Alunos debatem questão de gênero no papo cabeça



Foi a primeira vez que Mateus Coelho, de 16 anos, visitou a Feira Pan-Amazônica do Livro. Com os olhos atentos, o aluno do Colégio Estadual Antônio Teixeira, do bairro do Distrito Industrial, percorreu curioso o corredores do Centro de Convenções. O que ele não imaginava é que, além do espaço físico e da variedade de livros disponíveis para venda, ainda iria aprender muito sobre um tema atual: a questão de gênero. O assunto foi a pauta do espaço Papo-cabeça, que recebeu a doutora em psicanálise e gênero, Bárbara Sórdi, na tarde desta quarta-feira (06), no auditório Dalcídio Jurandir.
Além do bate-papo com a especialista, os jovens presentes no auditório ainda puderam assistir o mini documentário francês “Maioria oprimida: a sociedade machista ao contrário”, que provoca uma discussão sobre machismo, ao inverter os papeis, quando coloca o homem como o centro das piadinhas na rua, elogios que não são bem vindos, provocações sexuais e olhares indiscretos, aos quais as mulheres comumente são submetidas. “Eu aprendi um monte de coisas aqui. Aprendi que temos que respeitar as mulheres e que os homens e meninos também devem ser respeitados também. Também aprendi um pouco sobre como me cuidar e não contrair doenças como a AIDS”, afirma, sorridente e tímido, o menino Mateus.
Desde a segunda-feira (04), o corpo docente da escola Antônio Teixeira trouxe cerca de 150 alunos para 22ª Feira Pan-Amazônica do Livro, uma média de 50 por dia, como conta a coordenadora e professora de matemática, Serlly Oliveira. “Estamos promovendo o regaste dessa programação em nossa escola, por isso desde a segunda estamos trazendo os alunos tanto para Feira quanto aos ciclos de debates, pois nossos alunos sofrem diversos problemas sociais e o diálogo mediado por profissionais é fundamental”, destaca a coordenadora.
Para a convidada, Bárbara Sórdi, o espaço de discussão sobre as pautas dos movimentos sociais são essenciais, principalmente diante do advento das redes sociais. “É muito legal ver que alguns debates estão chegando onde não chegavam. Hoje, vemos determinados assuntos sendo tratados até pela TV. Entretanto, ao mesmo tempo, há o esvaziamento de determinados temas e distorções de propostas do movimentos sociais. Por que quando falamos de dados não conseguimos observar mudanças de fato. Os índices da violência contra a mulher aumentam, o de racismo, o de homofobia e de outros crimes que não têm nem registro, como a transfobia”, alerta a especialista.
Bárbara Sórdi ainda informou que a instituição de Ensino Superior na qual ela leciona existem grupos de discussão que abordam o tema questão de gênero e ainda ofertam atendimento psicológico para mulheres em situação de violência. “Eu tenho um grupo de discussão sobre relação de gênero feminismo e violência e que já se desdobrou em outro grupo que aborda o feminismo negro. Além disso, a Universidade também oferta atendimento psicológico, em grupo, para mulheres, homens e LGBTI em situação de violência. Sendo cada atendimento em dias diferenciados”, informa a psicóloga.

Por Roberta Brandão
Fotos: Eunice Pinto


Fonte: Site da Feira  Pan-Amazônica

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