Grupo se apresentará em seis cidades





Para celebrar os quatro anos de trajetória, o Dirigível Coletivo de Teatro fará uma circulação por seis cidades do Brasil apresentando três espetáculos do seu repertório. Para além da encenação, o grupo também promove um debate sobre a experiência de produção e gestão de espaço cultural.
Esse projeto de circulação, intitulado Migração Dirigível, inicia-se em Belém, no dia 1º de outubro, com a apresentação do espetáculo de rua “Sucata & Diamante”, no Ver-o-Peso, às 10h. Na sexta-feira (2/10) o coletivo, formado por artistas jovens que vêm se firmando na cena cultural local a cada ano, dá continuidade à programação, com “O pequeno grande aviador e o planeta do invisível”, às 20h, no Casarão dos Bonecos. No sábado (3) tem a performance “731 são doze”, às 20h, na Casa Dirigível.
O projeto foi contemplado por um dos mais importantes fomentos de teatro do país: o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz/2014, concedido pelo Ministério da Cultura (MinC) e da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A circulação será lançada em Belém (PA), depois segue para Salvador (BA), Uberlândia (MG), Florianópolis (SC), Brasília (DF) e Rio Branco (AC).
Com o intuito de proporcionar o intercâmbio artístico e o estimulo à troca de experiências, o coletivo realizará uma vivência nos espaços de cinco grupos independentes que estão distribuídos pelas cinco regiões do país. Segundo Luciano Lira, ator no Dirigível, essa é possibilidade que os grupos envolvidos têm de compartilhar das aproximações e diferenças que englobam o fazer artístico. “Nosso grupo permanecerá uma semana em cada cidade, trocando diretamente com os grupos independentes, conhecendo suas histórias, suas realizações e dificuldades. E antes de partir para a próxima cidade, vamos ter um diálogo aberto nos espaços culturais da cidade para falar dessa conexão que estabelecemos, além de tudo o que nos foi somado na circulação pelo país”, explica Luciano. Destinados aos artistas da cidade, aos gestores de espaços culturais e para o público local, o bate-papo tem como tema “O artista-produtor-empreendedor na cena da cidade”. 
“Para nós, é essencial que haja esse movimento, para fortalecer e ampliar ainda mais a prática e a fruição do fazer artístico nos aspectos estéticos, sociais, pedagógicos e econômicos de cada grupo”, reforça Ana Marceliano, atriz e produtora no Dirigível.
O bate-papo será gravado e transmitido em tempo real, diretamente das cidades em que o Dirigível apresentará. Para acompanhar, os internautas poderão acessar o site www.coletivodirigivel.com ou ficar atento à página do facebook do grupo. Quem não tiver um computador, com acesso à internet, poderá participar do bate-papo na Casa Dirigível, em Belém, onde será transmitido ao vivo. A programação é gratuita. “Pensamos nisso como forma de democratização do debate e de acessibilidade dos mais diversos públicos, em que há também a ideia da rede, em construir uma trama de pensamentos e ideias que encurte as distâncias. Essa é uma oportunidade de conhecer a realidade política e social da produção artística de cada cidade, além de repensar a nossa”, diz o ator Enoque Paulino.
“Penso que voltaremos muito mais maduros, com novas estratégias para projetos culturais, com parcerias que abrem novas frentes de trabalho para as nossas produções”, pontua Enoque.
ESPETÁCULOS
“O pequeno grande aviador e o planeta do invisível” é livremente inspirado na obra de Saint Exupéry, “O Pequeno Príncipe”. Acompanhando a história do aviador que cai no deserto e encontra uma criança, o público vive uma experiência teatral que atravessa a dramaturgia pessoal dos atores e a realidade fantástica do livro. Num jogo de faz de conta, os atores brincam com o figurino e com a cenografia, que é composta de seis cubos brancos e um cordão de luzes, transformando-os em avião, estrelas, planetas e o que mais for necessário para despertar a ludicidade em cada um. A encenação traz o diálogo entre teatro, música, vídeo e dança. Sem coxias e nem panadas, toda técnica e mecanismo de funcionamento do espetáculo é executada em cena. 
Já “Sucata & Diamante” é uma espetáculo de rua (50 minutos) livremente inspirado no conto mais famoso de “Mil e uma Noites”: “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa”, esse espetáculo é montado na rua com sucatas. Ao som do tecno brega e do funk, a história se passa num programa de rádio comunitária de uma periferia, que convida o público a conhecer a vida de um garoto pobre chamado Aladim que encontra dentro da criminalidade a possibilidade de realizar todos os seus sonhos. Fruto de uma pesquisa na comunidade do Jurunas (bairro de Belém, reconhecido por seus altos índices de periculosidade), o espetáculo é conta de maneira mágica e divertida a vida desse menino que, misteriosamente, ficou rico da noite para o dia, fazendo uma reflexão sobre a marginalização de jovens e a integração do indivíduo na sociedade. 
A performance “731 são doze” tem cerca de 150 minutos. Na procura por elos que enaltecem a ligação afetiva entre espectador e obra, a performance não se apoia em uma dramaturgia e na interpretação de um personagem. Guiados pela acepção de navegar e do conceito filosófico do devir, percorre-se a poesia de Fernando Pessoa e seus heterônimos a fim de criar uma relação com o espectador, sujeito atuante e não passivo, para que se desenrole o enlace. Estando em interação com a obra, as pessoas caminham por cada cômodo da casa (salas, corredor, quarto, cozinha e banheiros) e em cada canto, uma provocação que desperta memórias, histórias e sentimentos. A montagem envolve teatro, dança, fotografia, artes plásticas, música e vídeo. O 731 é o número da Casa Dirigível, sede e espaço cultural do grupo, e doze é uma referência aos 12 integrantes do coletivo, presentes na edificação do espaço.
As cidades onde o grup circulará são Belém (PA), Salvador (BA), Uberlândia (MG), Florianópolis (SC), Brasília (DF) e Rio Branco (AC).
COLETIVO
O Dirigível foi criado em 2011 e está sediado na cidade de Belém (PA). Reúne artistas de diferentes áreas de atuação, que aproveitam esses encontros para produzir espetáculos cênicos a partir da pesquisa e experimentação artística entre diferentes linguagens (teatro, literatura, dança, música, vídeo e artes plásticas) em busca de um ponto convergente e harmônico que motive a criação teatral. Por meio de nossas produções, também nos propomos a uma permanente reflexão sobre processo colaborativo e suas implicações para a renovação da cena.