Colunas & Colunistas - A Opinião de Carlos Ferreira

Edição: Paulo Henrique e Eldon Saraiva

Revelar é preciso
Certamente o jornalista Carlos Ferreira também se preocupa com a falta de organização dos clubes paraenses quando se fala em revelar talentos. O caso Moisés é um exemplo, pois quase sai de graça do Papão. Mas uma vez fica o alerta para que as diretorias tomem cuidados quando surgirem revelações de jogadores pratas da casa. É preciso também que sejam reveladas as formas com que os jogadores estão sendo tratados, para o bem do futebol paraense. (PV)


Uma vitória pelo dinheiro e pela honra
Ao manter na Justiça o vínculo de Moisés, em decisão da juíza Vanilza Malcher, o Paysandu teve uma vitória pelos direitos econômicos sobre o atleta e também pela honra. Em meio às desconfianças, pelo histórico de falhas administrativas, o Papão só não saiu melhor do episódio pelo prejuízo de ficar sem o jogador nesta Série C. Para Moisés, a derrota é muito relativa. Afinal, continua vinculado ao clube que o revelou, mas com transferência garantida para um grande clube, que pode nem ser mais o Internacional.
Por enquanto, está mantido o empréstimo de Moisés para o Inter. Mas o presidente Luis Omar Pinheiro já fala de outras possibilidades, como Avaí, Figueirense e o Santos através de um investidor, provavelmente o Grupo Sonda. Agora o Paysandu tem nas mãos a decisão do destino do jogador, com a opção entre fazer leilão ou honrar o compromisso assumido com o Internacional, que planeja utilizar Moisés inicialmente no time sub 23, numa copa gaúcha da categoria.

A irrisória multa de Bruno Rangel
A baixa multa rescisória de Bruno Rangel (R$ 5 mil) escandaliza a nação bicolor, diante do sucesso do atacante e da possibilidade de transferência para o exterior. Depois de contraírem altas dívidas trabalhistas através de multas rescisórias, de uma hora para outra Remo e Paysandu resolveram contratar com multas insignificantes, principalmente jogadores que chegam com baixa cotação, como foi o caso de Bruno Rangel, no final do ano passado. O que causa espanto agora é o contrato do atacante ter sido renovado após seus 8 gols no campeonato estadual com a mesma e irrisória multa de R$ 5 mil.
Multas elevadas, por enquanto, somente para as revelações, como Moisés (R$ 2,5 milhões), Helinton (R$ 1,2 milhão), Raul (R$ 800 mil), Betinho (R$ 300 mil) e para a exceção que é Thiago Potiguar (R$ 3 milhões).

Charles na cartada para decolagem
Charles Guerreiro já está no honroso grupo dos campeões paraenses pelo Paysandu como jogador e como treinador. Além dele, Sandoval Matos, Rafael Bira, Arleto Guedes, Castilho, Osmani, Caim, Dias Renato, Nad e Samuel Cândido (informação do pesquisador Ferreira da Costa). Agora, na Série C, Charles tem a cartada que pode fazer sua decolagem profissional na carreira de técnico.
O título estadual já seria bastante para abrir portas. A ascensão do Paysandu à Série B completaria o impulso que Charles Guerreiro precisa para vôos maiores. Também os jogadores se valorizariam no mercado. E essa é a ambição que move os profissionais do Papão, além do compromisso de honra com o clube. O acesso está muito bem encaminhado, mas além da união e da determinação que já existem de sobra, há necessidade de variação tática. O time bicolor tem jogado numa mesmice em que as atuações individuais de Sandro e principalmente Thigo Potiguar são cada dia mais decisivas. Previsível, assim, o Papão pode correr maiores riscos.
Giba, o que fazer?
O fato de o Vila Aurora jogar com três zagueiros deve ser determinante na escolha do substituto de Gilsinho, no Remo. Se entrar Zé Carlos ao lado de Frontini, o ataque azulino vai perder dinâmica e facilitar todo o trabalho defensivo do adversário. Se a opção de Giba for por Didão, o time ganhará consistência na marcação, mas deverá ficar mais lento do que já está. Betinho é quem mais se aproxima do perfil de Gilsinho, mas o jogo pede versatilidade e intensa movimentação ofensiva dos azulinos. Por isso, a entrada de Helinton parece mais apropriada.
Contra três zagueiros cabem três atacantes e jogadas pelos lados do campo. Helinton se encaixa nas duas situações e tem fôlego para participar ativamente da marcação, assim como Velber auxilia na articulação, enquanto Frontini é a referência de área. Mais um motivo para Giba escalar Helinton é a falta de efetividade ofensiva dos laterais Lima e Marlon. Landu é outra arma de ataque pelas pontas, mas como opção no banco, já que não está apto para 90 minutos.
Domingo, o Remo terá que ser capaz de jogar em velocidade e pelos lados do campo, como forma de abrir a boa defesa do Vila Aurora e ganhar o jogo sem drama.
BAIXINHAS
* Por contenção de custos, o Vila Aurora trazendo apenas 15 jogadores a Belém, e assim mesmo pedindo ajuda para hospedagem, alimentação e transporte. O clube está sendo bancado por um empresário, que já não sabe de onde tirar dinheiro para pagar salários, custos operacionais rotineiros e os custos das viagens nesta Série D. Por isso queria os dois jogos contra o Remo em Belém, já que em Rondonópolis não tem renda.
* Jogadores do Leão estão com discurso pronto, na ponta da língua. Todos dizem que o time azulino vai entrar em campo “ligado”, pressionando, sem deixar o Vila Aurora respirar. Se a prática confirmar o discurso, finalmente a torcida remista vai ter motivo para aplaudir o time que tem.
* Atenção para o futebol do lateral direito Raul, do Vila Aurora. É considerado o melhor jogador do futebol matogrossense, apesar de todo o cartaz de Patrick (ex-Paysandu e Cametá), artilheiro da Série D pelo Mixto com sete gols. Se o Vila Aurora for eliminado em Belém, será o último jogo de Raul pelo time de Rondonópolis.
* Lúcio chega hoje, às 10 horas, para o Paysandu. Mas a vinda de Simão já é incerta. Simão foi oferecido ao Paysandu como volante e lateral esquerdo, mas na realidade é meia e quebra o galho na lateral direita.
* Dos 32 jogadores que compunham o elenco do São Raimundo no início da Série C restam apenas 19. Somente esta semana pediram rescisão de contrato o meia Soares e o atacante Marinélson. O time santareno se despede do campeonato no sábado, contra o Águia, e libera todos os jogadores e comissão técnica na segunda-feira. Atividades serão suspensas por três meses.
* Praticamente rebaixado, de volta à Série D, o São Raimundo está em clima de melancolia. Se não ganhar do Águia, além de confirmar o rebaixamento, vai completar nove jogos sem vitória. A última foi sobre o Ananindeua, no final de abril, por 3 x 2, na Curuzu.
* Giba teve uma única derrota em Belém este ano no comando do Remo. Foi na estreia, em março, para o Cametá, por 1 x 0. Nos 8 jogos seguintes, no Baenão e no Mangueirão, foram seis vitórias e dois empates.
* Fora de Belém, Giba teve derrotas em Marabá para o Águia e em Cametá para o time cametaense, além de quatro empates e uma única vitória, em Santarém, sobre o São Raimundo. Não deixam de ser bons números para um futebol que nunca agradou nem no Parazão nem na Série D, em seis meses de trabalho.
* Defesas menos vazadas da Série D: Operário/PR com três gols, Joinville/SC com quatro; Remo, Vila Aurora e Sampaio Corrêa com cinco. No ataque, porém, Remo e Vila Aurora são apenas razoáveis. O time paraense tem nove e o matogrossense oito gols. Não foi à toa que empataram em 0 x 0 em Rondonópolis.
* Mesmo que o Águia não se classifique na Série C, Felipe Mamão vai continuar disputando o campeonato brasileiro. Há mais de um clube da Série B com proposta para contratá-lo, segundo o procurador do atleta, Emerson Dias.

Fonte: O Liberal, coluna do Jornalista Carlos Ferreira

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