FIQUE POR DENTRO - Curiosidades Reais

Edição: Paulo Henrique
Por Nilson Mesquita

Uma Mucura entrou em casa
Uma grande algazarra tirou toda a casa do marasmo cotidiano, a gritaria era intensa, pensei até que havia acontecido um acidente, a Luna, nossa cadela de estimação corria de um lado para outro, parecendo acuar alguma coisa. Todos correram para ver o que acontecia. De repente, um susto, um animal escuro, pêlos arrepiados, olhos esbugalhados, percebendo-se claramente o desespero no seu olhar. Notei que havia medo também nas pessoas ali presentes, pois o aspecto do animal não era dos melhores. Essa feiúra, na verdade, era sua própria beleza, um paradoxo, a Mucura, era o animal, fazia um barulho estranho quando acuada pela Luna e permanecia espremida de encontro à janela da sala de estar, sem poder se mexer. Mais parecia um rato gigante.
A Mucura, em algumas regiões do Brasil é também conhecida como -  “Gambá (de guaambá, que significa saco vazio, referindo-se ao marsúpio) é um marsupial do porte de um gato. Tem hábitos noturnos e, apesar de ser um animal de movimentos lentos, trepa em árvores com facilidade, usando a cauda preênsil para agarrar-se aos galhos. Alimenta-se principalmente de frutos silvestres, ovos e filhotes de pássaros. Não raramente visita galinheiros, causando imenso estrago.
Quando perseguido, o gambá finge-se de morto ou expele um líquido fétido produzido por glândulas axilares. Na fase do cio, a fêmea também exala esse cheiro forte, facilmente reconhecível.
Quando os filhotes entram na bolsa têm só 1 cm e ficam lá dentro 70 dias, onde se desenvolvem e tem condições de enfrentar a selva.¹”
Afastei a cadela, que desesperada latia instintivamente, imaginando que aquela era a caça do dia, peguei uma vassoura e fui tocando levemente no animal empurrando-o para fora da casa. Lembrei que quando criança o primeiro ímpeto quando víamos um animal silvestre era de matá-lo, simplesmente, sem nenhum motivo e fiquei feliz por ter mudado e me conscientizado de que essa atitude era algo irracional, decadente e retrógrado. Existem atualmente muitos animais silvestres convivendo em área urbana e é necessário que a população seja sempre conscientizada da sua preservação, orientando principalmente as crianças para abolirem a baladeira ou estilingue e aprender que nós é que invadimos seus habitats e precisamos respeitá-los. Após muitos suspiros das mulheres e latidos cada vez mais intensos da Luna a nossa querida visitante Mucura saiu pela porta da cozinha, subiu a grade da área de serviço e sumiu na escuridão do quintal.
Ficamos observando a noite, muitas estrelas salpicavam o céu, a lua iluminava as árvores e ao longe uma sombra passou sobre o muro em disparada, ninguém percebeu, mas vi aqueles olhos grandes e brilhantes me olhando felizes.

¹Lucia Helena Salvetti De Cicco

* Nilson Mesquita é Geólogo, funcionário da CIBRASA, colaborador cultural do Blog do PV, do Portal Capanema e do Jornal Correio.

Quem é a Mucura?
FILO: Chordata
ORDEM: Marsupialia 
FAMÍLIA: Didelphidae 
NOME POPULAR NO BRASIL: Na Amazônia: mucura; na Bahia: suruê ou sarigüê; no Nordeste: cassac ou timbuo; no Mato Grosso e Paraguai: micurê e no resto do Brasil recebe o nome de Gambá
NOME CIENTÍFICO: Didelphis marsupialis 
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: do Canadá ao norte da Argentina. Nrasil, Paraguai, Guianas, Venezuela
HABITAT: Floresta, Campos e Centros urbanos 
HÁBITOS ALIMENTARES: Onívoro 
REPRODUÇÃO: 12-13 dias
ALIMENTAÇÃO: principalmente de frutos silvestres, ovos e filhotes de pássaros
A FÊMEA POSSUI: 12 ou 13 tetas
PESO DO EMBRIÃO AO NASCER: 2g (em torno de 1 cm) e completam seu desenvolvimento na bolsa materna.
Nº DE CRIAS: 3
Nº DE FILHOTES: 10 a 15 por ninhada
PERÍODO DE VIDA: 2 a 4 anos
TAMANHO: Pode atingir 50 cm de comprimento sem contar a cauda, quase do mesmo tamanho.
CARACTERÍSTICAS: Apresenta corpo maciço. pescoço grosso, focinho alongado e pontudo, membros curtos e cauda preênsil, bastante grossa, redonda e afilada, só peluda na base, tendo pequenas escamas revestindo a parte restante.
FÊMEA: A fêmea possui um marsúpio bem desenvolvido, ao contrário de outros da mesma família, que só tem 2 dobras ventrais abertas. 
PELAGEM: a cor da pelagem varia muito, indo do branco (animais velhos) ao negro (animais jovens) e passando por todas as tonalidades de cinzento e bruno intermediárias.
Lucia Helena Salvetti De Cicco

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