Salomão Larêdo relança livro que conta a história de "Antônia Cudefacho"


Tal qual Frida Khalo e Simone do Beauvoir, como Salomão Larêdo faz questão de se referir a personalidade inspiradora de um de seus livros, a cametaense Antônia Carvalho volta a brilhar na noite desta quarta-feira, 28, na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que segue até domingo no Hangar Centro de Convenções. O romance “Antônia Cudefacho - o ardente amor de um padre” será relançado no estande da Livraria Fox, onde Salomão vai receber os leitores e autografar livros a partir das 17h.
No relançamento em estilo “moderno”, como descrito por Salomão, ele dispensa as formalidades de uma apresentação em estilo palestra e diz preferir ter um contato mais próximo com o público. “Antônia Cudefacho - o ardente anmor de um padre” foi lançado originalmente em 2006, e ganhou uma reedição este ano, em comemoração ao centenário de Antônia Carvalho, personalidade que inspirou a história. A reedição da Editora Empíreo será vendida por R$ 50 na Feira do Livro. “Também é uma maneira de a gente comemorar o centenário da Antônia”, diz Larêdo.
Ícone cametaense que até hoje permeia o imaginário da região, Antônia representa uma força feminina em uma época de tão pouca abertura para as mulheres. Feirante, Antônia era figura popular em Cametá, principalmente por conta de sua segunda atividade: a de comandar um bordel na cidade. “Ela também era figura de um ativismo social, político e de Direitos Humanos, com uma atividade intensa. Na década de 1950, quando o ativismo social estava começando nos Estados Unidos, ela já estava fazendo em Cametá, e isso para mim era vanguarda”, descreve Salomão.
Na pesquisa, o autor conta ter descoberto que Antônia era conhecida pela solidariedade e pelo olhar atencioso com os menos favorecidos, principalmente os encarcerados. Era uma mulher forte, considerada uma figura transgressora para os costumes da época. "Para mim, ela foi tão importante quanto Frida Kahlo, Marielle, Simone de Beauvoir... Ela tinha muita força", compara Larêdo. “É um ícone a frente de seu tempo, e que estava em todos os lugares falando com todo mundo, desde o pescador até os políticos. O prefeito era padrinho dela, e foi ele inclusive quem deu o apelido de Cudefacho”, conta.
O curioso apelido, segundo o escritor, se devia a libido de Antônia, característica tão marcante quanto sua luta em defesa dos necessitados. “‘Facho’ significa fogo, e ela era uma mulher foguenta”, explica.
“Antônia Cudefacho - o ardente amor de um padre” não se trata de uma biografia da protagonista, mas é baseado em uma história proibida vivida por ela. “Ela gostou de um padre e se apaixonou por ele, segundo reza a lenda”, enfatiza o autor. “Eu ouvi diversos comentários e conversei com a filha dela, que revelou que o padre tinha sido o grande amor da vida da Antônia. A lenda diz que ele frequentou o bordel e ela teria se apaixonado por ele, e ele por ela; eram amantes”.
O amor aventureiro de Antônia foi o ponto de partida para a escrita de Salomão, e a história fictícia então resultou na publicação do livro, que não deixa de ser uma grande homenagem a figura popular tão marcante na história de Cametá.
Além da relançamento, no local também estarão disponíveis outros títulos de Larêdo baseados em narrativas cametaenses, como “Olho de Boto”. A história se passa na fictícia Inacha, um povoado pacato e ordeiro da floresta amazônica, onde ninguém contesta o poder do regime militar recentemente implantado no Brasil. Porém, tudo muda quando um acontecimento grandioso é agendado: dois homens decidem se casar, décadas antes do mundo discutir os relacionamentos homoafetivos.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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