Dificuldades para manter a tradição

A produtora cultural Iracema Oliveira tem 77 anos e, desde a década de 1980, participa de um espetáculo único do Pará: o Pássaro Junino, uma festa centenária que surgiu no final do século XIX como uma forma de teatro popular no estado. “O Pássaro, no meu entender, é a manifestação folclórica mais importante da nossa região. No Brasil inteiro você encontra quadrilha e boi bumbá, mas o Pássaro você não encontra em lugar nenhum do mundo”, orgulha-se Iracema, que ocupa o cargo de líder - ou “guardiã”, como é informalmente conhecido quem toma conta deste tipo de espetáculo - de um grupo com sede no bairro do Telégrafo que recebe brincantes de toda Belém, como mostra reportagem do G1 PA.
Segundo a professora de teatro da UFPA Inês Ribeiro, que coordena um projeto de pesquisa sobre Pássaros Juninos, a tradição começou com o surgimento dos espaços culturais em Belém, principalmente o Theatro da Paz. Inspirados pelos suntuosos espetáculos apresentados nos teatros, grupos locais passaram a compor histórias míticas em formato de opereta, reunindo a nobreza, as populações tradicionais e criaturas mágicas em enredos que giram em torno de alguma ave característica da região. Inês e Iracema fazem parte de um grupo que utiliza como símbolo o Tucano. Outras agremiações adotam animais diferentes - como o Tangará, o Papagaio e o Rouxinol - em suas encenações.

Legado em crise

Inês Ribeiro, do pássaro Tucano, iniciou em 2013 um estudo para transformar os pássaros juninos em Bem Cultural de Natureza Imaterial junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). “O projeto está em fase de identificação de bens culturais. Nós detalhamos toda as formas de expressão, o que é Pássaro Junino, o que é Cordão de Bicho, os grupos vigentes e não vigentes”, relata a professora.


Fonte: O Liberal/Magazine