, às 10h30. Ao longo do dia haverá ainda a palestra “Em defesa de uma agenda pan-africana na década internacional de afrodescendente”, com Basilele Malomalo, da Bahia; as mesas redondas “A dimensão continua: o terreiro nunca saiu de nós” e “Matriarcado e diversidades em comunidades de matriz africana”; e a palestra “Meu tambor está carregado”.
Também haverá uma roda de conversa sobre o autor paraense Dalcídio Jurandir, às 17h, na Arena Multivozes, com a participação do escritor Paulo Nunes, Jorge Farias e Edilson Pantoja. Também serão lançadas duas obras do escritor que foram reeditadas graças a uma campanha de financiamento coletivo.
E a programação da arena encerra com um encontro literário com a escritora mineira Conceição Evaristo, às 20h. Considerada um dos nomes mais importantes da literatura contemporânea no Brasil, Conceição é autora de um dos mais recentes lançamentos literários solicitados como leitura obrigatória em vestibulares: “Olhos D’agua”.
Na compilação de contos, Conceição apresenta o foco de sua literatura: a população afro-brasileira, abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Aos 72 anos, a autora é considerada uma forte voz dentro das lutas da comunidade negra brasileira, além de ser consagrada mundo afora.
De origem humilde, Conceição é filha de empregada doméstica; nasceu em Belo Horizonte e migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. É mestre em literatura brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, e doutora em literatura comparada na Universidade Federal Fluminense.
Com um trabalho potente, Conceição Evaristo destaca as barreira ainda impostas a autores e autoras negras. "Grande parte dos escritores negros nasce dos estratos populares, então você vê que na maioria das vezes não temos padrinho. Ou então quando conseguimos, com muita dificuldade publicar, antes de lerem nossos textos já criticam, e aí a literatura sim, há escritores brancos que escrevem muito bem, e escritores brancos que não escrevem bem. O mesmo com os negros. Mas não nós é permitida nenhuma falha", disse em entrevista ao site Brasil de Fato. 
A autora que também traz na bagagem uma história de vida inspiradora, pede que as pessoas leiam autores negros. "Antes de lerem nossos textos já fazem um pré-julgamento, ou dizem que a autoria negra é uma autoria de militância. Mas é preciso conhecer os textos. Peço muito para as pessoas que não leiam apenas minha biografia, porque ela é importante sim, porque ela contamina meu texto, mas por favor leiam meu texto", declarou ao Brasil de Fato.
Ellen Oléria faz o show musical de encerramento do dia
A programação da terça-feira também encerra com representatividade negra na música. A cantora Ellen Oléria é a responsável pelo show de encerramento, que ocorre às 21h na área externa do Hangar. 
Ellen ficou conhecida pelo público brasileiro em 2012, quando venceu a primeira temporada do programa The Voice Brasil. Atualmente com mais de 16 anos na estrada da música, a brasiliense acumula prêmios em festivais, 5 discos lançados e turnês realizadas pelo Brasil e mundo afora. 
Conhecida pelo seu timbre cintilante e repertório brasileiríssimo, Ellen também leva ao palco seu ativismo político em favor das pautas da população negra no país.
Considerada o evento das multivozes este ano, na feira também não falta opção para as crianças. A arena Walcyr Monteiro recebe ao longo de toda a terça-feira, diversos espetáculos teatrais; entre eles “Viva o Circo”, da companhia Foskaluz de Teatro, às 15h.
Também haverá o “Casamento da Dona Baratinha”, apresentado pela EMEIF Ogilvanise Moreira de Moura, às 16h; e o espetáculo “Belém Pô-Pô-Pô”, da EMEIF Palmira Lins de Carvalho, às 16h30.
Para os pequeninos haverá ainda a contação de história “Piratas”, de Gil Ganesh, às 18h; e a apresentação do Projeto Cantarolando, de Salomão Habib, às 18h.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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