A poesia e suas muitas formas



Nasce o Almanaque, revista idealizada pelo poeta Ronaldo Franco que reúne 35 poetas, cronistas e fotógrafos, entre famosos e estreantes, na exibição do que fazem de melhor: arte. Entre os integrantes da primeira edição do Almanaque, estão os escritores Edson Coelho, Alfredo Guimarães Garcia, Paulo Nunes, Emanuel Matos, Edyr Augusto Proença, Daniel Rocha Leite e Benny Fraklin, e os fotógrafos Oswaldo Forte - editor de Fotografia de O Liberal e Amazônia -, Rosângela Aguiar, Bob Menezes, Janduari Simões, Ray Nonato, Sidney Oliveira e Rodolfo Oliveira. O lançamento será na sexta-feira, 22, a partir das 20 horas, no Teatro Estação Gasômetro, com show do músico Renato Torres e recitais poéticos dos autores envolvidos.

O projeto tem um cunho educativo e social. Pois a maior parte dos exemplares será distribuída a alunos de escolas públicas em meio a atividades, como oficinas de fotografia e de literatura. “Queremos perenizar a poesia de hoje, estimular a leitura e a criatividade dos jovens”, explica Rosângela Aguiar. “A seleção dos artistas priorizou a produção. A revista traz gente famosa e também foi buscar os novos talentos de Belém e do Pará. O Almanaque é a celebração do encontro das pesoas que sonham com a arte e acreditam que essas manifestações fazem bem a quem as faz e também a quem tem acesso”, explica Emanuel Matos. “O Almanaque nasceu da necessidade louca de aglutinar pessoas e de fazer uma coletânea de arte”, afirma Ronaldo. A revista será vendida somente no dia do lançamento, quando a renda arrecadada será destinada a projetos sociais e também à publicação da segunda edição. 

Emauel traz seis poesias inéditas de características religiosa, social e também lírica para a revista: “Fiquemos um minuto em silêncio. Ouçamos o vento com seus segredos avoados cheios de curvas e eclipses. Não tenhamos medo das direções que ele aponta”, diz trecho do poema “Cântico dos sonhos sem fim”. “Eu nem pensava mais em publicar, mas já estou preparando o meu quinto livro”, confessa Emanoel, que se entusiasmou pelo projeto. 
Aliás Renato Torres é uma das surpresas da revista, na qual imprimiu o talento poético: “Sou o que soa/ ave que voa/ sonho que sua/ noite de lua/ sol do ‘meidia’/ ‘lagrimaria’/ bicho de rua/ pó que flutua”, cita um dos poemas dele. Edson Coelho chega com a letra demarcada de amores, como em “Raiz do Adeus”: “Dedicação repleta só de nós dois. As raízes afundadas no sol. Então a árvore que fomos já não sustentava tanta luz. E a lua deixou a noite. E a primeira folha amareleceu de chuva”. Já Alfredo Garcia encanta com poesias leves, como “Periferia”: “A rua é feita de silêncios e angústias: quem viu a alegria da infância por aí?” E Rosa Virgínia Watrin surpreende com “Traz à tona”: “Todo verso tráz à tona verdades/ o que engana/ amor/ poder/ Todo verso envelhece/ muda o foco/ muda a trama/ E a poesia?/ Vida cigana.”
Entre as curiosidades da edição estão as jornalistas Adelaide Oliveira, presidente da Cultura Rede de Comunicação, com um artigo sobre as emissoras públicas e a necesária independência em relação ao governo e ao mercado para o fortalecimento da cultura e da cidadania, e Syanne Neno, com o artigo “Lugar de mãe também é no estádio”, em que a cronista e repórter esportiva assegura que mulher também entende de futebol. Ainda, o ator, comediante e escritor paraense Raul Franco, filho de Ronaldo Franco, publica o artigo “Odiar Belém foi uma necessidade”, no qual relata a dificuldade de se adaptar ao Rio de Janeiro, quando deixou a terra natal há 21 anos.

No show de imagens, Marcelo Kalif trouxe cenas urbanas de Belém que destacam figuras geométricas, como círculos na água causados pelo movimento de um pato em praia rasa, um caboclo sentado numa calçada de pedras portuguesas e as mãos que atravessam as barras de ferro de uma grade. “Eu coloquei seis fotografias de paisagens urbanas. Eu cresci na fotografia, com pai e irmão fotógrafos, e há três anos venho me dedicando à fotografia”, descreve ele, que já publicou seus trabalhos na revista Amazônia Viva. Já Rosângela Aguiar reúne fotografias do Círio de Nazaré feitas no ano 2000. Oswaldo Forte mescla variados temas, como a imagem de um catador envolto em urubus no meio ao lixão, uma grande roda da Marujada, um peão sobre o cavalo e uma vista área ribeirinha de Belém. Rodolfo Oliveira exibe as sequências de três fotos do voo de uma garça e de um boto rosa saltitando, além de cenas de índios e ribeirinhos. Enquanto Ray Nonato revela três imagens antigas e novas das mesmas paisagens de Belém: a Basílica de Nazaré, o Palácio Antônio Lemos e as lojas da Boulevard Castilhos França. Sandro Barbosa apresenta as imagens de crianças na periferia brincando de empinar pipa, tomando banho de chuva e jogando bola.

SERVIÇO:
Lançamento de Almanaque, revista de poesias, artigos e fotografias
* Data: sexta-feira, dia 22, a partir das 20 horas
* Local: Teatro Estação Gasômetro (Av. Gov Magalhães Barata, 830, São Brás)
Entrada franca
Valor unitário a R$ 15,00
Informações pelo e-mail marcelo.kalif@hotmail.com


Fonte: O Liberal/Magazine (Texto e Foto)

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