Seminário dos 400 anos discute a história da alimentação na Amazônia

Desde sábado (28), a Feira do Livro está promovendo uma série de mesas que fazem parte de uma extensa programação com um Seminário em comemoração aos 400 anos de Belém. Nesta terça-feira, 31, foi realizada no auditório Eneida de Moraes a mesa “Comidas e bebidas de ontem e de hoje”, com as professoras Caroline Fernandes e Sidiana Ferreira.
Para retomar essa história e falar da cultura paraense Tunai Rehm, professor da UFPA, foi o mediador e organizador da mesa. “Trabalho com esse tema desde a minha graduação, falar de comidas e bebidas é falar essencialmente de uma questão cultural”, diz Tunai. “Como minha primeira vez na Feira é bom poder falar e interagir sobre esse assunto, para que as pessoas possam conhecer mais da realidade do Pará e da Amazônia”, comenta.
Caroline Fernandes tratou de comidas de uma maneira diferente relacionando a gastronomia com a arte paraense. Apresentando a pintura da artista Antonieta Santos Feio “A vendedora de Tacacá” a pesquisadora buscou discutir a questão cultural de produção alimentar nas cidades da Amazônia, aquela visão das mulheres que são responsáveis pela venda de comida nas ruas, característica que dura até hoje. “Há na Amazônia toda uma discussão sobre a institucionalização do alimento, da presença dessas mulheres e a ocupação desses espaços de rua. ‘A vendedora de Tacacá’ mostra que essa discussão, do espaço onde a comida se encontra, já existia lá atrás, na década de 1940”, diz Caroline.
Retomar a história dos alimentos na capital paraense também foi o principal objetivo da docente Sidiana Ferreira que discutiu sobre o abastecimento na capital paraense durante a segunda metade do século XIX. “O pirarucu que hoje pode ser considerado um peixe caro, naquela época era considerada como comida de pobre, qualquer um tinha na mesa. Algumas coisas da alimentação paraense daquela época continuaram, a farinha, a tapioca, mas muitas coisas também mudaram”, explica Sidiana.
Pablo de Pão, produtor cultural, viu no Seminário uma maneira de ressaltar as coisas boas do passado e introduzir um Pará novo, pensando na Amazônia em uma nova perspectiva. “Estamos acostumados a apenas comer as coisas, quando paramos para ver os antigos hábitos, ver como os pratos eram construídos retomamos ao carinho da mãe, ao cuidado da família e até mesmo à cultura verdadeiramente paraense, da comida de rua, da tacacazeira”, comenta.
As programações do Seminário Belém 400 anos continuam até esta quarta-feira, 1. Confira:
Quarta-feira (01/06)
15h às 16h30 Mesa – Cenários da Literatura em Belém.
16h30 às 18h Mesa – A Amazônia Indígena: Passado, presente e futuro?


Edição: Roberto Lisboa
Texto: Isabela Quirino 
Foto: Mácio Ferreira
Fonte: Ascom Feira do Livro

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