Há cinco anos o Brasil perdia Ariano Suassuna


Na terça-feira, 23, o escritor Ariano Suassuna completou cinco anos de falecimento. Ele foi um dos maiores nomes da literatura brasileira, dramaturgo, romancista, poeta e ensaísta, autor de obras como "O Auto da Compadecida", que lhe rendeu a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, e que, no ano 2000, ganhou a adaptação para o cinema que atraiu milhões de expectadores como poucos longa-metragens da história do cinema brasileiro.
Ariano Suassuna veio seis vezes a Belém, a partir de 2005, para participar da feira Pan-Amazônica do Livro, onde lotava auditório com o público interessado em assistir as exposições dele, e, em 2015, ano seguinte à morte dele, foi o autor homenageado no mesmo evento.
A professora Doutora em Letras, Amarilis Tupiassu, fã, estudiosa e colecionadora dos livros de Ariano Suassuna, fala sobre a inesquecível produção desse autor, que escreveu sobre a cultura popular e a miséria social e econômica do Nordeste. "O Ariano Suassuna foi sempre um defensor e um lutador pela cultura do Nordeste", destaca.
"Ele é extraordinário. Escreveu obras decisivas para a literatura brasileira, como 'Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta', imprescindível no estudo da literatura brasileira. Esse romance ficou muitos anos esgotado e teve reedição. É um intelectual que precisa ser redescoberto, precisa ser lido porque está também examinando tudo aquilo que há de mais rico na cultura", descreve.
"Ele mostra toda a disputa e a transformação social que existe no Nordeste, que tem um arcabouço rico de cultura popular, miséria e misticismo exacerbado. Não perde a autenticidade de criatura dotada de criatividade exuberante. Ele é impressionante de um texto que apaixona, rico e acessível. O leitor sente que descobre um Brasil novo ao ler a obra dele, o Brasil do contraste da seca do Nordeste e da abundante água da Amazônia. A obra dele é muito bonita. É lido e homenageado em todo o Brasil."
Nas vindas a Belém, Suassuna revelou admiração pela produção do filósofo paraense Benedito Nunes, o qual o recebeu na primeira participação na Feira do Livro, em 2005. Outro artista paraense que admirava era Waldemar Henrique: "Eu gosto muito de 'Tambatajá', é um compositor que gosto muito", declarou na ocasião.

Escritor defendeu, com sua obra, a cultura popular brasileira

Para marcar a data e fazer homenagem ao grande nome da cultura brasileira, o Canal Brasil exibe nesta terça-feira, 23, o filme “O Auto da Compadecida”, às 15h15. O longa marca a estreia do cineasta Guel Arraes e tem no elenco Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Fernanda Montenegro, Marco Nanini, Lima Duarte e Diogo Vilela, entre outros.
A história é centrada em dois grandes personagens da histórias de Ariano, os nordestinos João Grilo (Mateus) e Chicó (Selton), que se valem da esperteza de Grilo, enganando ricos e poderosos, para sobreviver na dura vida no sertão. A classificação é livre.
Nascido em 16 de junho de 1927, João Pessoa, Paraíba, Ariano Vilar Suassuna era filho do presidente do estado da Paraíba, cargo que veio a tornar-se governador. O pai foi assassinado na Revolução de 30 e Ariano mudou-se na adolescência para o Recife, onde formou-se em Direito em 1950.
Ainda durante a graduação, escreveu a primeira peça de teatro, “Uma Mulher Vestida de Sol”, que recebeu o prêmio Nicolau Carlos Magno, e fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco seguido do Teatro Popular do Nordeste, ambos junto com Hermilo Barbosa Filho, para os quais escreveu mais peças até trocar em definitivo a carreira de advogado pela de escritor, poeta e dramaturgo. Casou-se em 1957, teve seis filhos e aposentou-se como professor pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Entre os anos 60 e 70, foi membro de conselhos federal e estadual de Cultura, dirigiu o Departamento de Extensão Cultural da UFPE e liderou o “Movimento Armorial” de resgate do folclore e das artes populares na música, dança, artes plásticas, literatura, teatro e cinema, com destaque à valorização da cultura de cordel.
Ele recebeu o Prêmio Nacional de Ficção em 1973,  prêmio da Fundação Conrado Wessel em 2008 e o título de Doutor Honoris Causa de cinco universidades (UFRN, UFPB, UFCE, UFRPE e Universidade de Passo Fundo). Faleceu em Recife, vítima de parada cardíaca após sofreu um acidente vascular cerebral, aos 87 anos.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário