Habib faz “50 Outubros”



Salomão Habib é um daqueles artistas que têm uma identidade facilmente reconhecível mesmo quando seu trabalho não se restringe aos temas amazônicos. O violonista paraense, em comemoração aos 50 anos de uma vida dedicada à música e às artes em geral, fará na sexta-feira (2/10) no Teatro Margarida Schiwasappa do Centur, o espetáculo “50 Outubros”.
O evento será pautado na apresentação de um mosaico de estilos e gêneros musicais compostos pelo músico, incluindo, além de sua obra para violão-solo, seus inesquecíveis sucessos populares, que marcaram época, fazendo-o despontar como um dos grandes nomes da música no cenário nacional e internacional.
Acompanhado de parceiros e amigos de longa data, Salomão fará uma viagem em torno de seus 35 anos de carreira, relembrando clássicas composições instrumentais de seu repertório, canções infantis, premiações de festivais, como Onze Bandeirinhas e Canção de Pai, trilhas musicais, homenagens feitas à sua querida Belém, ao Círio, suas magistrais interpretações de cunho regional e indígena, além de peças componentes de suas suítes recentemente compostas.
Com a participação de imponentes violonistas do Pará como Sebastião Tapajós, Nêgo Nelson e Paulo Moura, o espetáculo ainda contará com a presença de Lucas Imbiriba (violonista e ex aluno de Salomão), do poeta João de Jesus Paes Loureiro, com as cantoras Andréia Pinheiro, Patrícia Rabelo E Saara Habib (irmã de Salomão), com o cantor Mário Moraes, com os instrumentistas Delcley Machado, Marcelo Sirotheau, Mauro Prado, Paulinho Assunção e Alcides Alexandre.
De gosto refinado e eclético Salomão Habib sempre primou pela excelência em seus trabalhos, atitude que lhe rendeu célebres apresentações em importantes casas de espetáculo e de cultura de países europeus, como Portugal, Itália e Suíça, logo no início de sua carreira.
Em 1989, Salomão foi condecorado na cidade de Havana com a Medalha de Prata, uma honraria concedida pelo governo cubano em razão de seu engajamento junto às causas sociais, políticas e indígenas por intermédio da música. Naquele mesmo ano, percorreu diversos países latino e sul-americanos, realizando concertos na Venezuela, Colômbia e Argentina, além de ter sido escolhido como solista do conjunto de música folclórica do Japão, em meio às comemorações pelo Centenário da Imigração Japonesa no Brasil.Duas vezes indicado ao Grammy Latino, na Categoria de Música Instrumental, com o CD “A Música e Pará” de 1997 e o CD “Sonhos da Amazônia” - Vol. II, de 2005, Salomão se tornou uma das figuras mais emblemáticas da música instrumental brasileira.
Fazendo jus à sua dedicação em divulgar a música e a cultura amazônica apresentou com sucesso de crítica e público, no Brasil e no Exterior, conceituadas peças musicais do repertório erudito e popular, além de inúmeras composições de artistas da terra, como o maestro Waldemar Henrique e os violonistas Carlos Rodrigues, Bem-Bem, Catiá e Tó Teixeira.
Desde 1989, quando participou do Projeto de Catalogação da Música da Região Ribeirinha e Lacustre, intitulado Renas, coordenado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, o músico passou a se dedicar a pesquisa sobre ritmos próprios de sua região, com vistas a traduzir para a forma erudita, a música ribeirinha e indígena, em particular, os movimentos ritualísticos dessas populações tradicionais. 
O resultado de tanta dedicação, além de ter lhe rendido destaque no cenário musical clássico, acabou por lhe assegurar também, o reconhecimento da Fundação Nacional de Artes - funarte, que em 2008 lhe concedeu bolsa experimental de pesquisa, na categoria “música erudita”, através da qual salomão pode compor e divulgar os seus “Doze rituais sinfônicos de música indígena para orquestra de violões”, uma premiação inédita para a Região Norte, que fez com que suas composições pudessem ser apresentadas ao final do Projeto, para um seleto público na conceituada Sala Cecília Meirelles (RJ) em 2009. 
Naquele mesmo ano, no âmbito das comemorações do aniversário do maestro Villa-Lobos, Salomão foi escolhido pelo Sesc Nacional como um dos “oito maiores violonistas do Brasil” para estrear o Projeto Sonora Brasil do Sesc Nacional, a série de concertos solo, intitulada “O Ano do Violão Brasileiro”, que percorreu um total de 90 cidades, incluindo, todas as Capitais Brasileiras.
Em 2010, sua obra solo intitulada Suíte das Amazonas foi escolhida para integrar o programa do Worldwilde Guitar Connection, um ciclo mundial de concertos de violão clássico, que todos os anos seleciona seis grandes compositores do violão contemporâneo para integrar seu programa de concertos. 
Avaliadas por um júri seleto e especializado, suas peças foram executadas por violonistas de renome, de várias nacionalidades e em várias continentes.
Entre 2011 e 2012, Salomão Habib no âmbito do seu trabalho de divulgador de ritmos e da cultura regional, dedicou-se exclusivamente à finalização de outra pesquisa, desenvolvida ao longo de 24 anos de sua vida: “A trajetória do violão na Amazônia”, que teve como foco central, a inédita obra de Antônio Teixeira do Nascimento Filho, conhecido por Tó Teixeira, violonista urbano, descendente de escravos, que viveu na saudosa Belém da Belle Époque (no início do Século XX), no qual Salomão Habib reconheceu grandioso talento e sensibilidade artística. 
O projeto em questão, voltado à preservação e divulgação da vasta obra do Velho Tó, intitulado “Tó Teixeira: vida e obra”, foi iniciado, por meio do paciente trabalho de recolhimento e reconstituição das inúmeras partituras deixadas pelo músico, desmembrou-se, posteriormente, na digitalização de seus antigos documentos, na gravação de DVD-Documentário e de três CDs de músicas para violão-solo, além da publicação de dois Livros: um sobre a história do violão no Estado do Pará e outro, com a primeira coletânea de partituras recuperadas e compiladas, perfazendo-se no maior trabalho de preservação musical, por iniciativa privada, do Estado do Pará.
Em 2013, Salomão foi agraciado com a divulgação de suas composições instrumentais nos EUA, recebendo menções honrosas e convites para participar de apresentações para músicos na Universidade da Flórida e no Conservatório de Michigan.
No ano passado, como resultado de sua pesquisa, compilação, gravação, edição e preservação da vasta obra de Tó Teixeira, o mesmo foi agraciado como outra premiação inédita na música paraense, sendo escolhido como o melhor trabalho sobre o legado cultural afro-descendente das Américas, no Circuito de Artes promovido pelo Museu Valise de Bruxelas na Bélgica, para onde seguirá em turnê no próximo ano.
Atualmente, dedica-se à gravação simultânea de dois CDs com composições de sua autoria: seu segundo título de músicas infantis, que contará com a participação de renomados artistas paraenses e outro com suas suítes para violão-solo um sonho há muito tempo acalentado.